• Prólogo

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08 de Março de 2024

A manhã estava nublada e fria, como se o próprio céu compartilhasse o pesar que pairava sobre meu coração. Carina, Lucca e eu caminhávamos silenciosamente em direção ao local do velório, nossos passos desacelerados pela carga de tristeza que carregávamos. O céu cinza ecoava a sombra que se estendia sobre nós.

O vento sussurrava tristezas em meus ouvidos enquanto meus olhos, turvos pela dor, permaneciam fixos no chão molhado pelas lágrimas do céu. Carina segurava minha mão com firmeza, soltava pequenos soluços.  Lucca, pequeno e sensível à atmosfera carregada, caminhava ao lado de Carina, segurando uma pequena rosa branca.

Ao chegarmos, o ambiente estava mergulhado em um silêncio pesado, quebrado apenas pelo som suave da chuva caindo sobre os guarda-chuvas dos presentes. O odor das flores frescas misturava-se ao cheiro da terra molhada, criando uma atmosfera densa de despedida.

Minha respiração tornou-se irregular quando me aproximei do caixão. As memórias inundaram minha mente, um carrossel de momentos preciosos que agora se perdiam na escuridão da perda. Lucca, mesmo tão jovem, compreendia a tristeza no ar e me abraçou forte.

Carina permaneceu ao meu lado, seus olhos refletindo a tristeza que eu conhecia tão bem. Ela não precisava dizer nada; sua presença era um bálsamo, um farol na escuridão que ameaçava me engolir.

Enquanto nos aproximávamos do caixão, amigos se aproximavam, cada um compartilhando palavras de consolo. Lucca, segurando sua rosa branca, oferecia-a ao lado do caixão, um gesto pequeno, mas cheio de simbolismo.
As palavras ditas durante o serviço fúnebre eram como um lamento suave ao vento. Eu tentava manter a compostura, mas cada palavra, cada lembrança compartilhada, perfurava meu coração.

No momento em que a cerimônia chegou ao fim, uma única rosa foi colocada sobre o caixão. Tocar a madeira fria foi como tocar a realidade da perda. As lágrimas, até então contidas, finalmente se libertaram, rolando silenciosamente por minhas bochechas. Carina, com delicadeza, segurou-me nos braços, compartilhando meu luto.

À medida que nos afastávamos do local, o céu começou a abrir-se, como se a chuva tivesse cumprido sua função de lavar nossas tristezas. Eu sabia que a dor da perda não desapareceria completamente, mas, com Carina ao meu lado, havia a promessa de que juntas poderíamos enfrentar qualquer tempestade que a vida lançasse em nosso caminho. Lucca, segurando a mão de Carina, olhava para mim com olhos cheios de compaixão.

Amigos se aproximavam, alguns segurando guarda chuvas que agora se fechavam, como se simbolizassem o término de uma chuva triste. Palavras de conforto eram oferecidas, abraços apertados compartilhados.
O sol, aos poucos, rompia as nuvens, lançando raios de esperança sobre o horizonte sombrio. Nossos amigos permaneceram ao nosso lado, uma rede de apoio que nos lembrava que, mesmo nos dias mais sombrios, não estávamos sozinhas. A vida seguia, e, mesmo na tristeza, encontrávamos consolo no calor humano que nos cercava.

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