• Péssimo momento

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Carina

Ao sair do banho, percebi duas ligações perdidas da Maya e uma mensagem da Andy.

"Vai lá pra estação, por favor, aconteceram algumas coisas."

Nenhuma informação adicional, apenas uma mensagem que deixava meu coração acelerado. As pessoas não entendiam que não se deveria enviar esse tipo de mensagem para uma grávida? Me sequei e me vesti apressadamente com a primeira roupa que encontrei, desci para reabastecer a água e comida do capitão e peguei as chaves do carro.

No caminho, minha mente não parava de funcionar tentando imaginar o que tinha acontecido. "Ela me ligou não faz muito tempo, então provavelmente não foi algo sério. Ela não deve estar machucada." E também, "Se ela estivesse machucada, a Andy não mandaria uma mensagem pedindo para eu ir para a estação."

Com sorte, todos os semáforos estavam a meu favor, e em menos de 30 minutos, cheguei lá. A cozinha estava mergulhada em um silêncio total, Travis isolado em um canto, Vic olhando fixamente para ele, e os outros mantendo expressões desconfortáveis.

— Cadê a Maya? — perguntei, buscando respostas imediatas.

— Na sala do capitão — respondeu Andy.

Agradeci com um olhar e segui até a sala da Maya, que estava com a porta trancada. Bati duas vezes e nada.

Bella... sou eu — sussurrei, e logo ouvi os passos dela se aproximando da porta.

Eu não estava preparada para o estado em que ela estaria quando abrisse a porta; a última vez que a vira assim foi no dia da morte do Emmet. Ela me puxou para dentro da sala, me abraçando com força enquanto eu acariciava seus cabelos.

— Tá tudo bem, tá tudo bem, eu estou aqui — falei, tentando transmitir conforto.

Ela me conduziu até o quarto, e sentamos na cama enquanto ela relatava tudo o que havia acontecido. Eu engoli em seco, tentando encontrar as palavras que diria a ela depois de tudo, mas simplesmente não sabia.

— Eu só quero que eles paguem por tudo — desabafou ela.

— Eles vão pagar, Maya, eles vão — assegurei, buscando acalmar suas preocupações.

— Se ele morrer, vai ser tudo em vão! — exclamou ela, se levantando inquieta.

— Maya, eu sei o que é ter sede de justiça, querer que os culpados paguem, mas as coisas acontecem como devem ser — falei, segurando sua mão.

Ela puxou a mão, esfregou o rosto e sentou-se em silêncio na ponta da cama.

— Não quero discutir — ela disse.

— Eu também não, bambina — respondi carinhosamente.

— Então não vamos conversar — disse ela, não de uma forma grosseira. — Só fica aqui do meu lado.

— Sempre, meu amor — deitei minha cabeça em seu ombro.

Um tempo depois duas batidas na porta atraíram a nossa atenção e Maya levantou rapidamente para atender, fiquei sentada na cama escutando atentamente.

— Boa tarde chefe — ouvi a voz da Maya

— Podemos conversar, Bishop? — a chefe Ross falou

— Claro, podemos sim — ela falou — Quer ir na sua sala?

— Pode ser aqui mesmo — ela disse — Aquela bolsa ali é sua?

Droga, pensei. Tinha deixado a bolsa em cima da mesa da Maya

— É da Carina — Maya disse

— Vamos conversar na minha sala então — a chefe Ross falou

Maya

Assim que adentramos a sala da chefe, suas palavras caíram como um pesado nevoeiro, obscurecendo ainda mais o meu dia.

— Recebemos uma denúncia do motorista no acidente, alegando negligência e atraso no resgate — declarou ela, enquanto eu sentia o peso dessas acusações recaírem sobre mim.

— Negligência? Isso não faz sentido. Nós agimos o mais rápido possível  — respondi, franzindo a testa.

—  Temos algumas testemunhas no local que afirmam o contrário. Elas relatam que você estava visivelmente incapacitada emocionalmente.

— Eu estava emocionalmente abalada, Chefe acredito que você já deve saber o que aconteceu, mas isso não afetou o atendimento da minha equipe. O Capitão Ruiz prontamente pegou o comando e tudo foi feito — tentei explicar.

—  Entendo, Maya. No entanto, precisamos levar isso a sério. A denúncia aponta falhas no atendimento, e temos a obrigação de investigar. — ela disse né olhando com uma expressão cansada.

— Chefe, por favor, compreenda. Eu estava lá, todos nós fizemos o nosso melhor. — falei preocupada, isso não podia estar acontecendo

— Estou ciente da pressão emocional, que o que aconteceu nesse incidente significou tanto pra você quanto para o Montgomery, não estou os julgando. No entanto, para mantermos a integridade da equipe, precisamos esclarecer os fatos.

— Foi um atendimento super rápido, podemos verificar desde que recebemos o chamado até a chegada dele no hospital. — falei tentando não me desesperar.

—  Isso será incluído na investigação, com certeza. Mas, Maya, este é um péssimo momento para algo assim. — ela respirou fundo esfregando a testa.

— Péssimo momento? — perguntei confusa.

— Estamos enfrentando pressões financeiras e a possibilidade de cortar gastos. O fechamento de estações é uma discussão em andamento.

— Fechar estações? Não pode ser agora. — falei sentindo um nó na garganta.

— Infelizmente, é uma realidade que precisamos enfrentar. Precisamos garantir que todas as equipes estejam operando de maneira eficiente e transparente.

— Eu entendo a necessidade de transparência, Chefe Ross, mas eu juro que fizemos tudo o que pudemos naquele acidente.

— Eu sei que fizeram, confio em vocês, mas a investigação não é feita por mim e seguirá seu curso. Precisamos garantir que todos estejam responsáveis por suas ações.

Safe Place II - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora