• Rastreador pt1

754 92 12
                                    

Acordei sentindo uma dor latejante na cabeça e um gosto amargo na boca, como se estivesse saindo de um pesadelo terrível. Quando abri os olhos, a realidade cruel veio de encontro a mim.

— Como você está se sentindo carino? — Gabriella perguntou, preocupada.

Me sentei rapidamente na cama, olhando ao redor com desespero, buscando Maya.

— Onde está a Maya? — minha voz saiu trêmula.

Gabriella suspirou antes de responder, com pesar na voz

— Ela saiu, disse que iria tentar fazer algo.

Uma nova onda de desespero me atingiu, e minhas lágrimas começaram a cair novamente. Foi quando senti mãos pequenas ao redor do meu corpo e o doce cheiro de shampoo infantil.

— Não chora mamãe, a martina vai voltar, eu sinto que sim, que ela logo vai estar com a gente de novo — ele disse.

Beijei sua bochecha molhada pelas minhas lágrimas e sussurrei de volta:

— Eu acredito em você, meu amor.

Uma batida na porta fez meu coração acelerar ainda mais. Gabriella foi atender e trocou algumas palavras com o segurança antes de deixar Andrea entrar no quarto. Ele correu até mim e me envolveu num abraço reconfortante enquanto eu desabava em lágrimas.

Hanno preso mia figlia, il fratellino, mia figlia, è solo una bambina indifesa*... — solucei, repetindo a terrível verdade.

Ele segurou meu rosto com ternura, enxugando minhas lágrimas com os polegares.

— Ei, olha pra mim, calma! Eu acho que posso ajudar a descobrir onde ela está — ele disse com uma confiança que me deixou perplexa.

Olhei incrédula para ele, sem entender como poderia saber. Foi quando ele segurou meu braço, tocando na pulseira que eu usava. Martina tinha uma igual.

Proteggerò sempre la nostra famiglia sorellina** — ele afirmou, com lágrimas nos olhos.

Olhei para ele com os olhos arregalados de surpresa e pânico.

— É um rastreador? — perguntei quase sem conseguir conter a esperança.

Andrea assentiu com um suspiro.

— Sim, mas não é muito eficiente, e não sei se vai funcionar aqui tão distante — ele explicou, com uma expressão preocupada.

Levantei da cama num impulso, sentindo o coração bater descompassado dentro do peito.

— Precisamos ligar para a Maya, e encontrar a polícia, vamos fazer tudo o que for preciso para encontrar a Martina.

Antes que eu pudesse discar o número de Maya, um número desconhecido apareceu na tela do celular e eu reconheci o prefixo de  Milão, naquele instante soube quem era do outro lado da linha, me trazendo uma onda de náusea quase sufocante.

Com mãos trêmulas, atendi a ligação, e a voz que ouvi fez meu sangue gelar nas veias.

— Senti saudades, docinho — ele disse, com um tom sarcástico.

Eu lutei pra manter a voz firme, mesmo que meu coração estivesse gritando de desespero por dentro.

— Onde está minha filha? — perguntei num misto de raiva e desespero.

Ele riu do outro lado da linha, como se estivesse se divertindo com a situação.

— Essa é uma acusação muito grave, minha querida — ele disse, debochado.

— Você não tem o direito de encostar nela! Ela é apenas um bebê, não tem culpa de nada! — berrei, as lágrimas escorrendo pelo rosto.

— Estou tratando ela muito bem, Carina. Você sabe que sempre soube lidar com crianças. — Ele pareceu ignorar minha fúria, respondendo com uma calma perturbadora

— O que você quer de mim?

Ele riu novamente, me fazendo estremecer.

— Ainda estou decidindo o que quero. Só liguei para ouvir sua voz doce — ele disse, antes de continuar: — Não adianta tentar manter a ligação para que a polícia possa rastrear. Eu me preveni contra isso. Adeus, Carina.

E então, desligou a ligação, me deixando atordoada e apavorada.

Gabriella e Andrea me olhavam, confusos e preocupados, enquanto o chefe da segurança entrava no quarto

— Quem era Carina? — Andrea perguntou.

— Era o Giuliano. — eu respondi com a voz trêmula de medo

*Levaram a minha filha irmãozinho, a minha filha ela é só um bebê indefeso.

** Sempre vou proteger nossa família irmãzinha.

Safe Place II - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora