• É assim que você se sente?

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Minha mente foi consumida pela preocupação por esse comportamento em relação à Maya. Lucca sempre foi tão apegado a ela, uma ligação tão forte que era difícil de separar. Então, ver agir de forma tão distante e fria com a própria mãe era alarmante.

- O que aconteceu entre você e a mamãe? Por que você está agindo assim com ela? Me fala, você pode confiar em mim - minha voz tremia ligeiramente, e eu tentava me controlar.

Lucca respirou fundo antes de finalmente contar que estava pesando em seu coração.

- Hoje no almoço, quando vocês saíram da mesa, eu vi uma mensagem no celular da Maya. Ela estava dizendo para a tia Melissa que estava cansada e sem paciência pra gente, que às vezes tinha vontade de sumir só para não aguentar tanta chatice.

Um nó se formou em minha garganta ao ouvir suas palavras. Eu queria negar, encontrar uma explicação alternativa, mas sua expressão séria e magoada deixava claro que ele falava a verdade.

- Você tem certeza do que viu? - perguntei, procurando por qualquer sinal de engano nos seus olhinhos

Ele assentiu, os olhos fixos no chão enquanto as palavras pesavam entre nós.

-Sim, mamãe, a tia Melissa perguntou como estavam as coisas em casa, e a Maya respondeu isso. Eu fiquei triste, mãe. Se ela não quer mais a gente, então eu também não quero mais ela.

O impacto das palavras de Lucca me atingiu como um soco no estômago. Minha mente girava, tentando processar o que isso significava para nossa família. Mas uma coisa era certa: precisávamos conversar. E rápido, pedi para o Lucca ir tomar banho, precisando de um momento para processar tudo o que acabara de descobrir. Minha mente estava turva, uma mistura de confusão e mágoa enquanto eu me dirigia à sala para confrontar Maya.

- Me dê seu celular - minha voz saiu mais ríspida do que eu pretendia.

- O que aconteceu? - Maya franziu a testa, claramente surpresa com minha atitude, mas entregou o celular sem questionar.

Eu sabia que estava sendo grossa, mas não podia adiar essa conversa por mais tempo.
Sem perder tempo, abri a conversa que Lucca havia mencionado e as palavras que saltaram na tela cortaram como uma faca afiada. Minha respiração se tornou difícil, meu coração acelerando com uma mistura de raiva e dor.

- Então é assim que você se sente, Maya? - minha voz tremia de indignação enquanto jogava as palavras dela de volta em seu rosto. - Se está tão insatisfeita com a família, por que não fala abertamente e vai embora, em vez de nos enganar assim?

Maya me encarou, surpresa e confusa diante da minha reação explosiva, e eu mostrei as mensagens pra ela.

- Carina, você está entendendo errado - ela tentou se explicar, mas eu não queria ouvir desculpas.

A ferida estava aberta, e minhas palavras saíam como um desabafo há muito reprimido.

- Não me venha com desculpas, Maya. Eu li o que você escreveu. Se não está feliz aqui, então por que continua fingindo?

Maya soltou uma risada irônica e magoada.

- Carina, isso não é o que você está pensando. Eu estava me referindo à terapia que faço duas vezes por semana com a Diane. Nós apelidamos o consultório dela de "casinha", porque parece uma casa de bonecas.

Uma onda de embaraço e culpa me inundou enquanto as palavras de Maya ecoavam em minha mente. Eu tinha interpretado errado, deixando que minhas próprias inseguranças nublassem meu julgamento.

- Eu... eu entendi errado - minha voz era um sussurro, carregado de arrependimento.

Maya olhou para mim, sua expressão uma mistura de irritação e mágoa.

- Do Lucca eu entendo, ele é uma criança que se confunde mesmo - ela falou - Mas você? Parece que você confia muito pouco em mim, Carina - suas palavras foram um golpe direto ao meu coração, antes que ela subisse as escadas, me deixando sozinha com o peso do meu erro.

Safe Place II - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora