• Doze Horas

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Doze horas.

Doze horas haviam se passado desde que minha filha tinha desaparecido.

Doze horas de agonia, incerteza e desespero.
Uma vez eu disse que que ter um filho era como ter um pedaço do seu coração andando por aí, agora esse pedaço tinha sido arrancado de mim. Cada minuto parecia uma eternidade, eu estava destroçada.

Senti a cabeça da Carina pender sob o meu braço e com delicadeza a movi para o travesseiro, depositando um beijo suave em sua testa. Ela finalmente tinha dormido, e eu esperava que pudesse encontrar paz mesmo que por breves momentos.

— Ela dormiu? — Gabriella sussurrou, se aproximando silenciosamente.

— Sim, finalmente. Tive que dar um calmante para ela. — Suspirei, levantando da cama e calçando os tênis.

Ao alcançar a bolsinha ao lado da cama, peguei o vidrinho de comprimidos, sentindo a dor latejar em minha cabeça.

— Você ainda está com dor de cabeça? — Gabriella indagou, preocupada.

— Sim — respondi, ajustando os tênis. — Onde está o Lucca?

— Ele está dormindo no meu quarto, com seguranças na porta — ela disse me tranquilizando.

— Traz ele pra para cá e reúna todos os seguranças, aqui com vocês — falei levantando.

— O que você vai fazer? — ela questionou, bloqueando minha passagem.

— Me deixa passar, Gabriella — pedi, meu tom sério refletindo minha determinação. — Não posso ficar aqui enquanto minha filha está desaparecida. Não sei onde ela está ou com quem!

— A polícia já está cuidando disso.

— E eu também vou ajudar! — afirmei com firmeza.

— Maya, per l'amor di Dio... — ela começou, mas a interrompi.

— Cuida da Carina e do Lucca por mim? Eu nunca pedi nada a você, por favor! — minha voz implorava, enquanto segurava sua mão.

— Tudo bem — ela concordou, lágrimas nos olhos. — Só se cuida.

— Eu vou. — me inclinei para beijar a testa da Carina novamente. — Eu te amo, meu amor. Vou trazer nossa filha de volta, prometo.

Saí do quarto silenciosamente, fechando a porta com cuidado. Segui em direção ao elevador, acompanhada por um dos seguranças.

— Você pode continuar vigiando o quarto — instruí.

— Eu vou acompanhar a senhora — ele respondeu, seu semblante sério.

— Não é necessário. Estou ordenando que fique lá! — insisti, já perdendo a paciência.

— Desculpe, Senhora Bishop, mas são ordens da DeLuca. — ele explicou. — E também não acredito que você consiga passar pela multidão lá fora sozinha.

Respirei fundo, concordando com o seu argumento , e também sabia que ele não poderia passar por cima de nenhuma ordem da carina. Ao entrar no elevador e apertar o botão do estacionamento, esperava não encontrar nenhum hóspede curioso, já que agora o hotel foi reaberto. Quando as portas se abriram no térreo, porém, me deparei com a Andy.

— Maya! — ela me abraçou, sua expressão muito preocupada. — Sinto muito, sinto muito! Como você está?

— A Carina está dormindo, no quarto com o Lucca e a Gabriella. Eles estão seguros, e você pode ficar lá com eles! Eu volto logo — respondi rapidamente.

— Não, Maya — Andy segurou minha mão. — Eu sou sua melhor amiga. Vim cuidar de você, e não adianta dizer que não.

— Obrigada — aceitei com toda gratidão refletida nos meus olhos marejados.

— Vocês são a nossa família, outros voarão pra cá logo depois do plantão. — ela falou. — O que você pretende fazer? Tem alguma informação nova?

— A polícia conseguiu reunir poucas informações. — suspirei, sentindo a pressão em minha cabeça aumentar. — Sabemos que é um homem que a levou. Ele estava em um carro sem placa, usou documentos falsos do irmão da Gabriella, para entrar no quarto dela e pegar a chave reserva do quarto. Ele sabia o nome de todos os nossos seguranças. Isso foi planejado por meses.

— Estamos indo nos encontrar com a polícia? — Andy perguntou, preocupada.

— Não. Vamos nos encontrar com alguém para uma investigação paralela. Não deixarei isso apenas nas mãos da polícia. — respondi, decidida.

— Você está certa. — Andy concordou, seu apoio me dando forças.

— Só quero que esse pesadelo acabe. — desabafei, sentindo o peso da angústia sobre meus ombros.

Entramos no carro e o segurança nos pediu para  abaixarmos enquanto saíamos do hotel. O caos do lado de fora era palpável, com flashes de câmeras e gritos da imprensa ansiosa por qualquer informação.

Quando nos afastamos um pouco, retomei meu lugar no banco, me sentindo pequena e impotente diante dessa situação.Meu coração pulsava com intensidade, um eco constante da angústia que me dominava.

Estava tentando me manter forte, pela Carina, mas a culpa me corroía por dentro, uma sensação avassaladora que me deixava sem ar. O choro irrompeu de meu peito, uma torrente de emoções transbordando em lágrimas. Andy me envolveu em um abraço acolhedor, e eu me permiti desmoronar me rendendo a fragilidade que me consumia.

— Tá tudo bem Maya, tá tudo bem! Você pode chorar agora, eu estou aqui.

Safe Place II - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora