• Ninguém vai morrer aqui hoje

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Acordei com a sensação de uma mãozinha pequena, mas surpreendentemente forte, agarrada à gola da minha blusa, e um sorriso iluminou meu rosto antes mesmo de abrir os olhos. A cama pequena da estação se transformava no lugar mais aconchegante do mundo na presença das duas mulheres mais importantes da minha vida.

Bambina — sussurrou a voz suave de Carina — Tem certeza de que não vai causar problemas a gente estar aqui?

— Relaxa, amor — respondi, sorrindo — A chefe Ross finge não saber que vocês estão aqui, e ela também concordou que foi errado não adiantarem minhas férias para ficar com vocês.

— Nosso primeiro Natal com a família completa — ela sorriu radiante.

— Pena que estou de plantão — suspirei.

— Que acaba em menos de 06 horas, e vamos buscar o nosso filhote para aproveitar um almoço de Natal especial — ela respondeu, animada.

— Que bom que... — antes de continuar, o alarme soou, interrompendo meu pensamento. — Eu estava prestes a dizer que a noite estava tranquila — comentei, sentando na cama.

Vesti rapidamente calça e tênis, deixando um beijo nas duas.

— A gente te ama, mamãe — Carina sorriu — Vai com cuidado.

— Eu amo vocês duas. Jajá eu volto.

Desci apressadamente para o galpão dos caminhões, terminando de vestir o uniforme antes entrar no banco da frente.

— Incêndio numa madeireira, lá no lago — Andy falou.

— Que droga — suspirei — Vai demorar horas.

— Quem te viu, quem te vê — Andy riu.

A cena estava caótica quando chegamos à madeireira em chamas. Grandes vigas e troncos desabavam dos pisos superiores do galpão, deslizando descontroladamente pelo local, criando um espetáculo perigoso e desafiador. Meu olhar se fixou na devastação, mas meu treinamento e instintos agiram rapidamente

— Herrera, você foca a mangueira no lado leste. Hughes, no lado sul. Gibson e Montgomery, se concentrem na entrada principal e vejam se não há mais vitimas. Miller e Sullivan , vocês vão para o segundo piso — ordenei rapidamente, delegando responsabilidades enquanto o caos se desenrolava diante de nós.

Os bombeiros se dispersaram, se movendo com agilidade e determinação. Eu permanecia na entrada, observando a equipe distribuir extintores e mangueiras, cada um cumprindo sua tarefa designada. Ben ficou na triagem de feridos, atendendo os vigias do local e pronto para lidar com mais possíveis vítimas.

No entanto, a situação se agravou quando percebemos que os pisos superiores começaram a ceder, fazendo com que as grandes vigas e troncos desabassem em uma coreografia caótica.

A tensão no ar aumentou a medida que eu chamava a equipe nos rádios, ansiosa por uma resposta que não vinha. O som estridente do aparelho ecoava no vazio, enquanto eu tentava manter a calma.

— Herrera, responda. Hughes, Montgomery, Gibson! Alguém, por favor, responda! Miller, Sullivan — chamei, a preocupação marcando cada palavra.

O silêncio persistia, se tornando quase ensurdecedor. Olhei para Ben, compartilhando minha inquietação.

— Vamos entrar, Ben. Precisamos achar eles.

Avançamos para o interior do galpão, nossos passos ecoando em meio ao caos. O fogo consumia completamente o local enquanto barulho de madeira caindo chamava nossa atenção.

— Capitã — A voz ofegante do Gibson chamou no rádio — Encontramos duas vítimas estamos indo para saída, eu e o Montgomery.

— Vocês encontraram o resto da equipe? — perguntei.

Safe Place II - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora