• Sortuda

900 96 20
                                    

Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa, a ligação da Amélia acendeu na tela.

— Maya! Graças a Deus — ela disse assim que atendi.

— Amélia, o que aconteceu? — perguntei preocupada, atraindo a atenção de todos ao meu redor.

— Você precisa vir para o Grey Sloan agora, a Carina está aqui, e a Martina vai nascer.

— O que? Mas como... Como, eu tô indo — falei, sentindo a urgência tomar conta de mim.

— O mais rápido que você puder — ela disse.

— O que aconteceu? — Andy perguntou.

— A Martina vai nascer, não sei como... A Carina tá aqui no Grey Sloan.

— Mas ainda não falta um tempo? — Vic perguntou.

— Não sei! — quase gritei — Não tô entendendo mais nada, eu só preciso ir pra lá.

— Vem — Ben puxou meu braço — Eu vou te levar lá, na ambulância.

Eles falavam coisas para mim, mas eu não ouvia nada enquanto descia para a ambulância; minha mente só estava na minha filha nascendo antes da hora.

O caminho até o hospital era um borrão de pensamentos e preocupações. Chegando ao Grey Sloan, corri para dentro, ignorando qualquer barreira no meu caminho. Uma enfermeira tentou me impedir, mas meu desespero falou mais alto.

— Por favor, preciso entrar! Eu sou a capitã dos bombeiros, minha esposa está lá dentro! — Eu implorava, sentindo o desespero pulsar em minhas palavras.

Amélia apareceu, trazendo um sopro de alívio.

— Deixe ela passar, por favor. Ela é a esposa da paciente. — Amélia falou pra enfermeira, liberando meu caminho.

— Desculpa Dra Shepherd — a enfermeira disse.

Enquanto Amélia me ajudava a me preparar para entrar na sala de cirurgia, minha mente estava uma confusão de pensamentos. Ao entrar na sala, tudo parecia mais estranho ainda e vi que algo estava errado vendo Carina desacordada. Fui até ela rapidamente e beijei sua testa, eu não podia perder a minha mulher , eu não podia, levantei a cabeça buscando respostas nos olhos de Addison, e suas palavras trouxeram um alívio momentâneo.

— Ela está bem, apenas anestesiada. Precisamos garantir um parto seguro para Martina.

No entanto, um movimento ao canto da sala roubou minha atenção. Arizona, com dedos delicados, realizava massagens cardíacas no pequeno peito de um bebê... A minha bebê.

Minhas pernas vacilaram por um momento, porque ela estava fazendo isso? Porque ela não chorava?

O choro alto e fino que se seguiu encheu a sala, aquecendo meu coração e trouxe uma mistura intensa de emoções, desde o medo até a alegria avassaladora. O olhar da Arizona cruzou os meus enquanto eu me aproximava dela.

— Ela está bem? — perguntei num fio de voz.

— O melhor possível para quem nasceu algumas semanas antes da hora — ela sorriu para mim.

Eu me abaixei na mesa observando cada detalhe dela, o corpinho tão pequeno e frágil parecia não ter cabelo, mas eu podia enxergar que embaixo de todo aquele sangue tinha fiozinhos loiros.

— Ela é perfeita — eu sussurrei e fiquei confusa ao ver o interno tentar empurrar a maca — Ei pra onde vão levar ela?

— Precisamos levar ela para fazer os exames, vai sair rápido — Arizona disse.

— Eu vou junto — falei, mas travei olhando pra trás e vendo Carina imóvel naquela mesa.

— Pode ir Bishop — Amélia falou — Eu vou ficar com ela.

— Ela tá mesmo bem? — perguntei pra Addison.

— Pressão estável, batimentos normais! Sua esposa está ótima, Maya — ela respondeu e eu respirei aliviado.

Minhas pernas ainda vacilavam enquanto eu acompanhava a Robbins com a minha bebê para os exames pós-nascimento. A confusão de sentimentos explodia dentro de mim, uma mistura agridoce de amor, medo e preocupação. Cada passo parecia um equilíbrio delicado entre a alegria de ter Martina nos meus braços e o receio do que ainda estava por vir.

Arizona sorria enquanto realizava os exames na nossa pequena, e eu não conseguia evitar achar aquilo desconfortável.

— Os exames não machucam, certo? Ela não está com frio? — indaguei, observando cada movimento.

— Maya, fique tranquila. Estamos cuidando bem dela, os exames são rotineiros e necessários — respondeu Arizona, mantendo a calma que eu lutava para encontrar.

Ela me obrigou a voltar para o quarto enquanto levava Martina para um exame onde eu não poderia entrar, assim que cheguei  vi que Carina já estava lá ainda sob os efeitos da anestesia, e Addison checava ela mais uma vez.

— Ela não deveria ter acordado? — perguntei preocupada.

— Ela está mesmo bem, Maya. Vai precisar de descanso, mas tudo está sob controle — explicou Addison, aliviando meu coração.

Addison terminou a checagem e assim que abriu a porta pra sair Arizona entrou empurrando o carrinho de cilindro transparente com uma cobertorzinho rosa dentro.

— Olha quem já está de volta pras mamães — ela sorriu — O pulmão então nem se fala — ela disse se referindo ao choro dela

Ela disse mais algumas coisas que eu juro que não entendi porque só prestava atenção nas mãozinhas para fora do cobertor, assim que ela saiu eu me aproximei tentando encontrar um jeito de pegar ela o mais delicado possível, e logo estava com a minha filha nos braços.

Ela era realmente linda, as bochechinhas cheias e rosadas, o narizinho perfeito e a boquinha em formato de coração, o cabelo e a sobrancelha quase não se via de tão loiros que era e o cílios então nem se fala, segurei sua mãozinha contando cada dedinho frágil, quando uma gota caiu na sua roupinha e eu percebi que estava chorando.

— Ei meu amor — eu sussurrei — Você achou de chegar mas nem imagina o quanto eu te amo, nem consigo acreditar que você é minha, você é perfeita demais, eu prometo pra você que vou fazer o possível pra ser a melhor mãe do mundo pra você eu juro, você já deve saber que eu sou um desastre ambulante mas tenho certeza que você veio a esse mundo pra nós salvar, além de tudo tem um anjinho lá no céu pra cuidar de você, e você tem o nome dele sabia? você é sortuda demais Martina.

Safe Place II - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora