• Dia do filho na estação

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Carina

— Que casa silenciosa — falei enquanto Amélia abria a porta pra mim

— As crianças na escola, os adultos no hospital e o scout dormindo só sobrou eu os meus pensamentos

— Que perigo te deixar pensando demais — falei

— E você tá fazendo aqui tão cedo porque? — ela perguntou enquanto eu me jogava no sofá

— To muito irritada com a Maya

— Isso não é cotidiano?? — Amélia perguntou e eu revirei os olhos

— Você acredita que ela tem uma arma em casa??? Além disso, nunca me falou?

— Uma arma de verdade??

— Não Amélia, estou surtando por causa  arminha de sabão

— Vou te perdoar só por causa dos seus hormônios — ela disse beliscando meu braço — Mas você encontrou assim do nada?

— No cofre — falei

— Tá, então não é de todo mal

— Como não Amélia??? Uma arma, é perigoso, sabia?

— Sim, não sou tão burra assim — ela disse — Mas se estava trancada fora do alcance e ela não está te ameaçando de morte, não acho que seja um grande problema. Muitas pessoas tem em casa

— Eu odeio armas, odeio muito

— Talvez por isso que ela não te contou — Amélia disse

— Amélia, eu vim aqui pra ser compreendida não pra defender a Maya

— Não estou defendendo a Maya, Carina — ela riu — Estou pensando pelo ponto de vista dela, não adianta nada eu ficar colocando fogo pra você brigar com a sua esposa! Se eu tivesse mínima chance com ela, eu até pensaria em fazer isso

chiudi la bocca, stupidafalei e ela riu

— Mas é sério Cá, você conversou com ela sobre? Entendeu os motivos ou só surtou?

— Ela me disse que já se arrependeu, que comprou após a morte do Emmet, que ficou com medo e paranóica

— Bem compreensível

— Eu entendo isso, mas ela deveria ter conversado comigo... O que estava sentindo pra nós resolvermos isso de outra forma mais saudável

— Mas a forma que ela achou melhor de resolver foi essa amiga — ela segurou minha mão — Sei que você ama ela, sente a dor dela, quer cuidar e proteger. Mas o irmão dela foi assassinado na frente dela, ela sentiu os impactos dos tiros, ficou com o sangue dele grudado na pele. Ninguém nunca vai ter noção do que passou na cabeça dela e sendo bem sincera eu acho que ela passou por esse luto muito bem, eu teria surtado

— Sim — falei concordando com ela

— Então tenta não julgar a forma que ela passou por isso, conversa diz que você não acha a melhor escolha mas se ela ainda estiver se sentindo em perigo você pode pensar em outras formas de terem mais segurança

— Não acredito que estou ouvindo lição de moral sua — falei deitando no sofá e abraçando a almofada

— Posso não ter muito juízo, mas entendo como funciona cabeças diferentes

— Cabeças malucas né? — falei — A sua e a dela

— Por isso que você nos ama — ela disse

— Acho que estou no ramo errado — falei — Vou mudar pra psiquiatria

Nós duas fomos interrompidas pelo choro fino do scout e eu sorri enquanto Amélia levantava pra pegar o bebê no carrinho no canto da sala

— Oi meu amor, a sua vaca leiteira já está indo

— Não fala assim com ele — falei — Tem que ser carinhosa

— Minha forma de amor é essa — ela falou

Amélia sentou do meu lado novamente pra amamentar o pequeno scout. Segurei os seus pezinhos redondos pensando que logo seria os da minha bebê aqui, ele abriu os olhos olhando ao redor e eu comecei a observar ele bem, com os traços menos de recém nascido

— Amélia — falei — Porque o seu filho é a cara da minha esposa????

Maya

— Mamãe — Lucca começou a falar quando estacionei o carro na estação — A mamãe Carina não vai ficar brava por eu ter faltado a aula e estar aqui com você?

— A mamãe Carina já estava brava comigo — falei — Não vai mudar muita coisa

— Mas também não podemos exagerar né — ele disse e eu ri

— Vamos dizer que hoje é dia do filho na estação

— Isso existe? — ele perguntou saindo do carro atrás de mim

— Eu sou a capitã, acabei de inventar — falei

Non capisco, a voi adulti sembra che piaccia litigare — ele disse balançando a cabeça

— Você é igualzinho a sua mãe — falei bagunçando o cabelo dele

— Ela me diz o mesmo sabia? — ele falou rindo

Entramos na estação o óbvio que o Lucca foi a sensação do momento, eu ficava muito feliz em como o meu filho era amado e bem cuidado pelos meus amigos tinha uma pontinha de ciúmes mas tentava ignorar

— Capitã eu quero ficar no atendimento hoje — Vic disse levantando a mão enquanto estava com o Lucca nas suas costas

— Vou ter que trazer o Lucca todos os dias pra cá pra vocês quererem ficar na estação né? — falei e eles riram

— Não teve aula hoje ou resolveu matar? — Andy perguntou pra ele

— As mamães brigaram e a mamãe Maya me trouxe pra cá de pirraça — Lucca falou

— Lucca!!! — reclamei com ele

— Você não me pediu segredo mamãe — ele disse rindo

— A Maya gosta de irritar a Carina sabia Lucca? — Travis falou — Ela gosta da reconciliação

— Porque? — ele perguntou inocente

— Por nada Lucca, por nada — falei — Cala a boca Montgomery




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