Sixty-seven

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    Deitada no sofá, teorizei mentalmente o que havia acontecido horas atrás. Assim que chegamos, Izana se trancou no quarto e não quis sair, nem conversar. Bati na porta várias vezes e tentei convencê-lo a me contar o que estava acontecendo, mas não houve resposta.

Estranhei o comportamento do homem e confesso que estou assustada, pois, para Izana sentir medo daquele cara, com certeza é alguém perigoso — até mais que Big Daddy, já que Izana não mostrou medo momento algum ao se enfiar nessa missão maluca. Queria saber o que está acontecendo, pois eu posso estar em uma encrenca ainda maior, apenas por ser acompanhante do garoto, e não estou sabendo.

A imagem daquele velho ainda me vem na cabeça, ele não me parece estranho.

Cabelo longo e branco, pelo que enxerguei sua pele é bronzeada como a de...

Me sentei rapidamente, quando uma memória passada invadiu minha cabeça. Agora eu acho que sei quem é.

"Você o conhece? É o meu filho".

— O pai de Izana... – Sussurrei para mim mesma.

Agora fudeu tudo!

Se aquele homem for mesmo o pai de Izana e ele quiser fazer alguma maldade com o filho — caso ele queira se vingar de algo que Izana fez, como anos atrás —, eu vou acabar sobrando também.

— Mas que merda!

Me levanto e vou diretamente para o quarto onde Izana está trancado, disposta a tirar minhas dúvidas. Bati na porta com força, chamando-o pelo nome. Ele não respondeu, julgando pelo horário talvez esteja dormindo.

Pensando nessa possibilidade, voltei para o sofá, mas prometendo a mim mesma que, assim que amanhecer, vou procurar saber direitinho tudo sobre essa confusão com o pai dele. Isso não seria de minha conta, mas virou quando eu decidi acompanhá-lo nessa missão. Eu preciso saber dos riscos.

Me deitei para dormir, mas sabia que não conseguiria pois minha cabeça não ia deixar.

E assim foi.

Passei a noite toda em claro, pensando. Voltei para o quarto e bati na madeira outra vez, gritando o homem, mas nada de ele me atender. Infelizmente, não faço ideia se ele está acordado, se eu soubesse tentaria tirar informações daqui de fora mesmo. Mas esse imbecil não mostrou sinais de vida.

— Izana! – Chamo, dando socos na porta. – Abre esse caralho, eu quero conversar com você!

Nada de ele responder. Meu celular tá preso lá com ele, para piorar a situação.

Bati com mais força.

— Izana, abre essa merda! – Aumento o tom da voz, já sem paciência. – A porra do meu celular tá aí dentro!

Parece que essa foi a frase-chave para eu conseguir ouvir, pelo menos, o barulho de algo caindo. Só tem ele no quarto, só pode está acordado. Continuei distribuindo tapas e socos na porta até finalmente ouvi-lá ser destrancada. Izana abriu só um pouco e passou um braço para o lado de fora, meu celular em sua mão.

— Eu quero conversar com você. – Digo, colocando meu braço para o lado de dentro, para que ele não consiga fechar a porta.

Meu medo é esse babaca bater a porta no meu pobre braço e acabar quebrando.

— Segura logo o celular. – Ele manda, quase soltando o aparelho no chão.

Assustada com a possibilidade de meu celular cair no chão e quebrar — o que não seria difícil, porque o coitado está só os pedaços —, tirei o braço da abertura que a porta deu e segurei o aparelho com as duas mãos, quando ele estava à um segundo de estraçalhar no chão. Foi o tempo perfeito para o capeta bater a porta na minha cara, com toda grosseria do mundo. Levantei o olhar, incrédula.

𝙊𝘽𝙎𝙀𝙎𝙎𝙀𝘿 𝘽𝙊𝙔; Izana Kurokawa  Onde histórias criam vida. Descubra agora