Seventy

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— Por que você tem tanto medo do seu pai? – Questiono, olhando para ele, que está sentado na tampa do vaso sanitário, seus antebraços nas coxas e a cabeça baixa. – O que ele te fez?

Logo de início eu achei que ele não responderia, pois ficou silêncio após minhas perguntas. Mas, logo ele responde:

Tudo.

— O que seria "tudo"? – Indago, me encostando no batente da porta. Ele parece não querer responder minha pergunta. – Pode falar para mim, eu prometo que não conto para ninguém. Ficará entre eu e você, pode confiar.

Izana suspira alto, antes de me responder.

— Não tenho medo, eu só não gosto dele. – Levantou, seus olhos foram nos meus. – Só isso.

Ele passa por mim, virei meu rosto para olhá-lo de costas.

— Sabe... – Ando atrás dele. – eu também não gosto do meu pai, tenho medo dele.

Conto, para que ele se sinta à vontade e conte sua história com o pai para mim. Estou ardendo em curiosidade.

Izana se senta na cama, seu olhar curioso vem em mim.

— Por quê?

— Ele traiu minha mãe e era agressivo com ela. – Disse apenas um porcento, não conseguiria contar mais.

— Aquele velhote? – Sua sobrancelha levanta, ele parece duvidar.

— Quem vê cara, não vê coração. – Forcei um sorriso. – Acho que todos que conhecem Hayato, de primeira vista imagina que seja um homem bom. Mas, ele não é!

— Ele fez algum mal à você? – Pergunta de imediato.

— Não. – Menti na cara dura. – Mas fez à minha mãe!

Me sento no lado direito da cama, meu corpo virado para a grande janela panorâmica com vista da Las Vegas strip. Ficamos em silêncio por um tempo, mas eu ainda tenho esperança de que Izana vá me contar tudo o que quero saber.

— Minha mãe morreu em um acidente e a culpa foi daquele cara. – Virei meu rosto para olhá-lo. – Depois ele me abandonou na casa de uma vadia que ele conheceu, eu tinha dois anos. Eu passei pelo inferno por causa daquele filho da puta, agora, depois de anos, ele volta para tentar resolver as coisas.

— Caramba... sinto muito. – Digo, comovida.

— Não precisa sentir. – Ele riu baixinho, mas dava para perceber a tristeza.

Eu nunca iria imaginar algo assim sobre a vida de Izana.

— Posso te fazer outra pergunta? – Pergunto e então ele me olha.

— Faça.

— Por que pessoas próximas à você não sabem que seu pai está vivo? – Questiono.

— A mulher que me criou, por alguns anos, disse que meu pai tinha morrido. Quando fui adotado pelo o Shin, contei isso a ele, já que foi a informação que aquela vadia me deu-

— Você foi adotado pelo Shinichiro? Essa mulher que cuidou de você morreu? – Pergunto, cortando sua fala.

— Seria bom se tivesse morrido! –Ele parece irritado ao falar, seu rosto se vira e cortamos o contato visual. – Mas, não foi isso que aconteceu. Karen me abandonou em um orfanato.

— Que horror! – Me espanto.

— Voltando a sua outra pergunta... – Volta a contar. – Descobri que meu pai, se é que posso chamá-lo assim, estava vivo há poucos anos, mas foi tão decepcionante que preferi esconder de todos.

𝙊𝘽𝙎𝙀𝙎𝙎𝙀𝘿 𝘽𝙊𝙔; Izana Kurokawa  Onde histórias criam vida. Descubra agora