Sixty-nine

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      Ando pela calçada, minhas mãos estão dentro do meu casaco moletom, em meus ouvidos 13 beaches de Lana Del Rey soa através dos fones sem fio. Minha mente está em Bruce, no possível desaparecimento dele.

Sei que não deveria ocupar minha cabeça com isso, mas acaba sendo impossível não pensar, pelo menos, uma vez por dia. Me xingo inteira por esse motivo.

Sou burra por me preocupar por uma pessoa que nunca fez o mesmo por mim. Estou sendo idiota por ainda lembrar de momentos felizes do passado, mesmo sabendo que foi tudo uma mentira. Sim, eu sei o qual otária eu estou sendo.

Mas, eu não consigo parar!

Sinto algo molhado escorrendo pelas minhas bochechas, só então percebo que acabei me emocionando demais. Suspirei, tentando me controlar. Algumas pessoas, que passam, olham para mim e acabo por ficar envergonhada.

Respirei fundo, secando as lágrimas com as mãos. Estava voltando ao normal e a música Cola, da mesma cantora, colaborou com isso. Rapidinho estava leve de novo.

Encontrei uma lanchonete e entrei nela, minha barriga reclama de fome. Dentro do estabelecimento, uma mulher — diria que tem uns quarenta e pouco anos — vem em minha direção, sorrindo. Ela para, falando alguma coisa que não consegui entender nem depois que tirei os fones do ouvido.

— Eu não consigo te entender. – Falo para ela, gesticulando, pois não sei se ela fala minha língua.

A mulher balança a cabeça positivamente, ainda sorrindo. Se virou e gritou algo. Em curto tempo, uma jovem loira caminha em nossa direção, com uma bandeja nas mãos. As duas conversaram, depois a senhora saiu.

— Boa noite. – Ela disse, me olhando. Um sorriso se formou em sua boca pintada de vermelho. – Vou pegar um cardápio para você, enquanto isso pode escolher um lugar para se sentar. Fique à vontade!

— Boa noite. – Devolvo o sorriso. – Obrigada.

Segui para uma mesa perto da janela, ao lado de fora consigo ver alguns carros parados no estacionamento da lanchonete. O lugar não está muito cheio, porém, não tão vazio.

Me sentei no banco estofado com encosto, voltando a colocar os fones de ouvido. Agora toca That's What I Like de Bruno Mars, retiro o celular do bolso para mexer enquanto espero a mulher chegar.

Um tempo depois vejo-a se aproximar e retiro os fones.

— Desculpe a demora. – Disse ela, colocando o cardápio em cima da mesa de madeira. – Aqui está.

— Muito obrigada. – Agradeci, logo tratando de procurar algo para comer.

Fiz meu pedido e esperei ela trazer, enquanto não chegava, conversava com Kei pelo celular. Acabei por me lembrar — graças a ele — que deixei os gatinhos na casa de Hayato. Uma culpa imensa me atingiu por ser tão descuidada ao ponto de esquecer os nenéns. Onde eu estava com a cabeça?

Kei disse que iria buscá-los na casa de Hayato. Não sei se eu fico preocupada, ou aliviada, mas de qualquer forma não tem como eu impedir, Kei não me daria ouvidos. E, também, se ninguém buscar os gatos corre o risco de morrerem de fome, pois Hayato não daria comida.

— Aqui. – Me assustei com a chegada da mulher, eu estava concentrada no celular. Ela riu. – Te assustei?

— Eu estava distraída. – Levantei o celular, rindo de vergonha. – Obrigada.

— Bom... quer companhia? – Pergunta, não esperando eu responder e já se sentando no banco de frente para o meu. Ela tem um sorriso aberto. – É que eu quero me livrar de mais trabalho e, se minha chefe ver que estou fazendo companhia à um cliente, pode ser que me dê um tempo. Acredita que estou trabalhando igual condenada o dia todo? Até agora não almocei, por causa daquela velha.

𝙊𝘽𝙎𝙀𝙎𝙎𝙀𝘿 𝘽𝙊𝙔; Izana Kurokawa  Onde histórias criam vida. Descubra agora