CAPÍTULO 1

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Oi!
Se leram a sinopse dessa história já sabem que vou tentar 'esconder' de vocês a nossa protagonista. Espero conseguir, mas serão apenas alguns capítulos, depois a história vai engrenar. Obrigada por ainda terem paciência comigo e Bora!

Candid se sentou na lanchonete, aquela cidade estava logo na divisa da Califórnia com o Oregon, bem longe da Reserva. A lanchonete estava cheia, era a hora em que os filhotes humanos saiam das escolas e iam, com seus pais ou em grupos barulhentos comerem alguma coisa.
O barulho estava incomodando os ouvidos dele, já estava escurecendo e seus óculos escuros começariam a chamar a atenção.
Mas não demorou muito e Max adentrou o lugar manobrando sua cadeira de rodas com as mãos. Ele veio até a mesa de Candid, fez sinal para a garçonete, ela veio, ele pediu o especial da casa com um sorriso tímido. A garçonete olhou bem para Candid e talvez o Candid de antes poderia sorrir para ela, mas não era o caso. Ele tinha um objetivo e esse objetivo era filhotinho teimoso totalmente disfarçado de humano a sua frente.
"É um bom disfarce." Candid começou ele olhou em volta. Ele usava lentes castanhas e óculos de grau.
"Não dói, ou embaça a sua visão?" Candid perguntou. Ele nunca teve dificuldade de conversar com filhotes, mas aí estava, ele não sabia o que dizer.
"Eu só vim por que eu quero deixar bem claro que eu não quero ir para a Reserva. Eu só vim te dizer isso." Ele disse e mesmo com a cabeça raspada e os cabelos pintados de preto, os óculos, as lentes, ainda assim os traços de Candid estavam lá. O mesmo nariz, a mesma boca, o mesmo queixo. As sobrancelhas, o puxado dos olhos. Era como se ver quando era pequeno, ou melhor, era como ver Honest depois de ganhar a liderança. Direto, objetivo. Candid pensou com tristeza no por quê Max era tão frio assim e definitivamente a culpa era dele.
"Eu sei que eu deveria esperar, é o que Sim e Hon dizem, mas eu não sei ficar de braços cruzados. Eu preciso te contar minha versão dos fatos."
"Você queria evitar que ela morresse. Isso não faz diferença para mim." Ele disse, a garçonete trouxe a comida, ele começou a comer ignorando Candid.
" Eu só estou preocupado com sua segurança." Candid disse.
"Você só me achou por que eu permiti. Depois de hoje eu vou sumir de novo, então não se preocupe. Na verdade, estar aqui com você é que me coloca em risco." Ele disse e tomou todo seu refrigerante, Candid comeu o que a garçonete trouxe sem sentir o gosto.
Como fazer aquele pestinha mudar de idéia? Candid pensou. Talvez simplesmente pegá-lo e correr com ele em sua velocidade máxima? Ou deixá-lo ir e seguí-lo?
A segunda opção era a melhor, então quando Candid terminou ele resolveu usar um pouco do que estudou e disse:
"Ok, Max. Minha consciência está tranquila agora. Eu vim até esse fim de mundo da porra, você não quer ir comigo para a Reserva. Eu me dou por vencido." Ele disse, Max sorriu.
"Psicologia reversa? Isso já funcionou alguma vez?"
"Não sei, eu só fui sincero. Eu queria olhar nos seus olhos e ver se haveria alguma chance de me explicar, mas você não quer ouvir, por que eu iria perder meu tempo?" Ele disse e se recostou. A expressão vazia de Max continuou.
"Você está dizendo que não se importa, mas não foi embora. Está perdendo seu tempo." Ele disse, Candid se levantou, colocou dinheiro na mesa e saiu. Ele tinha de se afastar, ir para o carro que o tinha trazido ali, mas algo lhe dizia que não fosse.
Ele parou a frente do carro, dava para vigiar a saída da lanchonete dali. Ele tinha vasculhado a lanchonete antes, não havia outra saída ainda mais com aquela cadeira de rodas.
Candid esperou por dez minutos, Max não saiu, ele disse um palavrão e voltou. Max continuava lá, ele iria se oferecer para levá-lo em casa.
Mas ele não viu Max quando entrou. Ele inspirou e constatou que não havia nenhum cheiro de Max ali. Ele perguntou para a garçonete, ela o encarou.
"O filhote, quer dizer, o menino que conversou comigo, o da cadeira de rodas, você o viu sair?"
"Cadeira de rodas? Que cadeira de rodas?" Ela perguntou olhando para Candid com admiração como se ele tivesse acabado de entrar.
Mas filhotes em cadeiras de rodas não sumiam do nada e por mais que ele fez alguma coisa com a garçonete, ele não poderia desaparecer, ele devia ainda estar ali.
Candid inspirou, era como se o pestinha nunca tivesse pisado ali.
Ele foi até uma mesa, uma onde uma mãe cortava o hambúrguer para seu filhotinho e perguntou:
"A senhora viu um filho... Um garotinho numa cadeira de rodas? De cabelo bem raspado, bem curtinho e que usava óculos?" A humana o encarou e balançou a cabeça dizendo que não.
Candid fez a mesma pergunta em mais três mesas, na última o pai se levantou e se esticou, mostrando que ele estava os incomodando.
"Está falando do garoto que foi ao banheiro?" Uma humana perguntou, Candid se sentou à mesa dela, uma vez que ela estava sozinha.
"Você o viu?" Ele perguntou.
"Sim. Eu pensei em me oferecer para ajudá-lo, mas poderia pegar mal, então..." Ela sorriu, Candid viu que ela usava uma maquiagem bem pesada, nada demais, mas seus olhos davam a impressão de ser uma pessoa simples, suas roupas eram simples, seu cabelo cacheado estava preso no alto da cabeça com uma presilha, uma que não tinha sido feita para um cabelo tão volumoso, um vento mais forte poderia fazer seu cabelo se soltar. Nada combinava com a base pesada, o delineador, os cílios postiços e o batom de cor forte.
Candid agradeceu e foi até o banheiro, só para encontrar a cadeira de rodas de Max largada lá e a janela aberta. E ele ficou dez minutos lá fora e pelo menos uns vinte indo de mesa em mesa perguntando por ele. Que porra!
E ainda não estava sentindo o cheiro de Max.
Quando eles conversaram, o cheiro de Max, um odor quase idêntico ao dele, Candid, lhe enchia as narinas. Candid se inundou naquele cheiro, pois já pensava que teria de seguí-lo. Mas agora, Candid inspirava audívelmente e nada. Só o cheiro dos humanos, da comida, dos perfumes, dos banheiros e por aí ia. Nada do cheiro de Max!
A humana tomava um chá gelado e lia um livro, da série dos bastardos do duque, Candid pensou no quanto as pessoas gostavam de história bobocas.
"Minha mãe tem essa coleção." Ele disse se sentando novamente.
"Onde está o menininho?" Ela soltou o livro e encarou Candid. Seus olhos tinham um bonito tom de marrom, eram da cor de café bem forte, quando se colocava o copo contra a luz. Candid fez uma careta, que idiotice era aquela, por que alguém iria colocar um copo de café contra a luz?
Ele olhou para o copo dela e viu de onde o pensamento veio, o copo recebia luz da janela a qual a mesa estava encostada.
"Ele fugiu." Candid disse depois que ela ergueu as sobrancelhas com a falta de resposta dele.
"Por que ele fugiria de você? E como ele faria isso estando numa cadeira de rodas?" Ela perguntou, Candid suspirou. Max tinha escapado. O gosto da perda de tempo em ter ido naquele fim de mundo era amargo, ruim.
"A cadeira de rodas está no banheiro. Ele pulou a janela." Candid disse, a humana o encarou com seriedade.
"Está dizendo que aquele garotinho estava fingindo usar uma cadeira de rodas?"
Candid assentiu, ela ainda tinha um ar incrédulo no rosto, mas acabou por dar de ombros e voltar para seu livro.
Candid tinha de ir embora, não, ele tinha de tentar rastrear Max pelo cheiro, mas se não sentia o cheiro de Max ali onde ele ficou por alguns minutos, ele não o sentiria na rua.
"Candid." Ele disse e sorriu para a humana. Daria trabalho tirar toda aquela maquiagem, mas pelo menos seria uma coisa nova.
"Darcy." Ela disse.
Candid esperou ela dizer algo sobre seu nome, mas ela não disse nada, ficou passando as páginas devagar, às vezes ela ria levemente, Candid pensou se ela não estava rindo dele, ele já tinha lido aquele livro, não havia graça nenhuma nele.
Contudo, haviam algumas partes quentes, onde será que ela estaria na história? Na parte em que o duque seduzia a dama de companhia?
Candid tentou se lembrar das palavras e o que conseguiu foi:

FILHOTES - LIVRO 3Onde histórias criam vida. Descubra agora