O sol ainda não tinha nascido quando Ann ouviu Paul se levantando. Ela saltou da cama e foi até ele, Silas e Tim ainda dormiam. Ela abriu a porta ele se virou para ela, estava nu, Ann ficou paralisada.
Ele não se importou dela vê-lo sem roupa, passou por ela e foi ao banheiro. Ann foi atrás abriu a porta do banheiro, ele urinava, isso sim foi vergonhoso, mas Ann aguentou firme.
Ele deu descarga, ligou o chuveiro e quando a água fria banhou o corpo lindo de pele escura, Ann engoliu em seco, as palavras sumiram de sua mente, ele lhe deu as costas.
"Não vai me convencer, Anna." Ele disse jogando o rosto para trás, os cachos de seus cabelos fizeram as pontas dos dedos dela coçarem. Seriam tão macios como parecia?
"Então, vá sozinho. Deixe os filhotes aqui, eles estão exaustos." Ela disse.
"Timóteo pode ficar, Silas vai comigo."
"Paul! Não vê o quanto isso é inútil? Pelo amor de Deus! Já se passou uma semana! Estamos no meio de uma mata, não vamos conseguir arrancar tudo!"
"Você ficou dois dias desacordada, com essa semana já são nove dias, nunca demorou tanto, estarmos arrancando as plantas está retardando eles, eu tenho de continuar." Ele disse.
Ann acabou saindo e batendo a porta do banheiro, ele estava se ensaboando, a tentação de entrar debaixo do chuveiro com ele a fez ter de sair.
Ela foi até a cozinha e começou a lavar as vasilhas de barro, as panelas, tudo. Não era muito. Eles tinham chegado muito tarde no dia anterior, Silas carregava Tim adormecido.
Paul apareceu na cozinha e se sentou à mesa, Ann começou a aquecer alguns bifes.
"Anna, você devia ser a mais interessada em arrancarmos tudo o que pudermos. É a sua vida, a sua..."
Ann o serviu, ele comeu, ela se sentou e enquanto comia a carne, ela pensava em como explicar a ele que aquilo era loucura.
Paul acreditava que as plantas emanavam algum cheiro que o faria enlouquecer e atacá-la sexualmente. Quando ele contou, Ann correu para arrancar quantas plantas pudesse, ou seja, depois de ficar sem sentidos por três vezes ela conseguiu arrancar uma touceira. Eles passavam o dia tentando arrancar qualquer planta que pudessem até bem tarde da noite, o resultado era pífio.
"Não existe algo assim, Paul. Eu te falei sobre Marble. Ele me explicou quando..." Ela parou.
"Quando..." Paulo cravou os olhos azuis nela, Ann pensou no quanto achou estranho ele ter olhos azuis, mas agora ela tinha se acostumado e os olhos claros não a hipnotizavam mais. A encantavam, mas isso era outra história.
"Você disse que Mar... Esse homem, que é como nós, que ele pode controlar as plantas. E que ele sabe como fazer uma planta exalar um forte cheiro... Como foi a palavra?"
Ann fez que não com a cabeça. O encontro dela e Candid, quer dizer, dela e Simple, na cabana de Marble parecia ter acontecido numa outra vida.
"Afrodisíaco. Mas não é bem isso. Marble, esse é o nome, por que a pele dele é bem clara e..."
"Por que ele te contaria que pode fazer algo assim? Ele estava apaixonado por você? Ele usou as plantas em você? Você gostou e por isso quer que eu deixe acontecer? Que eu..."
"Não!" Ela disse bem alto, Paul se calou.
"O que eu quero dizer, Paul, é que pode haver um Nova Espécie controlando as plantas. Ou, que já controlou. Eu te contei que Marble envenenou toda uma montanha com apenas uma planta, lembra?"
Ele apertou os lábios bonitos, ele fazia aquilo às vezes, os lábios dela até ardiam de vontade de tocar os dele. Seriam mesmo tão firmes como pareciam?
"Anna? Ouviu o que eu disse?" Ann arregalou os olhos. Ela não tinha ouvido nada, ela só conseguiu pensar nos lábios dele naqueles segundos.
"Eu... Desculpa. Esse assunto é complicado, Paul. Entenda quando eu digo que eu conheci não só um, mas três Novas Espécies capazes de manipular plantas."
Ela pensou em Flora. A sua amiga Flora. A amizade delas começou com inimizade e talvez fosse por isso que agora elas eram tão amigas. Estavam distantes uma da outra, mas o carinho permanecia intacto.
"Você está dizendo que é inútil arrancar as plantas." Ele resumiu se levantando e indo até a janela.
"Não. Quer dizer, sim, é inútil do ponto de vista de nos protegermos contra a ação delas, mas estarmos arrancando as plantas, está atrasando a ação de alguma forma, então, talvez tenhamos de continuar, mas sem sacrificar Tim e Silas."
Ele se virou para ela e Ann gostou do respeito que viu nos olhos dele.
"Entendi. Você não está me contradizendo, você está pensando em algo que eu não pensei." Ele disse, Ann assentiu.
"Se for apenas uma planta ramificada por todo o território, arrancá-la não adianta?"
Ele perguntou.
"Não. A plantinha de Marble estava por toda a parte na montanha, mas havia um raminho com ele. Era através desse raminho que ele enviava a toxina para toda a planta e a planta envenenava o ar. Mesmo arrancando tudo, o ar ainda carregava a toxina. E era uma montanha gigante."
Ele ficou em silêncio. Ann assou mais carne, pois tinha ouvido Silas se levantar. O filhote foi ao banheiro tomou banho e depois apareceu na cozinha. Silas estava sempre com os cabelos bem amarrados na nuca, isso lembrava Ann de Brave com seus cabelos cortados. Brave não amarrava os cabelos, pois dizia que eram bonitos demais para ficarem presos.
Ela sorriu ao se lembrar de Brave, de sua madrinha, mas parou por aí. Ela não queria pensar muito no mundo exterior ali, pois sua mãe devia estar desesperada.
Silas sorriu para ela, um de seus raros sorrisos, ela o serviu quando ele se sentou.
"Você ouviu?" Paul perguntou ao filhote, Silas assentiu, mas não disse nada por um bom tempo.
"Podemos continuar arrancando, ontem eu consegui passar do transe com mais facilidade, mas se fosse alguém controlando as plantas, essa pessoa não deveria estar por perto? Eu não sinto ninguém aqui a não ser nós."
Ann pensou nisso. Ofídicos puros não tinham um faro muito apurado, mas eles tinham uma espécie de radar, ou algo assim que os fazia sentir pessoas, animais ou até coisas intangíveis como uma ameaça ou uma surpresa.
Nada ficava encoberto ao 'radar' deles.
"É. Eu pensei nisso, Si. Mas dentro de cada capacidade Nova Espécie existem diferenças. Marble é irmão de Niyati e Sanyia, mas não tem o poder curador de Niyati. Niyati pode fazer crescer plantas, mas não pode manipulá-las. Amália manipula as plantas e é canina. Flora faz as plantas crescerem, mas só isso."
"Talvez falte apenas treinamento entre eles, não?" Silas disse dando de ombros.
Ann riu, eles olharam para ela, ela explicou:
"Essa é uma das grandes perguntas do nosso povo. Enquanto os humanos discutem criacionismo versus evolução, nós discutimos talentos herdados versus talentos desenvolvidos. Os trigêmeos ilustram bem isso."
"Lá vem você com eles de novo!" Silas disse, mas Paul perguntou:
"Como assim?"
"O faro deles. Todos os três têm um super faro, hoje isso já é um consenso, mas antes não era assim. Como eram uns pestes quando pequenos deixaram todos pensarem que só Simple tinha super faro."
"Não entendi. Como isso se aplica a talentos herdados versus desenvolvidos?" Silas perguntou. Ele era muito perspicaz.
"A questão é que entre os três, Simple realmente tem um faro melhor. É algo impressionante! E ele jura que é assim por ter desenvolvido o super faro com que nasceu."
Silas acenou. Ele ficou pensativo, Ann adorava o jeito com que ele aprendia as coisas. Silas sempre levantava uma hipótese contrária ao que ouviu. Ele aprendia esgotando todas as hipóteses contrárias ao argumento.
"Então, eles nasceram com o super faro, mas Simple o desenvolveu melhor? Isso não junta as duas coisas?"
"Sim, mas Brave, por exemplo, não conseguiria chegar ao nível de Simple. Ele é ofídico como vocês, ele não tem como chegar a ter um super faro."
"Ele pode usar o veneno." Silas argumentou.
"Não. Ele aumentaria a capacidade de seu faro, mas nunca chegaria perto de Simple."
"Você acredita mesmo que Simple está vindo?" Silas perguntou e ela viu a esperança nos olhos azuis dele.
"Sim."
"Não há rastro." Paul disse.
"Eu sei, mas se alguém pode nos achar, essa pessoa é Simple. E ele vai."
"Ele gosta tanto de você assim?" Silas perguntou, paul baixou os olhos.
"Sim. Ele é meu amigo. Simple ama a todos. Ama mesmo de verdade."
Silas torceu a boca como o pai dele costumava fazer, mas não disse nada.
"Voltando ao nosso mundo, você acha que pode existir um Nova Espécie que controla as plantas de longe, é isso? Ele seria mais desenvolvido que os controladores de plantas que você conhece, ou teria nascido com essa capacidade."
Ann baixou os olhos. Se fosse isso, eles estavam a mercê desse Nova Espécie.
"Se for isso, não adianta nada?" Silas perguntou, mas ele não esperava resposta.
"Adianta! Estamos ganhando tempo. E não podemos descartar a hipótese de que arrancar as plantas seja uma forma de impedí-las de envenenar o ambiente."
Silas balançou a cabeça desolado. Arrancar as plantas era, mais que tudo, uma forma de rebelião. De afirmarem que não estavam conformados com aquela prisão.
"Quando começamos, eu esperava que viessem. Se arrancar as plantas impedisse os planos deles, eles viriam. Mas eu continuei por que nunca conseguimos arrancar muito e pode ser uma forma de ficarmos mais resistentes a elas."
Paul segurou a mão de seu filhote, Silas sorriu para ele.
"Eu me orgulho muito de você, meu filho. Eu não posso fazer muito preso aqui, eu sei, mas eu me orgulho do homem que você está se tornando." Ele disse, Silas apertou os lábios e saiu da cozinha dizendo que ia acordar Tim.
Ann se aproximou de Paul e lhe tocou o rosto. Os olhos dele estavam marejados, ele piscou e sorriu.
"Eu odeio pensar que sou culpado por eles estarem aqui. Por causa da minha..." Ele disse, se levantou e saiu da casa.
Ann entendeu muito bem o que ele quis dizer e não concordava, mas das vezes em que ela tentou fazê-lo enxergar que não tinha culpa, ele se negou a continuar o assunto. Ele era tão cabeça dura quanto seus parentes.
Tim se levantou e não quis tomar banho, o máximo que Silas conseguiu foi fazê-lo lavar as mãos antes de comer. Paul e Silas saíram, ela e Tim ficaram na cozinha.
"Brave era exatamente como você, sabia? Odiava tomar banho."
Ele sorriu, um lindo sorrisinho de filhote levado, Ann lhe beijou as bochechas.
"Ele gosta de tomar banho agora?" Tim perguntou, Ann se lembrou das vezes em que Brave chegava na casa dele fedendo a sexo.
"Sim, embora todos continuem mandando ele tomar banho."
Tim a encarou, Ann tinha notado que o azul dos olhos dele era um pouquinho diferente, mais claro.
"Mas ele não gosta agora?" Ela riu.
"Quando o conhecer, vai entender."
"Você acha que papai e sua madrinha são irmãos?" Tim perguntou.
"É possível. Ainda que..."
"O quê?" Ele perguntou com os olhos muito abertos, Tim era muito curioso.
"Quando Honor foi resgatado, ele não veio sozinho. Quinze, Dezesseis e Dezessete vieram com ele. Quinze é filhote do meu tio V com minha tia Marianne, mas ele foi feito por inseminação artificial anos antes deles sequer se conhecerem. Tudo é possível no nosso mundo, Tim."
O filhotinho piscou os olhinhos azuis tentando entender o que Ann quis dizer.
"Você está dizendo que papai pode ser irmão ou filho da sua madrinha? É isso?" Ele perguntou depois de pensar bastante.
"Sim e Não. Minha madrinha cresceu no mundo dos humanos e por isso passou despercebida, ela acreditava que era humana, ela não tem nenhuma das capacidades de vocês. Nada. Isso significa que ela pode não ter mesmo desenvolvido nenhuma capacidade ou, como aconteceu com Grace, pode ter tido suas capacidades inibidas."
"Como..."
"Inibir capacidades?" Tim tinha começado, Ann terminou por ele.
"É. Inibir é impedir, proibir, vedar. Como impedir uma capacidade?" Ele reformulou a pergunta.
Haviam muitos dicionários na casa deles e eles os liam várias vezes. Todos os três eram como dicionários ambulantes.
"Com drogas. Remédios." Ele acenou.
"Já me deram remédios. Eu não sei por que. Eu me senti mal. Minha barriga doeu muito." Ann se sentou perto dele e o abraçou. Ele estava muito sujo de terra, então ela o segurou com força e correu para o banheiro com ele tentando se soltar. Quando abriu o chuveiro e ele sibilou, Ann riu. Ela tinha molhado sua camiseta, mas valeu a pena. Tim tirou a roupa, Ann se ajoelhou e o ajudou a tomar banho. Ele riu muito quando ela lhe lavou entre os gordos dedinhos do pé. Ann lavou os cachos negros dele e só então saíram do banheiro.
Ele foi para seu quarto se vestir, Ann foi para o dela. A casa tinha muitos quartos, Ann se perguntava por quê.
Ela pegou um lençol o rasgou e o usou como vestido o amarrando por debaixo dos braços e saiu de seu quarto. Tim tinha feito o mesmo com um pedaço de pano o amarrando na cintura.
Paul às vezes se vestia assim, só com um pano amarrado na cintura, Ann tentava não olhar para baixo da cintura dele, pois seu pênis bem dotado se mexia quando ele andava.
Ela e Tim passaram o dia limpando a casa e conversando. Tim adorava saber das histórias da Reserva e como sempre as de Simple eram suas preferidas. No começo da tarde, Ann assou muita carne, colocou numa vasilha de barro, encheu uma jarra também de barro com água e ela e Tim foram levar comida para Paul e Silas.
A casa tinha eletricidade através de um sistema que Ann não conhecia, energia solar, era o nome. Sua mãe já tinha comentado sobre algo desse tipo uma vez, era um projeto para levar energia para comunidades bem pobres, mas Ann estava muito ocupada com a faculdade na época. Quando voltasse, ela iria contar à sua mãe que viveu numa casa mantida com essa energia, ela já imaginava o quanto sua mãe ficaria interessada. Ela estava com tanta saudade de seus pais que às vezes seu peito doía, mas ela era filhote de Kit North e não ia deixar algo como saudade derrubá-la.
Paul e Silas estavam ao norte da casa, eles tinham arrancado muitas plantas de variados tipos e estavam ateando fogo a elas quando Ann e Tim chegaram com a comida.
Eles saíram do alcance do fogo e andaram por um tempo sem destino, certos de que acabariam na praia e isso realmente aconteceu.
Para Ann aquele era o maior mistério daquele lugar, como os passos deles os levavam para a praia? Mesmo quando arrancavam cada planta de um determinado caminho e queimavam acabavam na praia, era muito estranho!
Eles se sentaram na areia e comeram, Silas estava mais silencioso do que de costume, Ann acreditava que ele pensava no que ela contou de manhã.
"Você disse que Marble, Amália, Niyati, Sanyia e Flora podem fazer coisas com as plantas, foi isso?" Silas perguntou, Ann deu de ombros.
"Eu não sei se Sanyia pode. Dizem que ela era como Niyati, mas por ter tido muitos parceiros seu DNA mudou."
Silas abriu a boca, mas a fechou.
"Acho que temos de combinar uma coisa, Anna. São muitos assuntos dentro de outros assuntos e isso não nos ajuda a entender. E precisamos entender, precisamos saber o que você sabe. Então, vou perguntar de novo e você vai tentar não mudar de tópico, pode ser?"
Ela abriu um grande sorriso ao que Silas disse, Paul também sorriu.
"Ok." Ann bateu continência para ele, Tim riu.
"Quantos Novas Espécies você conhece que tem algum poder sobre as plantas?" Silas perguntou.
Paul se deitou na areia, apoiando a cabeça nas mãos, Tim se deitou sobre o peito dele. Tim dormia bastante, ele era grande para um filhote de três anos, mas se comportava como um filhotinho às vezes. Ann adorava isso nele.
"Certo. O primeiro é Marble, tem de ser ele, por já ter feito algo como o que acontece aqui." Ela disse.
"Sim. Marble. Me fale tudo sobre ele, por favor. Tudo, qualquer coisa." Silas pediu.
Ann sorriu ao pensar em Marble, na sua pele clara, nas veias escuras, nos olhos indefinidos, nos cabelos castanhos claros. Paul rosnou baixo, ela o encarou, ele desviou o olhar.
"Você gosta dele?" Ele perguntou, seu tom parecia leve, casual, Ann respondeu:
"Sim, todo mundo gosta de Marble. Ele é meio inocente e um pouquinho anti social. Tem vergonha de sua aparência, mesmo Gabriel tendo lhe conseguido uma fórmula para evitar que seu sangue escureça muito enquanto ele..."
"Anna?" Silas chamou a atenção dela, Paul foi quem riu dessa vez.
"Certo. Marble. Quimera. Olhos azuis claros, meio cinzas, cabelo castanho claro, tamanho médio para um Nova Espécie, ou seja, maior que um canino, menor que um primata. Sua pele é branca, diferente do tom bronzeado que todo Nova Espécie..." Silas ergueu as sobrancelhas, ela riu e se corrigiu:
"Diferente do tom bronzeado que a 'maioria' dos Novas Espécies possuem. Ele não é violento, não tem capacidades de luta, não tem interesse em trabalho remunerado. Mora bem no meio da Zona Selvagem, não participa dos churrascos ou festas, nem das lutas na sala de treinamento."
Silas assentiu, Ann continuou:
"Sua principal habilidade é controlar plantas. Ele pode fazer uma semente germinar, brotar e crescer em muito pouco tempo, qualquer uma. E não é só isso, ele pode mudar o DNA de uma planta."
"Como?" Paul perguntou.
"O processo, eu não sei, o próprio Marble não sabe. Ele conta que depois de absorver as capacidades das plantas que ele faz crescer, ele pode misturar essas capacidades. Ele não sabe o que essa mistura faz até que esta fique pronta e ele a libere no ar."
"Vamos nos ater a isso, Anna, como ele libera essas 'misturas' no ar?"
"Ele diz que aquece seu próprio organismo. A planta estando conectada com ele começa a reagir ao calor que Marble gera exalando. Se for uma rosa, ela liberará perfume, se for uma planta venenosa, uma dessas que causam coceira por exemplo, ela vai exalar essa substância no ar e todo ser que estiver no alcance desse ar vai reagir. Um humano e um animal podem ficar se coçando, uma flor pode murchar."
"Aumentando sua temperatura corporal? Tem certeza?" Paul perguntou.
"É o que ele disse." Ann confirmou.
"É assim que exalamos veneno. Seria coincidência?" Silas perguntou, mas estava falando consigo mesmo.
Paul ficou pensativo.
"Quimeras são Novas Espécies com mais de um gene animal, não é?" Silas perguntou, Ann acenou concordando.
"Acha que ele teria genes ofídicos, filho?" Paul perguntou, mas foi Ann que respondeu:
"É claro! Niyati salvou Sal de morrer envenenado! Ela também ajudou Violet. Nunca ninguém pensou que um Quimera poderia ter genes ofídicos, mas isso é bem possível!"
"Acha que talvez eu ou o papai possamos controlar as plantas?" Silas perguntou.
"Não importa se podemos ou não, Silas. Exalar veneno mataria Anna." Paul disse.
"Talvez exista uma distância segura." Silas disse, Paul sibilou.
"Não. Não faremos isso."
"Leve Timóteo para casa, Anna. Eu e Silas voltaremos tarde." Paul disse usando um tom de voz autoritário que ele quase nunca usava. Ann pegou Tim, Silas pegou todas as vasilhas e voltaram para casa escalando. Ela já conhecia onde segurar, já tinha escalado tantas vezes, que quando Silas perguntou se ela subiria com Tim no ombro, ela disse que sim e não foi difícil.
Ann estava gostando dessa vida dura, ela até ganhou mais massa muscular e se sentia mais forte. Era a sua herança Nova Espécie. Ela, por ter uma aparência humana, cresceu dando muito valor àquilo, e ali Ann se sentia mais fêmea e mais poderosa do que nunca.
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FILHOTES - LIVRO 3
FanficQue tal não dizer o nome da protagonista dessa nossa nova história? Não vai demorar para saberem, mas até lá vou tentar escrever um pouquinho do dia a dia da Reserva, foi uma dica de uma leitora querida e sim, acho que vai ser divertido ver vocês te...