A casa da tia kit estava uma bagunça! Filhotes correndo por toda parte, machos conversando aqui e ali, as fêmeas de primeira geração tentando servir todo mundo, uma cozinha improvisada foi feita no jardim e o cheiro de carne assada, ou melhor, bem mal passada tomava o ar.
Daisy estava tendo um dia muito feliz, principalmente por Simple ter vindo e depois de levar uns dolorosos cascudos de Noble, ele disse que ficaria na Reserva depois de encontrar Paul, o macho de Ann.
Daisy estava quase conseguindo voltar a sua vida normal, o choque da gravidez tinha passado e ela já estava até imaginando o rostinho de sua filhotinha.
Romulus foi até a casa dela e tinha pedido desculpas, tinha implorado para que voltassem o namoro e até a pediu em casamento, mas Daisy não quis.
Algo se quebrou dentro dela quando ele se afastou no pior momento da vida de Daisy e aquilo foi o responsável por ela não aceitar reatar o namoro.
Daisy sabia que Rom não era o macho bonzinho que aparentava ser, ela sabia que ele podia ser frio e calculista, sabia que ele podia ser impiedoso, ela o viu ser implacável nas missões. E tudo bem para ela, Daisy não era perfeita e não esperava que ele fosse, durante muito tempo esse lado encoberto de Romulus a atraiu, mas ela acabou vítima do ciúme e da própria habilidade dele de ler mentes.
Pois, sim, Daisy não deixava de admitir que ela, no lugar de Rom, enlouqueceria de ciúmes ao vê-lo pensando em outra, ao vê-lo se lembrando de compartilhar sexo com outra, ela entendia essa parte. Mas ela perdoaria. Ela aceitaria Romulus de braços abertos, ela procuraria apagar esse trágico acontecimento das vidas deles. Romulus não conseguiu esquecer, no entanto. Os olhos dele sempre se mostravam atormentados, ele sorria e continuava sendo o macho prestativo e atencioso, mas Daisy via que ele estava muito magoado. E outra coisa, havia uma ânsia assassina nos olhos gelados. E Daisy se sentia muito incomodada com isso.
Os machos acasalados começaram a sumir, Daisy sorriu, eles pensavam que enganavam quem?
Ela andou pelo jardim e adentrou o bosque que havia atrás da casa até uma clareira onde é claro que estavam fazendo lutas de filhotes.
Daisy subiu numa árvore e ficou observando.
Caim e o filhotinho novo, Timóteo, se rodeavam e Daisy rosnou com a irresponsabilidade daquilo, o filhote era venenoso! Ela porém, acabou rindo ao ver o pai de Ann Sophie, um respeitado congressista americano pulando e gritando dicas.
Caim andava com passos leves e os olhos presos em Tim, o filhotinho tinha seus lindos olhos azuis atentos.
Daisy segurou seu peito, havia uma onda estranha em volta do círculo da luta, Tim se movia lentamente, seus pés pareciam deslizar e não faziam barulho algum. Daisy tinha olhos experientes quanto a um lutador, ela cresceu lutando com os trigêmeos, ela sempre precisava saber exatamente quem estava lutando com ela. E os trigêmeos sabiam imitar o estilo de luta entre eles, mas só até certo ponto.
Candid era o mais forte, então por mais que ele pudesse olhar como Honest, cruelmente, ou como Simple, amorosamente, ele sempre levaria a luta para uma situação onde a força seria decisiva. Simple era o que tinha o coração mais mole, então ele sempre tentava acabar a luta com um golpe só e desviava dos golpes de Daisy até conseguir fazer isso. Já Honest!
Ele era criativo e odiava perder, usava força e inteligência. Daisy se lembrou de um dia em que ele era 'Candid' e a personalidade de 'Candid' antigamente o fazia perder para ela, uma vez que ele nunca tinha ganhado, já que na maioria das vezes, 'Candid' era Simple.
Pois Honest subiu numa árvore como se estivesse fugindo dela, Daisy caiu na estratégia dele e subiu atrás. Assim que ela saltou no galho, Honest lhe deu um potente chute bem no meio da barriga e ela caiu de cabeça no chão e só não quebrou a cabeça por que sua cabeça era muito dura. Daisy desmaiou e Noble deu uma surra nos três pestinhas, mas enquanto apanhava de Noble, Honest olhou para ela com olhos satisfeitos e só então ela percebeu que não era Candid.
Os filhotes continuavam se rodeando, Caim foi proibido de usar sugestão ou suspensão, Tim foi proibido de usar os dentes e as garras, então era uma luta de um ataque só. E por mais que poderia ser cansativo ficar olhando eles se rodeando, no rosto de todos que observavam a luta era possível ver que estavam se consumindo em expectativa.
Daisy apertou os olhos quando viu que Caim estava andando de uma forma diferente, ele sempre deixava um pé ligeiramente atrás e o firmava antes de dar a passada. Ele ia esperar Tim atacar e estava firmando seu corpo em um pé só. Uma ótima estratégia, pois Caim com certeza era mais paciente que Tim, afinal ele era um clone de Simple.
Daisy odiava lutar com Simple! Ele só a vencia quando ele era 'Simple', o líder dos pestinhas. Ele desviava e como era muito rápido, o golpe vinha de onde Daisy menos esperava, a luta acabava antes que ela pudesse fazer muita coisa. E mesmo se ela vencesse, coisa que nunca aconteceu, pois Honest acabaria com a raça de Simple se ele permitisse algo assim, não haveria graça, Daisy queria mesmo era vencer Honest.
E assim como ela previu, Tim perdeu a paciência e atacou, Caim firmou o corpo e pegou Tim pelo pescoço. Tim era bem grande para a idade, mas Caim era maior, Caim passou uma perna pelas de Tim e ele caiu de costas nos chão. Caim continuou segurando o pescoço de Tim, a contagem começou, mas algo muito estranho aconteceu, Tim conseguiu livrar seu pescoço das mãos de Caim e Daisy não viu como! Tim simplesmente sumiu, o filhotinho sumiu! Caim piscou e logo Tim estava sobre Caim segurando no pescoço dele. Um silêncio foi feito em volta dos dois, afinal, ninguém entendeu nada. Forest, é claro que seria ele, foi o primeiro a se recompor e começou a contagem. Os cincos segundos se passaram, Tim foi consagrado o vencedor.
Tio Robert e Tio Brass fizeram até uma dança da vitória enquanto o pai de Daisy, Gift e Candid rosnavam que foi trapaça.
Simple, como o bom perdedor que era, foi até Caim e o beijou nos lábios dizendo que nunca tinha visto uma luta de filhotes tão perfeita e imprevisível. Daisy concordava com ele, as lutas de filhotes eram um pouco sem graça na opinião dela, afinal eles eram filhotinhos, o primeiro a começar a bater quase sempre vencia.
Caim sorriu seu sorrisinho de pestinha, Simple lhe beijou a testa. O pai de Daisy agradeceu a Tim pela luta incrível, dizendo que eles precisavam de algo assim, já que o clima estava bem tenso na Reserva. Todos baixaram a cabeça, Harley fungou o nariz, Brass fechou o semblante. Brave estava longe e Brave era a alegria nessas lutas de filhotes, ele fazia uma algazarra com eles. Brass ergueu a voz e disse que seus filhotes voltariam bem, que ele tinha fé de que não demoraria e o clima voltou a se amenizar. Simple ergueu Caim nos braços e disse que apostava mais mil dólares no filhote que vencesse Caim na próxima luta e a confusão se armou. Simple e Caim sorriram um para o outro, estavam aprontando alguma, é lógico.
Daisy podia ficar horas vendo a interação dos dois, Simple era um pai amoroso e dedicado, Caim, mesmo sendo um clone era amado como se fosse mesmo filhote dele e Daisy admirava muito seu irmão por isso.
Ela desceu da árvore, mas não voltou para a bagunça da casa, Daisy correu até outra clareira, essa bem longe e num lugar mais alto.
"Está muito longe de seus convidados, Ann Sophie." Ela disse quando se sentou ao lado de Ann num tronco caído. O sol estava quase se pondo, o horizonte estava lindo, cheio de azul e rosa em meio ao laranja e amarelo da luz do sol.
"Convidados? Eu achei que era uma invasão, não uma visita." Ann disse e elas riram.
"É, parece uma invasão mesmo." Daisy admitiu.
"Como tem de ser. Como nosso povo é. Nada de conversas educadamente baixas e música ambiente." Ann sorriu para ela, Daisy continuou:
"Exatamente. Ao invés, muita correria, comida assando, lutas de filhotes escondido das mães, torneio de sinuca e muitas filhotes puxando os cabelos umas das outras."
Elas riram.
"É sério, D, o que Honest pensa deixando Orchid morder a gente? Olha aqui!" Ann disse mostrando as marquinhas de dentes de Orchid no braço. Daisy riu, Ann acabou rindo também.
"O mais engraçado foi Tulip. Ela arrancou uma mecha enorme de cabelos do irmão dela quando ele tentou impedir que ela tomasse a mamadeira de Isis." Daisy contou.
"Nossas filhotinhas vão nascer com uma grande responsabilidade nas costas, pois ser mais selvagem que Tulip e Orchid vai ser difícil." Daisy disse alisando sua barriga, Ann fez o mesmo.
"Eu não acho que ela será violenta. Paul é muito doce e eu, bom, eu era mais manhosa do que violenta. Eu só era violenta com você."
Daisy sorriu. Ann Sophie, na verdade, era metida mesmo.
"Você era metida e de nariz em pé, Ann. Eu nem sei por que fiz parte do seu time."
"Por que você não tinha paciência com Violet e Lunna juntas."
"Ah, é mesmo. As duas eram tão inteligentes! Eu preferia a sua metideza e a doçura de Rubi." Daisy admitiu.
"E você odiava a empáfia de Lunna por dizer que ia escolher entre seus irmãos."
"Nossa! Eu apertava os punhos sempre que ela falava aquilo! E batia sempre em quem eu pudesse dos três."
"No pobrezinho do Cam. É tão estranho que hoje ele seja tão poderoso, né?" Ann Sophie disse.
"Os três são poderosos para mim, Ann sempre foram."
"É, é verdade. Mas Cam mudou muito. Ele tinha olhos tão doces! Como seus olhos se tornaram tão..."
"Atrevidos? Safados? Debochados?" Daisy terminou por ela, Ann riu.
"Algo assim."
"Vocês conversaram?" Daisy perguntou, Ann alisou sua barriga e assentiu.
"Ele disse que me procurou, disse que a força tarefa revirou vários países da África em busca de mim."
"Sim, ele fez isso. Honest estava aqui com Morgana, Simple também estava atrás de você."
Ann baixou os olhos, Daisy lhe segurou as mãos.
"Eu sinto tanto por Hon, Daisy! Tanto!" Os olhos dela avermelharam, Daisy também sentiu os dela marejando. Logo as duas choraram por Morgana, a doce e diferente Morgana.
"As caninas do Alasca passaram tanto por isso, que quando foram espalhar as cinzas dela, elas aplaudiram. Amália cantou uma canção alegre sobre despedidas, algo que eu nunca vi. Annabeth dançou e ao terminar disse que não ia chorar mais, disse que não era necessário pois Morgana não tinha ido embora, ela fazia parte de todas elas agora." Daisy contou, Ann enxugou as lágrimas de Daisy, Daisy enxugou as de Ann.
"Quem diria que iríamos engravidar juntas, nheim?" Daisy tentou brincar, Ann voltou a chorar.
"Está chorando por mim? Não se atreva, Ann Metida Sophie! Não mesmo!" Ela disse e chiou, Ann chiou de volta.
"Estou chorando por mim, Florzinha Murcha." Ann respondeu no mesmo tom que as duas usavam quando eram pequenas.
"Pare então. Ele vai ser encontrado. Brave exala seu cheiro de sexo longe, e ele nunca seria furtivo nem se sua vida dependesse disso." Daisy encorajou Ann.
"Eu queria pensar assim, D, queria mesmo, mas eu só consigo pensar em Honor." Ela disse e Daisy fechou os olhos.
Seu irmão preferido tinha ficado três longos anos perdido. Sendo caçado por humanos. Três anos!
"Não vai ser assim, Ann. Não vai!"
"Laylah está ajudando, não é?"
"Sim. Cam disse que têm de procurar por um lugar onde hajam ondas cerebrais em intensa atividade e ela está sendo treinada por Ananyia. É a nossa melhor chance."
Ann fez uma prece para a virgem, Daisy a acompanhou. E estavam rezando quando sentiram o cheiro de Boon. O que aquele filhote estaria fazendo ali perto?
Ann olhou interrogativamente para Daisy, Daisy sussurrou que nunca imaginou que aquele filhote sairia das terras do pai dele.
Elas correram, saíram da clareira e subiram numa árvore bem alta.
Boon passou a mão no tronco em que elas estavam sentadas e olhou em volta, Daisy aspergiu valeriana nas duas, Ann ergueu uma sobrancelha, Daisy deu de ombros. Era um hábito muito arraigado nela andar com valeriana no bolso. Ela fazia aquilo desde filhotinha.
O filhote correu os olhos pela clareira procurando por elas, Ann suspirou, Daisy também. Ele era mesmo muito bonito, os cabelos castanhos pareciam destacar ainda mais os olhos dourados.
Não demorou e Jewel apareceu, ela tinha corrido e seu imenso cabelo estava um caos. Ela tentou ajeitar as mechas, mas era muito cabelo, Boon riu e a ajudou. Ann olhou para Daisy, Daisy arregalou os olhos. Jewel e Boon! Quem pensaria numa coisa dessas?
"Veja, o pôr do sol. É bem apropriado, você não acha, Bebê Do Pôr do Sol?" Boon disse. Daisy achou a voz dele bem bonita. Ele nunca tinha falado com ela.
"Já mandei você parar de me chamar assim." Jewel disse. Ela trançava seus cabelos e não estava fazendo um bom trabalho, Boon indicou o tronco, ela se sentou, ele se ajoelhou atrás do tronco e lhe trançou os cabelos bem devagar, Jewel fechou os olhos e travou os dentes. Daisy entendia, era mesmo muito sensual um macho trançar seus cabelos. Ele terminou e Ann segurou um gemido, pois antes de ir se sentar no tronco ao lado de Jewel, era perfeitamente visível o quanto ele ficou excitado. As duas trocaram um olhar cheio de assombro. Boon era conhecido por ser celibatário.
"Mandou? Acha que basta mandar e eu vou obedecer?" Boon perguntou com um sorriso no rosto, Daisy se perguntou por que ele ficava escondido nas terras do pai dele. Dos quatro, ele era o único que não parecia um idiota como os dois mais novos, ou um troglodita como o mais velho.
"Olha só, não temos muito tempo. Você está brincando comigo como um gato brinca com um rato e eu não vou jogar o seu jogo." Ela disse com raiva na voz.
"Sabe por que gatos brincam com ratos? Por que é fácil demais. Eu não estou brincando, Jewel. Já disse que não vou te vender meus queijos." Ele disse e Daisy piscou. Jewel só queria os queijos dele? Só isso?
"Me dê uma razão que seja, uma só, Boon. Por que 'não' apenas não vai me convencer a desistir. Eu nunca aceito um não como resposta e vou pegar pesado daqui em diante." Ela disse, Ann e Daisy sorriram uma para a outra, pois seria exatamente o que as duas diriam.
"Pegar pesado? Mais pesado? Seu grupo, as Senhoritas Intrometidas tentaram quebrar o meu celibato contratando prostitutas! Eu ainda tenho de quebrar a cara de Candid por isso." Ele disse mostrando o dedo indicador para Jewel e então mostrou o indicador e o dedo médio. Haveria mais coisas que Jewel tinha feito?
"Depois, me fizeram lutar na sala de treinamento, pois espalharam boatos de que eu havia dito que todos os filhotes que lutavam lá eram idiotas sem coisa melhor para fazer. Eu tive de lutar com todos os filhotes da minha idade!" Daisy segurou uma risada, Ann riu baixo.
"Você disse isso." Jewel o encarou.
"Sim, mas não nesse contexto!" Boon mostrou três dedos e Daisy ficou com pena dele quando ele disse:
"E ainda me fizeram trabalhar no zoológico! Seu padrinho que sugeriu para o meu pai."
Ann abriu a boca, Daisy fez que não com a cabeça. Até o Tio Dusky! Daisy se surpreendeu, mas depois pensou melhor. Tio Dusky adorava colocar os filhotes em apuros. E ele faria o que Jewel pedisse, sempre.
"E estamos só começando. O meu grupo se chama 'Senhoritas'. Não somos intrometidas." Ela disse, ele bufou.
"Minha resposta ainda é não." Ele disse se levantando e cruzando os braços. Ele devia ser do tamanho de Noble e era tão forte quanto Honor. Daisy e Ann olharam bem para Jewel, ela estava com as bochechas vermelhas. Daisy, se fosse mais nova talvez também estivesse. Boon vestia uma calça jeans surrada colada nas pernas grossas e na bunda generosa e uma camiseta preta, também colada no peitoral e braços musculosos. Os cabelos castanhos, lisos e volumosos estavam soltos, ele usava uma tiara de couro afastando as mechas da testa. Lindo, poderoso e teimoso. Qualquer fêmea ficaria com as pernas bambas com uma visão daquelas.
"E a minha é que eu não vou desistir. Eu vou tornar sua vida um inferno, Boon, até que seus queijos estejam na minha loja." Ela disse se esticando em sua pouca altura. Quando ficou ante ele e altura de Boon a ameaçou, ela voltou a se sentar no tronco.
Era engraçado como ela se destacava entre as filhotes da idade dela, todas maiores e mais fortes. Talvez fosse por que todas as outras eram amáveis e ela tivesse uma postura combativa, tivesse os olhos muito diretos.
Boon dobrou um joelho, segurou uma das mãos dela e passou seu dedo grosso pelas veias azuis que apareciam por baixo da pele branquinha, Jewel segurou sua pose.
"Você montou sua loja, Jeje. Eu dei uma passada lá, é um lugar agradável, estava cheio de humanos, você deve estar ganhando muito dinheiro. Esqueça os meus queijos, esqueça de mim." Ele disse baixinho e Daisy entendeu que ele não estava falando só dos queijos.
"Você não entende nada de negócios, Boon. O que faz o sucesso de uma empreitada não é o lucro, eu não preciso de dinheiro. O que me fará ter sucesso é conseguir imprimir um conceito à minha marca, isso tem valor. Humanos precisam comer, basta vender algo de qualidade e irão comprar, mas logo que entrarem em outra loja, irão esquecer. Um sabor único como o dos seus queijos, muda esse prospecto. Fará com que minha loja seja comentada, recomendada, e por fim haverá o interesse em parcerias. Isso é sucesso, Boon." Ela disse, mas Boon não elevou seus olhos da mão dela.
"Eu entendo que você não é uma fêmea comum e não iria se contentar com algo comum. Mas talvez seja apenas questão de ponto de vista, Bebê do Pôr do Sol. Já pensou que transformar uma loja simples num sucesso não seria algo mais impressionante que fazer sucesso com algo único?" Boon disse, Ann e Daisy sorriram uma para a outra, pois demonstrou que ele era muito inteligente.
"Pensando por esse prisma, seria mesmo um desafio, Boon, mas eu não vou retroceder. Me diga seu preço."
Daisy olhou para Ann, Ann tinha um olhar de admiração no rosto, pois era visível que Jewel estivesse abalada pela aura sensual de Boon, mas ainda assim ela o enfrentava.
"Um beijo?" Boon disse e quase que Ann e Daisy caem da árvore.
"Co... como?" Jewel arregalou os olhos, Boon deixou sua mão e lhe tocou a boca.
"Você pediu as cabanas dos machos da Zona Selvagem emprestadas, fez encomendas com meu pai e a cada vez que eu fui entregar, eu me deparei com uma humana nua me esperando, Jeje. Eu tive de usar cada grama da minha força de vontade para resistir e eu só fiz isso por que eu coloquei na cabeça que iria te dar o troco." Ele disse baixinho, quase que Daisy não ouviu. Ann chiou baixinho, ele passou o dedo entre os lábios dela, Jewel abriu a boca na intenção de chupar o dedo dele, mas ele retirou o dedo antes disso acontecer.
Jewel saltou do tronco, Boon se levantou e o vulto nas calças dele estava enorme.
"O troco?" Jewel perguntou, Ann e Daisy prenderam a respiração, pois também queriam saber.
"A cada remessa que eu te entregar, eu quero um beijo. E vou te deixar com as pernas bambas, Jewel. Vou acender uma fogueira dentro de você e não vou te deixar aliviar o fogo que vou despertar."
Boon disse, Ann apertou uma mão de Daisy.
"Isso é um desafio? Por que se você fizer isso, seu celibato irá por água abaixo." Jewel o desafiou.
"Meu celibato é uma preocupação minha, Jeje. Espere pela primeira entrega depois de amanhã, na casa do Tio Leaf." Ele disse e saiu andando rapidamente.
Jewel suspirou e também tomou o caminho da casa, seus passos eram vacilantes.
Ann e Daisy desceram da árvore, os corações delas dispararam.
"Eu..." Ann disse, Daisy a encarou.
Ann tremeu os lábios, Daisy a abraçou.
Elas ficaram abraçadas um tempo, Ann se livrou dos braços de Daisy e enxugou o rosto.
"Eu pareço muito patética, D? Por que só de ver uma filhote e um filhote vivendo esse momento inicial, essa paquerinha boba, eu só consigo pensar em mim e Paul nos conhecendo, na tensão que nos tomou até que nos rendemos."
Daisy sorriu se lembrando dela e de Rom. Sim foi tão bom, tão incrível. Pena que tinha acabado. Um vazio tomou o coração dela, mas o rosto triste de Ann mostrou que ela, Daisy, tinha de deixar seus assuntos de lado e consolar sua amiga, foi para isso que ela veio.
"Ele vai voltar, Ann. Acredite nisso."
"Não é questão de acreditar, é que a cada dia que passa, meu coração parece afundar num buraco escuro, frio. Eu estou lutando contra o desespero e às vezes, eu acho que vou perder a luta."
"Você é forte e..."
"Não, D, Você não, por favor! Desde que eu voltei todos falam da minha força, da confiança que tinham em mim, falam que Paul não demora a voltar e que eu vou aguentar." Ann disse e a voz desesperada doeu fundo em Daisy por que ela passava por algo semelhante.
"Mas eu não sei se eu aguento, Daisy! Eu estou definhando viva, só mesmo minha filhotinha é que me faz me levantar da cama. Eu como por que ela precisa crescer, eu converso com as pessoas por que ficar sozinha num canto pode fazer mal a ela. Mas eu estou em tormento!" Ann disse e seu corpo desabou, Daisy a sustentou.
Ela andou até um espaço gramado, ajudou Ann a se deitar,se deitou também e Ann firmou os olhos no céu daquele início de noite.
"Eu digo a mim mesma que eu posso aguentar, mas eu estou perdendo a luta. Às vezes eu paro e fico pensando no porquê eu estou viva e muitas vezes eu demoro a perceber que estou grávida. E como vou abrir meu coração para alguém, D? Como contar isso para minha mãe ou para minha madrinha?"
"Eu te entendo. Não sei pelo que você está passando, eu nunca me vinculei, mas sim, esse ar de 'tudo vai ficar bem' não tranquiliza ninguém."
"Eu não sei por que, mas eu não consigo ver como ele pode voltar."
Daisy se virou para ela, elas se olharam nos olhos e Daisy travou os lábios. Por que o tal aquário ficava na costa de Moçambique num lugar movimentado entre grandes cidades litorâneas que eram pontos turísticos muito disputados. Ninguém conseguia ver que havia um muro lá, que havia uma propriedade que inclusive separava uma parte da praia para si. O muro era de vidro e esse vidro desfocava a visão, seja de humanos ou Novas Espécies. Havia também uma aura em volta e isso fazia com que você desviasse do tal muro, voltasse seus pés e não se desse conta de que estava voltando. É claro que Paul e Brave estariam num lugar como esse.
"Veja com os olhos de seu coração, Ann. Eu sei que dizer para ser forte é lugar comum, mas é o que você deve fazer. Ser forte e ter fé. Você consegue! Se há alguém que consegue lutar dessa forma é a minha amiga Ann Nojenta Sophie." Daisy disse, Ann chiou.
"Você nunca me chamou assim!"
"Não, Jewel te chamava assim quando ela achou que você estava dando em cima de Simple, quando ele te beijou em Fuller. Eu gostei." Daisy disse e riu, Ann voltou a olhar para o céu.
Quando elas voltaram para a casa, estavam fazendo uma festa em volta de uma enorme fogueira, Wish e Dream, os filhotes mais velhos de Noble tocavam e Annabeth cantava. Daisy sorriu do olhar de admiração que seus sobrinhos lançavam a Annabeth e da cara fechada de Augustus.
Daisy subiu com Ann, Violet, Lunna e Rubi as esperavam, elas ajudaram Ann a se banhar, a se pentear e ficaram com ela até que ela dormiu.
Daisy teve que sair, as palavras de Ann, sua angústia, estavam girando na mente dela. O desespero que sua amiga querida sentia mudou algo dentro de Daisy e ela foi até a área gourmet onde Harry assava um monte de carne na churrasqueira.
"Dá pra dividir?" Ela disse se sentando numa banqueta.
"Eu já desisti de impedir os filhotes de virem aqui e pegarem tudo o que fica pronto. Tome." Ele disse colocando um monte de carne num prato para ela e foi só ele fechar a boca que Elijah e Heat, os dois bem grandes já, vieram e pegaram os dois espetos cheios de carne. Heat beijou a bochecha de Harry agradecendo, Harry sorriu mostrando suas adoráveis covinhas.
"Eu não posso deixar de te avisar que não vai ser fácil." Harrison disse.
"Existe outra forma?" Daisy perguntou e o coração dela disparou. Os olhos dele ficaram tão claros que pareceram brancos.
"Claro que sim. Simple os encontrará, Laylah vai encontrar o aquário. Mas..."
Daisy o encarou, ela acabou ficando tonta.
"Mas alguém morre. E não me pergunte quem, pois se eu te disser, essa morte deixa de ser uma possibilidade." Harrison disse e Daisy sentiu frio.
"Eu não posso deixar que isso deixe de ser uma possibilidade então? Eu posso impedir se eu barganhar com o Clone do Mal?"
Harry sorriu um sorriso cansado.
"Não é você quem vai impedir, Daisy. O futuro está em branco, sempre está."
"Por que você fala desse jeito? Dá vontade de te dar um murro, sabia?" Daisy disse, Harry sorriu de novo.
"Eu já falei com Joe. Ele concordou em te levar, faça isso de madrugada." Ele disse e se concentrou em temperar mais carne.
Daisy voltou ao quarto de Ann e se deitou com ela, Ann a abraçou dormindo.
Elas dormiam num grande tapete, Isis mamava em Violet, Rubi alisava os cabelinhos de fogo de Ísis. Lunna até roncava.
Daisy colou sua testa na de Ann, ela não podia fugir ao que ela, Daisy, era. Uma leoa que protegia o seus. E Ann era como Violet para Daisy, não havia diferença, Ann era sua irmã.
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FILHOTES - LIVRO 3
FanficQue tal não dizer o nome da protagonista dessa nossa nova história? Não vai demorar para saberem, mas até lá vou tentar escrever um pouquinho do dia a dia da Reserva, foi uma dica de uma leitora querida e sim, acho que vai ser divertido ver vocês te...