CAPÍTULO 7

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Daisy abriu os olhos quando uma boquinha babona lhe beijou o nariz.  Violet riu, ela se sentou colocando Isis no colo.
"Isso é golpe baixo." Daisy disse, Violet lhe estendeu uma fralda.
"Não. Isso é golpe baixo. Troque a sua sobrinha. Eu vou retribuir." Sua irmã disse com um grande sorriso, Daisy trocou a filhotinha em silêncio.
Um filhote! Daisy balançou a cabeça com força, Ela não queria pensar naquilo.
"Vamos pro lago?" Violet perguntou, Daisy disse que não com a cabeça.
Tudo ainda estava muito fresco na mente dela, se apertasse as mãos sentiria a pele dele entre elas. Seus lábios ainda formigavam dos beijos que ele lhe deu.
Ela estava fugindo de todos, como ela poderia ir para o lago?
"O sol está brilhando, está quente, D!" Violet disse, tentando animá-la.
"Não. Augustus e Netinho devem estar esperando você e Isis, pode ir, maninha." Ela disse entrando no banheiro. Ela tomou um banho rápido, já tinha passado da fase de se lavar violentamente tentando arrancar o cheiro dele do corpo dela.
O cheiro de Rom! Era o mesmo cheiro! Ela cheirava a Rom e isso a acalmava na hora das discussões dos dois, ela sempre pensava que enquanto cheirasse como propriedade de Rom eles nunca se separariam. E agora!
Agora aquele cheiro significava uma coisa tão nojenta! Ela tinha se jogado em Rom quando acordou no hospital e ele estava lá. Daisy tentou beijá-lo, ele tinha desviado o rosto.
Depois disso ele lhe contou que não tinha sido sequestrado. Contou que lutou com um monte de aprimorados na boate, que levaram uma noite e um dia todo para encontrá-la.
Daisy saiu do banheiro, vestiu um pijama e voltou para a cama, Violet, que estava de pé com Isis no seio, se virou para ela e a observou se vestir em silêncio.
"Eu sei que não quer conversar. Eu sei que você ainda está tentando entender, ainda está tentando retomar sua vida depois do que aconteceu, querida. E eu vou estar aqui. Não vai conseguir me afastar, já se passou uma semana."
Daisy queria dizer para sua irmã ir embora, mas ela não queria ficar sozinha, então se deitou bem na beirada da cama, Violet colocou Isis entre elas e se deitou no canto.
A filhotinha voltou a sugar o seio de sua irmã, Daisy riu.
"Se ninguém me olhasse com pena, talvez eu pudesse sair um pouco, mas..."
"Você é a grande Leoa, todos sentem respeito por você, não pena."
"Eu me tornei digna de pena, Vi. Eu deixei outro macho me tocar, me possuir. Eu vi que havia algo errado! Eu só consigo pensar nos cabelos dele!" Daisy disse.
Ele tinha cortado os cabelos a pouco. Não era nem mesmo o mesmo corte, Rom cortava o cabelo todo, o deixava bem curtinho. Aquele macho tinha penteado os cabelos curtos para trás, mas quando Daisy e ele...
"Ele não lia pensamentos. O cabelo estava torto e..." Daisy disse.
"Ele não era um telepata, ok, é bem difícil se passar por um telepata, não é mesmo? Por exemplo, agora você está pensando que eu estou te justificando."
Daisy apertou os lábios. Era exatamente isso que ela pensou.
"Viu? Eu sou uma telepata agora? E os cabelos, isso é o mais fácil, você não sabia a quanto tempo estava lá, acha que iriam cortar os cabelos de um prisioneiro? Rom corta os cabelos toda semana."
Daisy beijou a testa de sua irmã, ela estava mesmo tentando diminuir o sentimento ruim de ter sido feita de idiota que estava na mente e no peito de Daisy, mas talvez ainda fosse muito cedo para isso.
"Ele parecia Rom no olhar. Isso me convenceu. Rom é frio e calculista por baixo daquele sorriso de macho bonzinho e prestativo dele. Isso é o que me atrai nele, Vi! E por causa disso, eu não vi que..."
"Não era possível ver, querida! Como eu posso enfiar isso nessa sua cabeça dura? Você não tinha por que pensar que não era Rom, que era a merda de outro clone do Tio V! Um do mal. Como imaginar uma coisa dessas?"
Daisy suspirou. Tio V tinha pedido imensas desculpas pelo Clone do mal e por Rom, que, por estar muito magoado, não falou com ela desde o hospital.
"Eu tentei falar com Rom de novo, ele não atendeu."
"Mamãe está segurando Honor e Honest, mas eu não sei, D, ele vai acabar levando uma surra deles." Violet disse.
"Honor e Honest? Só os dois?" Ela perguntou, mais por não ter o que dizer.
"Hon é o único que não tem medo de você e Honor está possesso. Pride teve de segurá-lo depois que você, ao voltar do hospital, subiu as escadas com os ombros caídos e os olhos baixos. Livie disse que talvez Rom precise apanhar, então, a situação não está boa."
Daisy pegou seu celular, ela queria falar com Honor.
"D? Tudo bem? Precisa de alguma coisa?" Honor atendeu, o carinho na voz de seu irmão preferido quase a fez chorar.
"Traga essa sua bunda gigante aqui no meu quarto agora." Daisy disse e desligou, Violet riu baixinho para não acordar Isis que dormia ainda com a boca no seio dela.
Não demorou e Honor se ajoelhava ante a cama e Daisy se virava para ele.
"Quem pediu para você se meter na minha vida?" Ela perguntou, ele arregalou os olhos dourados claros. Devia haver uma cor para os olhos dele, mas era assim que Daisy os via, dourados claros.
"Por que está falando isso? Você vai bater nele? Se vai, eu só quero assistir, mas se não vai, eu resolvo."
"Não vai resolver nada! Quem te disse que eu permito que você encoste nele?" Ele ergueu uma sobrancelha, Daisy o achava tão lindo! Principalmente por ser tão insolente, uma coisa que ele só era com ela.
"E quando eu esperei pela sua permissão para alguma coisa? Já pensou se eu tivesse que esperar você me permitir comer por exemplo? Eu morreria de fome, você comeria tudo. E isso é só um exemplo." Ele se sentou no chão.
"Está respondendo uma pergunta com outra? Não tem uma resposta direta?" Daisy continuou olhando-o com raiva.
"Ele te magoou, D! Ele está andando por aí com aquela cara de cu dele, minha mão coça para dar uns tabefes nele!"
"Eu já te disse que eu resolvo meus problemas, eu chuto a bunda que tiver de chutar, não você! Agora saia daqui." Ela disse, Honor ficou de pé com um salto.
"Quer chocolate?" Ele perguntou.
"Aquele com amendoim? Horrível? Não, obrigada."
"Puro. Meio amargo, como a sua cara." Ele disse.
"Tá, eu quero." Ela disse.
"E o com amendoim é bom, você é que não sabe apreciar nada."
"Saia logo e não demore a trazer o chocolate! E traga carne também, de porco." Ela disse.
"Chocolate com carne de porco? Pelo menos você sabe por que você é gorda." Ele disse e correu, Daisy jogou o abajur contra a porta do quarto. Ele tinha desviado. Honor saiu rindo, Violet também riu.
"Nossa! Eu esqueci de Isis!" Daisy disse se virando, mas a filhotinha não tinha acordado.
"Você pode dar um jeito em Honor, D, mas como vai fazer com Hon?" Violet disse.
Daisy ligou para Honest, ele não atendeu. Ela ligou para Candid então.
"Fala, D!" Ele atendeu, Daisy sentiu seu coração se aquecer, era tão bom fazer parte da família dela! Ela colocou o celular entre ela e Violet, estava no viva voz.
"Cadê o Hon? E fale baixo, Isis está dormindo." Ela disse.
"Eu acho que você sabe muito bem onde ele está, D. Rom está entricheirado na casa de Peter, mas quando ele sair de lá... Bom, as apostas estão bem altas."
"Diga para ele que se encostar um dedo em Rom, eu quebrarei dois dedos dele."
"Acha que ele não sabe disso? Eu disse para ele não se meter, que você chutaria o traseiro dele, mas você sabe como ele é teimoso." Candid disse.
"Se fosse você, Cam. Se um clone seu... Se um..."
"Eu não ligaria, D. Um clone meu seria tão irresistível como eu, como esperar que alguma fêmea resistisse?"
Elas riram, Candid era mesmo um idiota.
"Na verdade, não dá para tirar a porra da telepatia dele da equação, D. Você passou o tempo no hospital sonhando com o Clone do Mal. Você gostou, você... Ele viu tudo em primeira mão, D. Você olhou assustada para ele com a cara de pau do outro na cabeça! Eu surtaria também."
Ele disse.
Daisy entendia. Foram anos e anos dele morrendo de ciúmes de pensamentos inocentes dela, imagina lembranças daquele momento?
"E Ann? Nada ainda?" Daisy perguntou, Violet se ajeitou para ouvir melhor.
"Não. Sal ligou para mim e para Hon, eu estou esperando ele organizar tudo, Hon vai ficar aqui. Toda a força tarefa se concentrou em te encontrar, D, isso os deixou livres para pegá-la." Candid contou, ele disse a última palavra rosnando.
"Quando eu pegar quem fez isso!" Ele disse.
"Não havia mesmo rastro?" Violet perguntou.
"Não. Ninguém sentiu nada. Simple poderia..." Ele não terminou.
"Você não tem mesmo como falar com ele?" Daisy perguntou. Ela estava muito preocupada com Ann Sophie que tinha sido sequestrada também.
"Não, D! Quantas vezes eu tenho de falar isso? Por que ninguém acredita?"
"Quem mandou você se gabar de ser um ótimo mentiroso?" Violet disse, ele riu.
"É, eu devia falar só do meu pau, eu sei. Mas eu acho que Sim vai procurá-la, eu espero mesmo que ele faça isso. Ele a acha e eu darei um fim em quem a levou. Não haverá interrogatório, já deixei isso bem claro." Ele disse e mesmo a distância, Daisy sentiu a crueldade em sua voz.
Ele iria matar quem pegou Ann e Daisy achava que era o certo. Se fosse ela seria o que faria.
"Gift foi mesmo para a África?"
Daisy ainda não acreditava que Gift tinha ido. Harmony e Antony ficaram para trás, foi uma prova de amor deles para com Ann.
"Sim, mas já está voltando. Sal disse que ele acha que foi um ofídico. Matt não conhece nenhum além dele e do merda do Benson, mas não é impossível."
"Um ofídico? Por que acham que foi um ofídico? Como pode existir mais ofídicos?" Violet perguntou.
"Do mesmo jeito que existem mais clones do meu Tio." Caim disse abrindo a porta e entrando.
Daisy se despediu de Candid e se sentou na cama. Caim se sentou ao lado dela depois de beijar Violet e Isis.
"Abel 2 não era um clone meu. Era um clone do Tio V." Ele disse.
"Mas ele morreu, não foi?" Violet disse baixinho, era muito triste pensar em Caim preso, vendo seus clones morrerem.
"Sim. E isso pode ser por que era um clone de um clone. É mais difícil sobreviverem. O DNA é mais puro, mas mais frágil."
Daisy juntou as sobrancelhas. Um filhote dela e de Rom seria mais frágil que um de um macho que não fosse um clone?
"Você está aqui por quê, Caim?" Daisy perguntou.
"Existe uma forma de saber se é um clone de um clone ou um filhote de um clone." Ele disse.
Daisy o encarou. Do isso adiantaria? Será que o filhote...
"Seu filhotinho está seguro, Daisy. Filhotes de clones são saudáveis. Clones de clones é que estão sujeitos a más formações."
Ela apertou os lábios. Daisy não queria pensar na gravidez, não queria mesmo!
"Você quer saber se eu percebi alguma diferença? Por que eu não..." Daisy parou de falar quando Caim piscou. Ela estava suspensa! Era uma sensação ruim.
"Calma, eu preciso falar com seu subconsciente e a meia suspensão deixa seu subconsciente alerta." Caim disse se levantando da cama e ficando a frente de Daisy.
"Os cabelos dele eram diferentes? Mais lisos? Mais grossos?" Caim perguntou, Daisy sentiu sua boca se mexer, ouviu as palavras, mas não parecia ser ela falando:
"Macios. Muito lisos, os fios eram finos. Os cabelos de Rom são mais grossos."
"Sim, ele os cortava com navalha, isso não engrossava os fios, mas depois da alergia, ele passou a usar máquina. O que mais, Daisy? Os músculos dele eram mais macios?" Caim perguntou.
Outra vez seus lábios, língua e dentes se mexeram sozinhos:
"Não. Eram rijos, duros. Mas sua bunda me pareceu maior. Eu não sei como, eu..."
"Rom e os gêmeos correm, isso faz os músculos crescerem no mesmo ritmo. E Rom foi menos musculoso por um bom tempo. Esse Clone não se exercitou."
"Ele me pareceu..." Daisy tentou segurar, mas Caim a encarou com mais intensidade, ela não conseguiu segurar:
"Virgem. Tudo foi muito... Eu achei que foi por estarmos presos, mas... Ele pareceu surpreso quando me penetrou." Daisy disse e suas bochechas queimaram. Caim era só um filhotinho!
"Faz sentido. Se ele for bem jovem, fazer o que fez com você foi uma recompensa, se for mais velho..." Caim não terminou.
Daisy estava muito incomodada com aquela sensação estranha de estar paralisada.
"Só uma última coisa, Tia. Os olhos dele. Era exatamente como os de Romulus?" Ele perguntou.
Daisy se viu revivendo o momento em que examinou o rosto dele. Ela não precisou se concentrar, o rosto perfeito apareceu para ela, os olhos cristalinos eram os mesmos. Como se cada raio azul diamante das iris de Rom tivessem sido duplicados.
"Sim. Exatamente iguais."
"Ok." Caim disse e saiu, Daisy caiu sobre Violet e Isis quando o efeito esquisito passou.
"O quê..." Violet perguntou, totalmente confusa para Daisy.
"Caim esteve aqui." Ela disse simplesmente.
"Isso é bom." Violet disse e fechou os olhos.
É. Significava que Simple estava investigando. Daisy se sentiu melhor. Simple o traria e ela o mataria com suas próprias mãos.

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