CAPÍTULO 16

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Eu e Caim subimos o muro devagar, tínhamos levado todo o dia entrando nas mansões do condomínio mais caro daquele país e estávamos cansados. Procurar por um ofídico, ainda mais um filhote, era difícil, não havia rastro.
"Pai, se temos Brave, por que ir atrás desse filhote?"
"Por que a questão não é apenas encontrar Ann, mas sim trazê-la de volta." Eu expliquei, Caim parou antes de passar pela porta balcão.
"Você quer mesmo barganhar?" Ele perguntou, eu só ergui as sobrancelhas.
Os empregados estavam limpando o andar inferior, os donos da casa estavam fora. Nós tínhamos pulado o muro e pulado naquela varanda.
Um quarto super luxuoso nos recebeu, mas tanto eu quanto Caim franzimos o nariz, não estava limpo direito, debaixo da cama havia poeira, os livros não tinham sido limpos individualmente. E isso só com uma passada de olhar, se fôssemos examinar cada canto, descobriríamos que aquele quarto luxuoso estava um chiqueiro.
"Pai..." Caim choramingou, eu sorri e suspendi os humanos. Levamos umas duas horas para limpar todo o andar superior e foi divertido.
Quando descemos demos de cara com o filhote. Caim arregalou os olhos, ele era muito parecido com Brave!
"O que estão fazendo aqui?" Ele se esticou, devia ter uns sete ou oito anos, era difícil saber a idade exata sem sentir o cheiro dele.
"Viemos te libertar. Te levar para a Reserva, para a sua família." Caim disse com um sorriso doce, eu só encarei o filhote. Olhos azuis. Estranho, muito estranho.
"Me libertar de quê? Eu pareço estar preso?" Ele disse depois de nos dar as costas e ir até a cozinha.
"Madame! O que fizeram com ela?" Ele disse tocando o rosto de uma humana idosa que estava parada a frente de uma mesa que ficava no meio da cozinha.
"Você gosta dela?" Caim perguntou encarando o filhote, eu achei melhor não me meter, eu queria ver como Caim se sairia.
"Ela me criou desde bebezinho. Desfaçam o que fizeram se não quiserem morrer." Ele disse e seus olhos começaram a mudar de cor, foram ficando esverdeados.
"Vai exalar veneno? Ela está respirando, se fizer isso, ela também morre, todos morrem." Caim disse ligando o fogão e provando de uma panela com uma espécie de sopa.
"Sopa! Hum! Faz tanto tempo que eu não como sopa!" Ele disse, eu me encostei no balcão e cruzei os braços.
"Eu posso matar vocês de outro jeito. Desfaçam isso. Agora!" Ele disse com o rosto totalmente fechado, Caim o encarou e depois me olhou.
"Pai, por que ele se parece com Gift? Isso não é estranho?"
"Gift? O que é isso?" O filhote perguntou com os olhos apertados. Ele estava falando sério sobre nos matar e era a isso que Caim se referia quando observou que o filhote se parecia com Gift. Gift não fazia ameaças vazias.
"Você já ouviu esse nome, não é?" Eu perguntei e ele se virou para mim.
"Desfaçam. Não vou pedir de novo." Ele exigiu, eu sorri e a humana suspirou.
"Mestre Luke? Quem são esses?" A humana sorriu, mas duas empregadas jovens entraram correndo na cozinha e estacaram quando me viram. Eu sorri usando o sorriso de Cam, elas sorriram de volta.
"Madame! Já está tarde! Temos de ir!" Uma delas disse.
"Sim, podem ir e liberem os outros. Voltem amanhã. Eu... Luke, eu não me lembro de ter inspecionado o andar de cima, você deu uma olhada?"
Luke torceu a boca, ele não estava em nenhum lugar aparente da casa, então não tinha visto.
"Está tudo bem limpo, Madame! Amanhã terminaremos o andar debaixo."
A humana olhou para a jovem de cima de seu nariz e saiu da cozinha. Luke a seguiu, eu e Caim nos sentamos e começamos a comer a tal sopa. A carne estava muito cozida para meu gosto, mas o tempero era espetacular, eu tinha de saber todas as ervas que ela colocou ali.
Caim suspirou, eu sorri para ele, ele segurou minha mão.
"Por que não posso ficar com você?" Ele perguntou, eu senti vontade de chorar. Eu não estava me comportando como um pai devia se comportar, ele precisava dos meus pais, de Gift e Mony, de Hon e Cam. Se ele ficasse, mesmo que não reclamasse, eu sei que ele não reclamaria, ainda assim ele perderia muito.
"Nós vamos continuar nos vendo." Eu menti, ele rosnou
"De vocês três o melhor mentiroso é Candid. Acho que Honest ganha de você também, então ou me diga a verdade, ou não diga nada." Ele disse, eu baixei os olhos para o prato.
"Eu nunca vi nenhum cômodo dessa casa tão limpo! Eu vou dar um adicional a toda equipe! Mestre Luke, que tal tomar um banho quentinho e depois tomar sopa?" Eu encarei o tal Luke, ele contraiu o olho esquerdo um pouquinho sinal de que como Brave não gostava muito de tomar banho. Eu quase sorri, mas Caim riu.
"Exatamente como Brave. Você não gosta de tomar banho não é?"
O filhote apertou os olhos azuis, a humana idosa deu um passo para trás.
"Eu tomo banho, idiota. Só não preciso tomar todo dia. E hoje eu não preciso."
"Daru adora tomar banho." Eu disse, o filhote voltou seus olhos para mim. Malvado. Eu sorri o sorriso de Hon, cruel, ele piscou um pouco confuso.
"De onde conhecem ela?" Ele perguntou.
"Mestre Luke, Daru não é a sua amiguinha invisível?" A humana perguntou, o filhote olhou feio para ela.
"Ela não é invisível. É uma linda menininha humana. Cabelos e olhos castanhos..." Caim falava quando o filhote o interrompeu:
"Os olhos dela são verdes, tem certeza de que conhecem ela?" Eu sorri, Daru podia mudar a cor de seus olhos? Provavelmente dentro da mente do filhote, sim.
"Conhecemos sim. A mãe dela gosta do meu pai aqui." Caim disse, o filhote o encarou.
"Ela foi adotada. Sabem disso?" Ele observou.
"Sim, sabemos. Sabemos toda a história dela. Ela gosta muito de mim, sabia?" Caim disse.
Eu achei engraçado ele e o filhote ofídico estarem brigando por Daru.
"Mestre Luke, e o banho? E o jantar?" A humana disse, o filhote sibilou, mas saiu da cozinha, a humana saiu atrás.
"Ele parece bem a vontade aqui, pai."
"É, ele é um dos sortudos." Eu disse.
"Como assim?"
"Uma pequena parte de Novas Espécies que foram vendidos tiveram a sorte de serem comprados por humanos que os viam como mais que um produto, ou um pet. Esse parece ser o caso de Luke, ele tem uma babá, anda pela casa como se fosse dono dela. Se eu fosse apostar, mas não vou, pois você já me deve mil dólares, eu diria que ele foi comprado por um casal sem filhotes. E, como ele é ofídico, eles se apaixonaram por ele."
"Eu vou te pagar. Eu sempre pago minhas dívidas." Caim disse com a cara fechada.
"Você tem meus dados bancários. Não mexa com o dinheiro de Hon, ele é bagunceiro, mas sempre confere sua conta. Roube de Cam." Eu disse, Caim riu.
"Eu vou fazer ele te pagar. Eu sei como chantageá-lo." Caim disse, eu ri.
Estávamos rindo quando o filhote voltou a cozinha. Ele se sentou a mesa, a humana o serviu e ele começou a comer em silêncio. Caim me olhou, a dúvida estava em seus olhos e eu suspirei.
"Eu não entendo como ele pode ter os olhos azuis." Eu disse, o filhote ergueu uma sobrancelha, mas resolveu se concentrar na comida.
"Não, os olhos são o de menos, pai. Eu não entendo como o pai dele pode ser filhote de Bras e Sophia." Caim disse.
"Isso é o mais fácil, Caim. Mas os olhos estão errados." Eu disse.
"Não, não é. Não sabemos a cor dos olhos da mãe de Sophia, pai. A história diz que Grives usou sua irmã e Bells nasceu com os olhos amarelos e pulpila vertical. Já Sophia foi outra mulher, a que fugiu com Sophia em seu ventre, mas o fato de Grives ser negro não implica que a mãe de Sophia fosse. Na verdade, ela poderia muito bem ser branca." Caim disse e eu quase saí voando de tão inflado de orgulho.
"Levando isso em conta, podemos sim colocar olhos azuis na equação. É, você tem razão. Novas Espécies tem regras diferentes quanto a cor de seus olhos se comparados aos humanos. Veja Pride, Violet e Daisy, por exemplo. Eles puxaram aos olhos da mamãe, mas têm a mesma proporção dos genes do papai que eu."
"E quem tem olhos da cor dos do Tio Honor? Ninguém. Isso pode ser o caso do ofídico que pegou Ann." Caim disse.
Eu assenti. A cor dos olhos não era um fator muito definitivo. Thorment e seus olhos castanhos com bordas verdes eram também uma prova disso.
"Resolvido o problema dos olhos, como ele pode ser neto de Brass e Sophia?"
Eu o encarei, o filhote me encarou, nós três acabamos rindo.
"Brass sempre foi diferente. Eu não acredito que outro macho canino pudesse cruzar com uma fêmea ofídica e fazer filhotes como a prole deles. John, Gift, Charity e hold são iguais a ele, ainda que John tenha os cabelos negros, mas os genes ofídicos são mais fortes que os caninos." Eu disse e deixei Caim absorver minhas palavras. O filhote me olhava desconfiado.
"Tá, Brass é diferente, mas como, pai? Como um filhote de Brass e Sophia pode estar na África?"
Eu suspirei.
"Gabriel." Eu disse, Caim se levantou da mesa.
"Sério?" Eu balancei a cabeça devagar para cima e para baixo dizendo que sim, Caim fez que não também com a cabeça.
"Eu sei que você acredita nisso, pai, mas não é possível. Não havia como serem três bebês." Ele disse.
"Não, é claro que não, Caim. Mas Sophia foi salva por ele, naquela época, Gabriel gozava da confiança de todos. E ele cuidou dela quando Kit lhe cravou as garras na garganta. Ela e Brass estavam juntos, felizes, recém casados. E Gabriel a amava."
"Você acha que..." Caim não terminou.
"A sua hipótese para os olhos azuis é boa, se a mãe de Sophia tivesse olhos azuis, isso poderia ser passado para um filhote dela, mas..."
"Pai!" Caim disse. Ele se levantou e andou pela cozinha arrumando algumas coisas.
"Seria uma boa explicação para os olhos azuis, Caim." Eu continuei.
"Não. Ele é neto de Brass. Preste atenção no jeito com que ele nos olha, com cautela. O ar inteligente, o jeito arrogante de andar. Ofídicos são dissimulados por natureza, pai, veja Benson. Mas os filhotes de Brass, até John que é muito humilde..." Eu bufei, ele riu.
"Ele é o melhor do que os Novas Espécies podem produzir, pai. Sabe disso." Ele me provocou. Eu ri. Eu amava John exatamente por sua nobreza de caráter.
"Até John tem uma aura de autoridade, Gift, então, nem se fala!" Caim era apaixonado por Gift e sim, isso me deixava com ciúmes, mas eu era muito grato àquele pau no cu, então...
"Ok, então, segundo você, o pai de 'mestre Luke' é filhote de Brass e Sophia." Eu comecei, mestre Luke sibilou, Caim riu.
"Gabriel cuidou de Sophia durante um bom tempo, não seria difícil ele enganá-la e tentar colocar em prática a teoria de Bishop." Eu disse, Caim rosnou.
"É mesmo!"
"Eu posso perguntar uma coisa?" Luke disse olhando para mim.
"O meu pai. Vocês o conhecem?" Caim ia responder, ele ergueu a mão.
"Não importa se ele mandou vocês, eu não vou. Eu tenho pais e um irmão. Humanos. Eles me amam e eu não vou sair daqui." Ele disse e sibilou.
"Não conhecemos seu pai, estamos atrás dele. Ele está com uma amiga querida nossa." Caim explicou.
"A quanto tempo?" O filhote perguntou, sua expressão ficou vazia de repente. Como Charity as vezes nos olhava. Direto e objetivo.
"Quase três semanas já." Caim disse.
"Então, voltem. Ele é só um reprodutor. Sua amiga já deve estar presa em algum laboratório com a barriga cheia de bebês. Eu nasci junto com mais dois, sou o mais velho. Minha mãe morreu no parto. Depois de mim, outra humana foi ficar com ele e ela teve dois bebês. Ela sobreviveu, mas a mataram. A outra também teve dois bebês e como minha mãe, também morreu no parto, os bebês nasceram de quatro meses e sobreviveram. A última também teve três bebês. Um deles está com meu pai. Ele tem três anos."
"Como sabe disso?" Eu perguntei.
"Meu pai me comprou acreditando que eu fosse humano. Nesse país é moda adotar crianças da África, e minha mãe sempre teve esse sonho. O de dar uma vida melhor para alguém que nascesse sob o estigma da pobreza e da doença. E então me compraram. Eles tentaram pelas vias legais, mas a burocracia era gigante, entraram numa fila quilométrica e mamãe queria muito que seu bebê adotado crescesse com o filho biológico dela, ela achava que isso os faria serem mais companheiros."
"Eles são boas pessoas, então." Caim concluiu, o filhote sorriu.
"Sim, são. Me compraram, me trouxeram para sua outra casa, em outra cidade, meu irmão Trevor tinha pouco mais de um ano e todos se apaixonaram por mim. Só que com três meses eu já falava e andava, eles me levaram a médicos e tudo, mas eu continuei crescendo muito rapidamente e com um ano eu já sabia ler. Papai entrou em contato com um investigador e descobriu tudo. Eles se mudaram para cá, se cercaram de seguranças e há uns dois anos atrás me contaram tudo." Ele disse.
Eu o encarei. Os olhos eram mesmo muito azuis, mas eram diferentes dos de Gabriel. Eram olhos intensos, azuis da cor do mar numa tempestade. E sim, o ar de inteligência de Brass estava lá.
"Bishop desenvolveu uma técnica para colher embriões e manipulá-los os transformando em clones. Depois ele os implantava numa barriga de aluguel. Acha que Gabriel fez isso?"
Caim me perguntou.
Eu me lembrei da época em que Sophia e Brass foram morar na Reserva com John novinho. Ele era gigante e corria para todo lado, Sarah e eu adorávamos correr atrás dele pela casa.
E sim, o tratamento de Sophia foi longo, Kit destruiu as cordas vocais dela, Gabriel conseguiu fazê-la falar mesmo com suas cordas vocais rompidas. Eu e Sarah levamos John muitas vezes para a minha casa para que Sophia pudesse passar a noite no hospital. Brass ficava com ela, mas é claro que Gabriel podia muito bem fazer o que quisesse com ela enquanto Brass ia para o complexo.
Eu peguei meu telefone disquei o número de Gabriel, coloquei no viva voz e logo ele atendia.
"Alô? Aqui é Gabriel."
"Oi." Eu respondi, ele demorou a falar novamente.
"Oi, Simple. Eu esperava sua ligação. Você iria ligar os pontos mais cedo ou mais tarde."
"É." Eu disse simplesmente.
"Mais uma vez meu passado volta a me assombrar. Mas eu não sabia que Bishop tinha tido êxito. Eu... Bom, minha palavra não deve valer nada para você, mas..."
"Vale sim, Gabriel. Nós acreditamos em você. Conte tudo e saiba que não julgaremos você. Tudo ficou para trás." Caim disse, ouvimos Gabriel sorrir.
"Eu só deixei Bishop passar algumas noites no hospital, Simple, só isso. Eu estava impressionado com a tecnologia dos Chips, eu não acreditava que realmente fosse ele. Ele se passou por um enfermeiro humano em estágio, eu só o deixei fazer alguns exames em Sophia, e passar uma noite cuidando dela, só isso. Eu já estava colhendo informações sobre ela e ele a conheceu, ele cortou a língua defeituosa dela e lhe arrancou as presas. Eu... Eu estava apaixonado e cego de ódio e ciúmes. Eu sei que não é desculpa, mas..."
"Bishop retirou óvulos dela?" Eu perguntei. Essa história iria revirar a Reserva, seria mais uma merda a explodir na cara de Gabriel.
"Não. Ela estava grávida. De umas duas semanas ou menos. Eu fiz o exame e quebrei algumas coisas de ódio. Ela estava bem, não estava se sentindo muito mal, eu acho que por causa das drogas do tratamento de sua garganta. Ela não sabia, Brass não sabia, eu não disse nada, eles estavam tão felizes, John tinha só alguns meses."
"Então Bishop retirou o embrião?" Eu perguntei.
"Sim. Eu não pensei muito nisso, Simple. A chance de dar certo era maior devido ao fato de que Sophia era Nova Espécie, mas ainda assim era apenas uma tentativa." Ele disse.
"Você já contou para eles?" Caim perguntou.
"Não. Mas o fato de que o sequestrador é ofídico e se parece com Brave já se espalhou. Eu vou falar com eles." Gabriel disse e suspirou.
"Eles vão te perdoar, sabe disso não é?" Eu disse.
"Sim, eu sei. E isso é o pior. O perdão existe para quem perdoa, Simple. Ele traz alívio à nobre alma que o libera com sinceridade, mas a alma má que prejudicou, que fez o mal e foi perdoada, continua podre, continua escura e feia. O perdão é um castigo, Simple. Só nos mostra o quanto somos indignos. O quanto somos pequenos, incompletos e imperfeitos." Gabriel disse, eu engoli em seco.
"Eu não concordo. Ser perdoado tira o peso do mal que foi feito. Ser perdoado significa que podemos ser melhores, podemos aprender com nossos erros e nos leva a fazer o bem. Nos leva a termos compaixão pelos malvados, pois já fomos maus e superamos isso. O primeiro passo para uma mudança de alma é ser perdoado." O filhote disse, eu o olhei, ele deu de ombros.
"Meu pai dizia isso. Ele era um bom homem, um ótimo pai." Ele contou.
"Obrigado pelas gentis palavras, meu jovem. Espero que você e seus pais nos visitem algum dia. Você vai adorar sua família biológica, principalmente a sua avó." Gabriel disse. Ele ignorou o verbo no passado, eu também.
"Bom, fique em paz, Gabriel."
"Vou ficar. Ligue sempre que precisar. Eu estou orando fervorosamente para que você encontre Ann, Simple. Se há alguém que pode fazer isso, esse alguém é você." Ele disse a título de despedida.
"Eu vou encontrá-la." Eu disse.
"Sim, vai. Ainda mais ajudado por Caim que tem a especial capacidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo." Gabriel disse, Caim riu sua risadinha de filhote levado.
"Quando falar com sua outra versão, diga a ele que você não é tão sério. Que os dentes dele não vão cair se ele sorrir um pouco mais." Gabriel disse, até Luke riu.
Quando ele desligou, Caim pegou seu telefone e discou.
"O que é?" Nick atendeu. Aquele filhote era tão pé no saco quanto Hon.
"Você está dando bandeira. Poderia ser mais educado e sorridente, por favor?" Caim disse.
"Não. Me ligou só para isso? Estou ocupado."
"Fazendo o quê?"
"Estou no hospital, Cinco comeu muito sorvete. O idiota do enfermeiro primata lhe deu um soro e disse que é melhor esperar. Eu discordo, mas aparentemente você nunca se interessou por medicina, então eu não posso sugerir nada."
"Não pode mesmo! E deixar o intestino se limpar da infecção é o melhor."
"Você diz isso por que não é você que o leva ao banheiro! Mas tudo bem, eu não devia ter deixado ele comer tanto. Ele está maior e parece mais inteligente que o esperado para a idade dele, já investigou isso?" Nick perguntou.
"Sim, mas isso fica para outro dia. Sorria e converse mais. Esse é o acordo." Caim exigiu.
"Ok." Nick disse e desligou na cara de Caim, eu tive que rir.
"Você sempre obedeceu cegamente ao Tio Hon, não se esqueça disso." Caim me disse, eu ri um pouco mais.
"Nick me parece mais mau humorado que Hon. Que pena para você." Eu tripudiei.
"Certo. Eu já disse tudo o que queriam, que tal irem embora?" Luke disse nos olhando com um ar de enfado. Ele era muito parecido com Gift.
"Ah, mestre Luke, está tarde. Eu já mandei prepararem um quarto para eles. Seus pais voltam amanhã a tarde e vão gostar de conhecê-los." A humana disse.
Luke deu de ombros e saiu da cozinha nos dando boa noite, a humana saiu correndo atrás dele.
"Não seria fácil sugestioná-lo." Caim disse.
"Não iremos precisar fazer isso."
"Que tal me contar tudo? Eu já estou..."
O meu telefone tocou, eu atendi.
"Simple? Você conseguiu despertar minha atenção. Me encontre amanhã nesse endereço." Ele disse o endereço e desligou, Caim rosnou.
"Inglaterra? Sério?"
"Sim, mas você fica aqui." Eu disse, ele fechou a cara.
"Pai..."
"Não, Caim. Aqui você estará seguro. Eu poderei falar com o clone do mal sossegado."
"O clone do mal? Pai!"
Ele rosnou, eu o abracei.
"Vai dar tudo certo, filhote."
"Eu odeio o jeito com que você faz as coisas, odeio!" Caim disse, mas ele me abraçou de volta.
"E eu te amo." Eu disse me enchendo mais uma vez do cheiro dele.

FILHOTES - LIVRO 3Onde histórias criam vida. Descubra agora