CAPÍTULO 20

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Já era noite fechada na Califórnia, minha sobrinha já devia ter nascido, mas ninguém tinha ligado. Eu me lembrei de Cam me ligando de manhã, dos xingamentos dele e a saudade bateu forte em meu peito, eu suspirei e entrei na lanchonete. Era apenas o começo da tarde na Inglaterra.
Moses já estava lá, ele tomava um suco tranquilamente e eu o examinei. Os mesmos traços do meu tio, o mesmo jeito adorável, a mesma postura. Mas era só isso. Seu olhar era totalmente diferente, tanto que quando pousou os olhos azuis cristalinos em mim, um arrepio me tomou. Maldade. Pura.
Eu fui até ele, a garçonete estava trazendo dois copos de suco, abacaxi com laranja, ele sorriu para ela, ela colocou a bandeja na mesa com um baque. As pernas dela devem ter amolecido, o sorriso do meu tio fazia isso com as fêmeas.
"Eu pedi para você, Simple. É delicioso." Moses disse, a garçonete sorriu um triste sorriso.
"Eu estou sempre tentando fazer como Beth fazia, eu acho que consegui, mas..."
"Sim, você conseguiu. Era o gelo." Moses disse.
"A quantidade, não é?" Eu perguntei para a garçonete, ela baixou os olhos.
"Ou o formato? Seria uma forma de gelo em particular? A quantidade certa de cubos dessa forma em particular." Eu mesmo me respondi, a garçonete arregalou os olhos.
"É. Beth tinha trazido de casa. Cinco cubos." Ela informou, eu sorri da cara fechada de Moses.
"Destrua a forma e sempre que fizer esse suco para ele, adicione veneno de rato, daquele pacotinho que está na despensa." Eu a sugestionei, ela se virou e voltou para a cozinha com uma expressão vazia. Será que eu tinha exagerado? Humanos reagiam diferente à sugestão, ela não merecia ter sua mente prejudicada. Eu iria na cozinha depois.
"Acha que pode me atingir com um simples suco?" Moses perguntou, mas eu conhecia meu tio bem demais para saber que o deixei puto. Muito puto.
"Eu só não queria enrolação." Eu disse e tomei o suco, Moses me olhou com pena. Era o último copo. E sim, que droga, era delicioso!
"Você só queria me mostrar que pode passar por minhas visões. Que pode me surpreender, mas é só um suco." Ele disse.
Não era. Havia algo por trás na história desse tal suco e eu tinha de investigar.
"Onde está Beth?" Eu perguntei e ele piscou várias vezes. Ele parecia mais novo que Adam e Noah, seu nome indicava isso, mas eu não imaginava que fosse tão mais novo.
"Você quer as coordenadas do aquário em que Ann está, não é? Por que do nada está enrolando?" Ele perguntou, eu o encarei.
Os olhos dele ficaram distantes, exatamente como os do meu tio ficavam e diferente dele e de Noah, Moses não tentou disfarçar. Eu me aprumei, era uma visão ou várias e ele estava desfrutando daquilo, eu senti seu deleite. Ele vivia para aqueles momentos.
"Você não vai encontrá-la." Ele disse e era tudo o que eu precisava.
"Quer apostar?" Eu sorri, ele fechou a cara. Era estranho dizer coisas que vinham a minha mente sem pensar antes, eu estava curtindo essa conversa.
"Não é prudente apostar contra mim. Eu vejo o futuro."
"Não o meu. Minha mente é fechada e eu penso mais rapidamente que você. Eu posso mudar as suas visões. E eu vou levar Ann, o filhote e os netos de Brass para casa." Eu disse, ele se recostou contra a cadeira e me encarou. Eu sorri o sorriso de Cam, debochado, ele torceu a boca. Clones faziam tudo o que suas matrizes faziam, mesmo nunca tendo encontrado com elas. Moses era uma prova viva disso.
"Me fale sobre os meus irmãos." Ele pediu, eu sorri. O meu sorriso mesmo, eu estava me sentindo a vontade com ele. O sorriso de Hon viria mais tarde.
"Peter é..."
"Você sabe muito bem que Hunter não é meu irmão." Ele disse o apelido de Peter com desprezo, ele só queria me mostrar que sabia da história de Peter. Que o sofrimento que Peter sofreu em sua infância nas mãos de Marshall e de Gabriel não o afetava em nada.
"Romulus então. Ele quer te matar, a propósito." Eu disse e sorri olhando para o corpo dele com pena nos olhos. Músculos por toda parte, mas nada de força. Cam nos ensinou que exercícios para nós não era suficiente. Trabalho pesado, isso sim nos deixava fortes, isso sim desenvolvia força em nossos músculos. Aquele clone desenvolveu os dele em aparelhos de academia e apanharia de qualquer um dos filhotes de meu tio. Peace só brincaria com ele, não seria desafio nenhum. Noah... Noah arrancaria o coração dele sem esforço algum.
"É, eu sei. Um idiota com telepatia." Moses balançou a cabeça com pesar.
"Fala isso por causa da minha irmã? Acha que o amor dele por ela o transforma em um idiota?" Eu perguntei, ele travou o maxilar. Meu Deus! Ele gostou de Daisy.
"Ela é gostosa, eu te dou isso, mas..." Eu rosnei e mostrei meus dentes, isso não estava nos meus planos, mas eu não deixaria ele falar qualquer coisa sobre Daisy.
"Eu adoraria ver ela chutar as suas bolas. Talvez isso aconteça?"
Ele ficou calado. Então também via possibilidades? Eu daria um beijo em D assim que chegasse em casa.
"Pode ser, pode não ser? É assim que Lily diz. Você também tem esse dom? Curioso."
"Eu vejo. Só." Ele disse com o rosto contrariado.
"Romulus nasceu alguns dias antes de Peter o que o faz ser o mais velho, já que não sabemos a idade de Quinze. Bishop, o pai, não lhe ministrou nenhuma droga quando ele fez dois anos devido a sua capacidade telepata e ele cresceu sendo relativamente bem tratado, Mônica morava com eles, ela e ele eram como irmãos. Dean também era bom para eles, Bishop 'morreu' e assim Romulus teve uma boa vida." Eu contei, ele assentiu.
"Eu o via. Eu sou mais novo. No início, eu achava que era eu, eu acreditei que teria uma amiga loira e bonita por um bom tempo. Eu vi quando Bishop lhe torceu a calda na primeira vez. Eu era pequeno, eu chorei muito." Ele disse com voz seca.
"Ela é médica agora. Você ainda a vê?"
"Sim. Ela terá uma filha. Uma exatamente igual a ela, um clone dela." Ele sorriu ao dizer isso, um sorriso malvado que me mostrou que ele não era como os outros.
"Adam e Noah são gêmeos, o embrião se dividiu. Adam vê o passado, Noah vê o futuro como você e..." Ele bufou, eu esperei ele me corrigir.
"Ninguém vê como eu. Principalmente Noah. Acha que eu não sei que ele guarda o que vê para si? Que não tem nenhum dispositivo de escape? E que não interage, nem manipula o que vê?" Ele riu.
"Noah é um idiota. Ele está preso na sua busca por humanidade quando não somos humanos." Ele disse e aquilo me surpreendeu.
Novas Espécies eram diferentes dos humanos. Nós podíamos sentir como eles, mas não éramos como eles exatamente por não podermos fugir a nossa natureza. Éramos essencialmente puros e não poderíamos fugir disso. Eu era a prova viva disso, eu acordava e ia dormir pensando numa forma de matar Brian, mas eu nunca faria isso e não precisava ser um vidente para saber disso.
A natureza humana era boa. Humanos nasciam puramente bons e inocentes, mas tinham o livre arbítrio de escolher entre a bondade e a maldade. Essa escolha acontecia muito cedo, muito mesmo e quase sempre era por um meio termo entre bondade e maldade e era isso que os corrompia. Por que a maldade coexistia com a bondade, mas a bondade não. Não existia algo quase bom, ou meio bom. Ou era bom ou não. Esse era o erro primordial da Humanidade, acreditar que a maldade poderia ser necessária às vezes quando isso não existia. A maldade se mesclava às coisas, aos sentimentos e emoções por que isso os  maculava. Isso lhe permitia existir em tudo. Encoberta, imperceptível. Mas estava ali.
"Noah não é humano." Eu disse procurando uma explicação para o que ele disse.
"Ele é um clone. Clones não são Novas Espécies, não tem a essência deles. Estamos mais próximos dos humanos que vocês."
Eu me lembrei de Adam e Rosalie. De como ela sofreu e de como Adam não a quis quando voltou. Do ciúme excessivo dele de Chimes, dele batendo em Destiny.
"Bom, o que mais quer saber?" Eu perguntei, aquela conversa estava meio inútil. E eu não falei nada sobre Adam de propósito. É claro que a conversa 'me fale sobre meus irmãos' era só uma forma de esconder o interesse dele em Adam.
"Vamos negociar. Afinal você deve estar muito ansioso para conhecer sua sobrinha, não é? Quer ver se ela se parece com sua filha que morreu." Ele disse, eu não esbocei nenhuma reação.
"E a resposta é sim. Ela é como vocês, não tem nada de... Ah, espere..." Ele sorriu, um sorriso malévolo, como se o que ele estava vendo fosse terrível e ele estivesse gostando. Os olhos ficaram quase brancos, eu apertei a madeira da cadeira em que estava sentado.
"Ela tem a sede. Tudo bem pra nós. Não será a primeira. Temos Netinho e Ísis, não é nada demais." Eu disse, ele ergueu as sobrancelhas e deu de ombros.
"Se você diz."
E é claro que meu coração disparou. Uma filhotinha parecida com Hon, ou  seja, parecida comigo! Eu estava louco para sair dali. Caim iria adorar conhecer sua priminha. Talvez isso até derretesse o coração de gelo de Nick e ele acabasse por se resolver a ir morar na Reserva.
"Então, Adam vê o passado." Ele começou, eu assenti.
"Isso não existe, você sabe. O que fazemos é puro exercício mental, não é mágica." Ele continuou, eu dei de ombros.
"E ele é Vengeance? É isso?" Ele perguntou e eu tive de rir. Eu não sabia se a inocência dele era uma coisa boa ou ruim, provavelmente seria ruim, mas eu o tinha nas mãos e nem precisei ser um especialista para isso.
"Sabe, Wide foi muito mais difícil que você. Cam se borrou todo quando foi buscá-lo e ainda tivemos de escondê-lo pela segurança das fêmeas. Você nem me fez suar." Eu disse, ele riu.
"Eu sou meio ingênuo, eu concordo. Eu vivi muito pouco, eu sou bem mais novo, eu devo ser alguns meses mais novo que Adam e Noah e vivo muito tempo preso. Mas o que importa é a minha persistência e resiliência. Minha fé de que o que eu planejei para nosso povo é o melhor caminho. Eu vou conseguir, Simple. Você será o primeiro a ser eliminado quando a hora chegar. Eu vi isso e nada que você faça poderá mudar isso."
Ele disse com voz macia e os olhos doces. Eu não devia subestimá-lo, por que ele podia ver os erros em seu plano e corrigí-los. Eu, sozinho, era pouco para combatê-lo.
"Tá, tá. Seus devaneios de conquista do mundo me dão dor de barriga, então, negociemos."
"Sou todo ouvidos." Moses sorriu. Eu senti aquela camaradagem que os sorrisos do Tio V traziam e sorri de volta. Eu não o odiava, não era possível quando eu amava tanto o meu Tio.
"Vou te dar duas alternativas e você vai escolher." Eu disse, ele ergueu as sobrancelhas surpreso.
"Você é mesmo diferente dos outros. Você é inteligente demais para que eu diga que você não tem como o que barganhar."
"Que bom que você não desperdiça nosso tempo."
"Diga logo."
"Ok, Moses. Vamos lá. A primeira alternativa é que você me diga onde Ann está e eu lhes dou Brave. Enquanto demoraram anos para conseguir dez filhotes, Brave pode lhes dar dez filhotes numa única vez, basta terem dez fêmeas." Eu disse, Ele fechou a cara. Estaria vendo as possibilidades?
Eu achei que sim, pois seu rosto escureceu. Era uma baita oferta e ele não era dono de si mesmo. Ele era dependente de seu dono e o dono dele queria lucro, os devaneios de dominação mundial pelos Novas Espécies com Moses no comando era um plano alternativo do próprio Moses. Algo que ele arquitetava por trás das ações do Submundo.
"A outra alternativa?" Ele perguntou e eu senti frio. Maldade, Moses era movido a isso. Ele tinha escolhido um caminho onde todos eram meros peões num jogo que ele jogava consigo mesmo e eu estava atrapalhando esse jogo. Sua pouca idade não tinha influência nenhuma no que ele estava disposto a arriscar, a usar. Ele tinha uma alma velha, uma alma que ele herdou diretamente de Adriel, o pai. Isso não era pouca coisa.
"Você se nega a me dar as coordenadas do aquário e eu encontro Ann e os Ofídicos sozinho. Vai levar tempo, eu te dou isso, mas você não será capaz de ver se terei êxito ou não e no caso de eu ter êxito, seu dono irá te matar."
"Ou eu dobro os lucros do meu dono, ou eu permito que sua fonte de lucro 'possa' ser perdida. Boa jogada." Ele disse fazendo aspas na palavra 'possa', mas eu sabia que ele acreditava em mim, ele sabia que eu poderia encontrar quem eu quisesse no mundo. Eu acenei com a cabeça.
Ele ficou em silêncio, eu esperei.
"Ann está grávida e esse bebê é precioso, já há até um leilão. Você não tem como achá-los por agora, então, eu não tenho outra alternativa que me negar a aceitar Brave em troca deles, é uma pena." Ele disse e estava mentindo, mas eu fingi que acreditei. Ele cresceu falando a verdade, mesmo que não tivesse os genes do meu tio, que era um péssimo mentiroso, ainda assim eu saberia.
"É, é uma pena. Mas Brave se divertiu muito vindo comigo para Andorra." Eu disse e sorri, ele me encarou confuso.
"Por que está me dando a localização dele?"
"Por que você não irá arriscar perder alguns aprimorados tentando capturá-lo." Eu disse, ele travou o maxilar.
"É, não vou. É engraçado no entanto que eu não o vejo matando nenhum dos meus homens."
"Não. Brave não é um assassino. Mas ele está com Ananyia, então..." Eu disse, ele se levantou tão rápido que sua cadeira caiu para trás.
"Ananyia não..." Ele arregalou os olhos, eu sorri.
"Mas que... Mas que porra!" Ele disse, alguns humanos se levantaram de suas cadeiras.
Ele pegou o telefone e discou, eu me sentei e pedi mais um suco.
"Ananyia? Onde você está?" Ele perguntou e eu ouvi Ananyia responder que estava na Inglaterra como ele tinha mandado e que já tinha cumprido o que Moses tinha ordenado."
"Você fez sexo com Brave, porra! Você não tem como..." Ele parou de falar e teve uma visão. Uma que ele não gostou de ver, seu rosto se contorceu.
Eu ouvi Ananyia dizendo que tinha feito o que ele mandou, que suas habilidades estavam intactas.
"É, eu vejo. Bom trabalho, volte para Andorra e..."
Ananyia o interrompeu dizendo que estava indo para a Reserva, que Brian tinha reservado um avião particular para ela.
"Não. Não vá para a Reserva." Moses disse e desligou.
Eu fiquei pensando que tipo de tarefa Ananyia realizou para Brian. Seria...
"Ela não perdeu seus poderes, não houve troca de fluídos. Mas você esperava por isso, não é?" Ele disse, eu sorri.
"Ananyia fabricou o vínculo não foi? E ela precisa reforçar a ação, a mente de Flora não é como as outras, é isso?" Eu perguntei, e sim, minha voz soou desesperada.
Moses sorriu. Ele tinha virado o jogo, provavelmente fingiu o acesso de raiva.
"Eu não ligo para sua vida, da de Brian e Flora, ou para a de Ananyia. Mas Ananyia é necessária, ela é preciosa e desde que continue neutra, não a forçamos muito. Ela sabe disso, é por isso que sempre se manteve afastada de vocês." Eu o encarei com os olhos de Hon, tinha chegado a hora do tudo ou nada.
"Mas uma informação como essa tem um preço, Simple." Ele concluiu. Tinha mesmo. Eu daria minha vida para ter essa certeza. Para saber se o vínculo tinha sido fabricado ou não.
"Diga seu preço." Eu disse.
"Sua irmã." Moses disse e eu me recostei na cadeira. A garçonete veio com meu suco, eu tomei e estava delicioso, quase como o outro.
"Que pena que você nunca mais irá tomar um suco como o que Beth fazia. Na verdade, nunca mais irá tomar suco nenhum aqui." Eu disse com um sorriso.
"O que me diz de minha oferta?"
"Não." Eu disse.
"Ser um vínculo falso ou verdadeiro é a questão?" Moses perguntou, eu ergui meu queixo. Pra mim era. Saber disso mudava tudo. Eu olhei nos olhos dele e eu vi que ele estava se referindo ao fato de que se fosse mesmo obra de Ananyia não haveria volta. Ele sorriu.
Não importava se Flora tinha se vinculado a Brian de forma natural ou não, o que Ananyia fazia era definitivo. A mente de Flora podia sim lutar contra, mas as consequências seriam piores. Se Ananyia mudou os neurônios dela, mesmo que Flora conseguisse diminuir os efeitos do que Ananyia programou, ela não podia mudar toda sua mente, ou seja, se a hipótese de que o vínculo foi fabricado por Ananyia estivesse certa, lutar contra a mudança de Ananyia traria loucura. Ou Flora vivia feliz com Brian ou louca sem ele.
"Me dê a informação e eu fico te devendo." Eu disse.
Ele balançou a cabeça, eu dei de ombros. Só o fato de estarmos falando daquilo significava que sim, que havia uma grande possibilidade de Ananyia ter fabricado o vínculo. Mas eu lidava com certezas.
"Eu vou ver tudo o que acontecer a partir dessa informação, é assim que funciona." Ele disse.
Eu estaria nas mãos dele. Valeria a pena? Eu pensei em Ann, em Kit e em Daisy e suspirei. Não, eu tinha de ir por outro caminho.
"Ok. Você não quer Brave e eu tenho até o filhote de Ann nascer para resgatá-los. Tudo bem pra mim, já resolvi problemas maiores com menos informações." Eu me levantei.
"Vai voltar para a Reserva. Vão te receber como herói, mesmo sendo um filho da puta." Moses rosnou o xingamento.
"É assim que nos tratam quando nos amam, Moses. Pena que você nunca saberá o que é isso."
Ele olhou para os copos de suco, eu sorri o sorriso de Hon.
"Desfaça a sugestão." Ele me olhou com os olhos do meu tio, eu perguntei:
"Vai confiar em mim?"
"Não é confiança quando eu posso ver."
"Você já viu sua filhotinha?" Eu perguntei.
"Sim. Cabelos de fogo e olhos azuis. Os meus, não os dela. Forte, os gritos dela vão estremecer a Reserva. Ela vai se apegar a Honor de tal forma que vai bater nos filhotes dele." Ele disse sem emoção na voz. Nada.
"Aceite Brave, Moses." Eu pedi. Era esse meu plano. Brave e Ananyia foi um impulso, mas graças a Deus eu o instruí a não trocar fluidos com ela, já que ele seria o único que eu poderia confiar que não se deixaria levar pela emoção. Brave era até meio frio quando o assunto era sexo, engraçado como nem ele sabia disso. Até que se vinculasse, sexo para ele seria apenas prazer, muito prazer, prazer pleno, mas só isso.
"Brave sabe que você está barganhando com a vida dele?"
"Não, mas ele é precioso demais para o tratarem mal. E os filhotes que ele tiver sempre podem ser resgatados, fora que o poder de atração que eles têm os assegura bons tratamentos também. E ele é como qualquer um de nós, ele daria sua vida por Ann."
"Ok."
Ele disse, eu me levantei e me dirigi a cozinha, ele foi atrás de mim. Eu fiz o suco, a cozinheira e as duas garçonetes se encantaram com nossa presença na cozinha e eu fiz carne para elas.
Moses tomou e assentiu, eu desfiz a sugestão e fui embora.
Meu telefone tocou, era Caim.
"Oi." Ele disse e sua voz não indicava que me daria uma notícia boa, minha coluna arrepiou.
"Passa para o Brave. Já está tudo pronto?" Eu perguntei.
"Sim. Malas prontas, tudo arrumado e limpo. O gerente me autorizou a limpar alguns quartos, foi divertido." Ele contou, eu rosnei.
"Sem mim? Está de castigo." Eu disse, ele não riu como eu esperava e meu coração gelou. Brave pegou o telefone.
"Oi, Simple. E então? Temos um rastro?" Ele perguntou.
"Não. Uma barganha. Você por Ann." Eu disse e esperei, mas Brave era filhote de Brass, não demorou muito para ele responder:
"Ok. Virão me buscar?" Eu sorri. Depois do meu Tio, Brass era meu preferido e dos filhotes dele, eu não sabia bem se gostava mais de Brave ou de John. Gift era um caso perdido.
"Eu sinto muito, Brave. Sinto mesmo."
"Tudo bem, é a Ann. Será uma pena para o resto das fêmeas do mundo, mas eu fico feliz por ajudar."
"Você está salvando a vida dela, dos filhotes e de seu irmão. Não é uma simples ajuda."
"E eu ainda serei o cativo mais bonito de nosso povo, não se esqueça disso."


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