CAPÍTULO 10

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Brave entrou na sala de treinamento, Dezesseis saiu imediatamente, Miracle riu, ele o desafiou.
Miracle foi pra cima dele como um rinoceronte, Brave desviou. Miracle voltou a atacar e novamente Brave desviou, afinal foram anos tomando cuidado com sua carinha bonita para deixar um turrão como Miracle lhe dar um olho roxo.
Brave cansou Miracle, todo mundo vaiava, mas entre agradar àqueles idiotas e ficar com sua carinha ainda bonita, a segunda opção sempre seria a escolhida.
Até que Miracle conseguiu encurralá-lo contra uma parede, Brave acabou se afastando muito, Miracle sorriu, Brave quase parou a luta, mas Miracle lhe acertou o estômago. Foi como se uma grande estrutura de ferro puro lhe caísse sobre a barriga, o ar saiu todo de seus pulmões e Brave cuspiu sangue. Miracle voltou a carga dessa vez lhe chutando a cabeça de lado, Graças a Deus que foi de lado, mas Brave estava preso.
"Na cara, Miracle!" Alguém gritou todo mundo fez coro, Miracle armou um soco atacou, Brave desviou, Miracle socou a parede e sua mão ficou presa. Brave, que estava puto com a audácia de Miracle em lhe socar a cara, coisa que ele nunca faria, mesmo que Miracle não fosse bonito como ele, arranhou o lado de Miracle. Na hora, Harley entrou no meio, Miracle uivou, Brave só ajeitou seus cachos que já tinham crescido bem desde que teve de fazer o sacrilégio de cortá-los pelo bem de Bronzy.
Miracle uivava, Harley e Brass começaram a discutir, Brave simplesmente saiu dali, ninguém o impediu.
Ele não tinha para onde ir, essa era a verdade. Seu nariz procurou o cheiro de Dezesseis sem ele querer e a sentiu na casa da vovó Ann. E só então Brave percebeu o quanto estava perto da casa da Vovó! Ele não tinha nenhuma desculpa para justificar ter aparecido nas terras de Dusky, que porra!
Kevin apareceu, Brave não fez caso dele, afinal a Zona selvagem era um lugar público, ele poderia muito bem estar indo na casa de... De... Mas que porra! Os machos que moravam perto odiavam visitas todo mundo sabia!
"Não está muito longe da sua casa, Brave?" Kevin disse parando a frente de Brave depois de pular da árvore em que subiu. Primatas! Viviam colados nos troncos, Brave amava o chão firme sobre seus pés.
"Eu poderia te dizer a mesma coisa, afinal você não mora aqui."
"Meu avô mora." Ele cruzou os braços e se esticou. Brave odiava o fato de ser menor que a maioria dos filhotes, principalmente dos primatas. Era claro que uma beleza como a sua pedia proporção e ele era simétrico da cabeça linda aos pés, mas às vezes ele queria ser maior.
"Eu estou andando a toa. Não prestei atenção e acabei aqui."
Ah, a verdade! Ou as meias verdades! Kevin o encarou e relaxou.
"É, as vezes isso acontece comigo." Ele disse e se encostou numa árvore.
"Problemas no paraíso?"
"Sim, e graças ao seu irmão."
"O que Gift fez?"
"Tá vendo! Nem passou pela sua cabeça que poderia ser John ou que Gift não faria uma coisa dessas! Mas ninguém acredita em mim!"
Brave não estava interessado na vida ruim de Kevin, ele era o sortudo que namorava a doce Rubi, uma das fêmeas mais cordatas e submissas dali. Mas o cheiro de Dezesseis chegava ao nariz dele e era um cheiro tão bom que ele se encostou em outra árvore e disse, rendendo o assunto:
"Eu não entendi. Você acha que Gift fez algo, mas ninguém acredita em você. Mas Gift não mente, é só enfrentá-lo e..." Brave parou de falar.
Deu uma vontade de rir nele, então ele engoliu em seco. Kevin era um ótimo filhote, ele não iria rir.
Mas a idéia de Kevin confrontando Gift era tão absurda! Kevin, gigante e sim, muito forte, Brave lhe dava isso, mas primata, dono de um grande coração bobão confrontando seu irmão mais frio e malvado. Gift nem gostava de lutar, para ele se não machucasse alguém pra valer não tinha graça! Gift mastigaria o bonitinho do Kevin no café da manhã.
"Só enfrentá-lo, você diz. Eu não tenho por que lutar com ele, isso não me ajuda em nada!" Brave entendia.
A Reserva era um lugar de alfas e betas e tudo bem, Joe sempre foi contado como beta e isso estava tão longe da verdade que nunca mais ninguém se referiu a ele assim.
Brave era um beta, qual o problema? John e Gift eram alfas e eram dois idiotas.
Mas uma luta na sala de treinamento não era pra valer, nunca era. Se Kevin desafiasse Gift, os dois lutariam, Kevin usando sua força, Gift usando força, mas também instinto, frieza e crueldade. Kevin apanharia e Gift ainda sairia em silêncio.
"Ok. Que tal você lavar as minhas costas e eu... Cara! Mesmo sendo só uma expressão, imaginar você pelado de costas me dá até coceira!"
"Eu entendi, Brave. Você me ajuda, eu te ajudo."
"Isso."
"Com Dezesseis."
"Sim." Brave sorriu. A sorte era apaixonada por ele! Do que adiantava ser um alfa azarado? Sua carinha bonita era também um talismã de boa sorte, ele sempre soube disso.
"Você só vai falar com ela. Com Dezessete perto." Kevin disse fechando a cara. Brave pensou rapidamente em qual sorriso usar, o arrasador, ou o humilde com uma pitada de gratidão?
O arrasador despertava inveja, então, logo Kevin desmanchava a cara feia com a segunda opção.
"O que posso fazer por você?"
Brave perguntou. Kevin olhou para o chão. Os olhos dele eram legais, bicolores, o que Brave agradecia aos céus por não ter, mas o azul era verde manchado de azul, chamava a atenção.
"Opal está interessado em Rubi. E eu acho que seu irmão deu alguma coisa para ajudá-lo a tomar Rubi de mim."
Brave ficou algum tempo esquecido de fechar a boca. Gift não faria isso!
"Eu não acredito nis..."
"Viu? Eu fui até a casa de seu irmão, ele riu de mim e disse que eu estava delirando, mas Opal apareceu sem motivo algum aqui e está no prédio dos machos. E..."
"Tá, tá, não me lembre disso, eu sei muito bem que aquele pau no cu do nada se tornou a sensação das fêmeas. Ele disse que seus irmãos são levados demais e que seus pais o autorizaram a vir pra cá. Isso não é verdade?"
"Você acha que um macho adulto não seria capaz de cuidar de dois filhotinhos? Dois filhotinhos iriam esgotar a paciência de um macho daqueles?"
"Olha só, eu sou a última pessoa a poder concordar contigo. Meus irmãos às vezes parecem vindos diretamente do inferno. Tente separar uma briga de gêmeos, sejam machos ou fêmeas, é uma merda."
"Seus irmãozinhos tem uma mordida extremamente dolorosa, os irmãos de Opal são caninos normais."
Brave franziu o nariz, Kevin rosnou.
"Ele está aqui atrás dela! E seu irmão..." Brave o interrompeu, dava pena ver um macho transtornado por uma ameaça imaginaria daquele jeito.
"Eu vou ver meu irmão, vou tentar arrancar dele alguma coisa, ele não mente para mim. Mas tem de prometer que, se isso for o óbvio, ou seja, que você está delirando, ainda vai me ajudar.
"Sim, eu prometo. Eu lavarei as suas costas." Ele disse e sorriu, Brave sorriu de volta.
Ele tomou o caminho de volta para a área familiar, se dirigiu à casa de Gift, quando entrou Abel mamava em Matilda o cheiro de leite o tonteou. Leite era tão bom! Sua mãe produzia leite a anos sem parar por causa das gravidezes e seu pai estava meio viciado. Brave entendia.
"Tio Brave!" Abel largou o seio de Matilda, Brave desviou os olhos para o filhotinho. Matilda não guardou o seio, Abel conversava com as pessoas e depois voltava a mamar.
"Oi, campeão! Tomando um leitinho de tarde?" Brave perguntou, Abel fechou a cara. Ele era muito inteligente, já que era um clone de Caim que era um clone de Simple.
"Por que pergunta? Não está vendo?" Ele disse.
Antes Abel se comportava como um bebê, mas agora ele era um idiotinha todo arrumadinho, inteligente e meio brigão.
"Eu só joguei conversa fora, Campeão. Eu vim ver Antony." Brave disse, Abel ergueu uma sobrancelha.
"Você esteve com Kevin. Ele lhe pediu para vir?" Brave teve de segurar o espanto. Que pestinha!
"Não. Eu fui andando até as terras de Dusky e Dezesseis estava lá. Eu não sei se..."
"Eu sei, ela tentou compartilhar sexo com você se passando por uma prostituta do meu tio Cam, mas tio Noah impediu. Todo mundo sabe."
Brave apertou os lábios.
Se ele não tivesse parado para conversar com Noah! Como ter cumprimentado aquele macho colocou tudo a perder? Seria uma surpresa incrível entrar no quarto de Wide e ao invés de uma das fêmeas de Candid ser Dezesseis deitada nua na cama.
Foi uma pancadaria tão grande que Broad estava reformando a casa agora.
Brave só conseguia lembrar dos olhos distantes, frios, de Noah olhando além dele, provavelmente tendo uma deliciosa visão dele e de Dezesseis em pleno ato de amor. Noah lhe deu um soco que lhe bambeou os dentes, Miracle voou nele, Dezessete voou em Miracle. Harrison, que nunca ia nas festas deles, só afastou a mesa e comeu toda a comida. Dezesseis saiu do quarto enrolada num lençol, puxada pelo braço por Josh, aquele hipócrita. Josh adoraria se ela estivesse esperando por ele! Brave não acreditava que Josh a visse como irmã, mas não mesmo!
Os gêmeos de Grace estavam lá e eles simplesmente enlouqueceram quando viram a prima deles daquele jeito. Storm chutou a cara de Josh e por mais que foi engraçado, Josh estava do lado deles.
Brave é claro se jogou na confusão, seu maxilar já estava quebrado mesmo. Deu para dar um soco bem no olho de Noah, o olho inchou que ficou bonito de se ver.
"Tio!" Antony veio correndo com os bracinhos estendidos, Brave o jogou para o alto, seu sobrinho se dobrou de rir.
Ele até gostava dos filhotinhos de Bronzy, ele gostava, mas eles mordiam até o ar. Antony não, ele era fofo e bonzinho.
"Veio se oferecer para passar a noite aqui? Eu agradeço." Gift disse tomando Antony dos braços de Brave.
"Eu já disse que eu fico, Papai." Matilda disse, Gift fez que não.
"Não. Você e Péricles vão sair comigo e Mony. Brave fica aqui. Caim também vai vir dormir aqui."
"Oba!!!" Abel bateu palmas, ele nem parecia o filhotinho intrometido de minutos atrás.
"Que horas vocês vão sair?"
"E quem sabe? Beauty e Jewel vão vir arrumar Mony, eu só espero chegar na Nancy antes dela fechar."
Matilda riu e saiu dizendo que iria se arrumar também. Abel tomou Antony dos braços de Gift e sumiu no corredor dos quartos.
"Ele tem quantos anos?"
"Um e pouco. Mas está se desenvolvendo mais rápido que o próprio Caim. Cinco só fica no quarto lendo. Ele lê uns dois livros por dia. Mony e Matilda estão muito preocupadas, por isso iremos sair."
"Eu não sabia que você precisaria de mim, eu lutei com Miracle e acabei arranhando-o, papai e Harley discutiram eu fiquei sem lugar para ir."
"Você veio a mando de Kevin. Eu não dei nada para Opal." Brave rosnou.
"Que droga! Eu nem encostei nele!"
"Eu ouvi a conversa. Eu sinto você."
Brave torceu a boca. 'Eu sinto você! Eu sou maior que você! Eu sei desenhar!' seus irmãos eram uns idiotas!
"Ele só está paranóico, coitado. Você nunca faria algo desse tipo. Usar seu veneno assim, como se fosse uma daquelas poções do Amor dos filmes ruins? Não, não faz seu estilo."
"É." Gift disse.
Brave o encarou, Gift ergueu as sobrancelhas. Ele estava mentindo! Para ele, Brave, seu irmão gêmeo!
"Não é uma poção do Amor. É só um... Ah, não tem nome, ok?"
"Por que ajudou Opal?"
"Por que não? Eu preciso saber se faz mesmo efeito, e Rubi ama Kevin, Opal a beijaria e depois de um tempo ela quebraria a cara dele, tudo voltava ao normal."
"Não. Isso não aconteceria. Rubi se sentiria coagida. Você não tem por que fazer isso. Desembuche."
"Eu preciso de Ananyia. Mas Ananyia não quer nada, ela tem tudo."
"Ela adoraria estudar algo como uma poção do amor." Brave pensou alto.
"Sim. Só o conhecimento a atrai. E eu não tenho como testar o preparado. É por Ann! E isso pode sacudir o romance sem sal de Rubi e Kevin."
"Não deu em nada a sua viagem?" Gift e Brave foram para a cozinha, Beauty e Jewel tinham chegado. Gift colocou um bife na frigideira, seu rosto preocupado foi a resposta.
"Não é possível não existir rastro! Onde está Simple numa hora dessas?" Brave disse meio desesperado. Ele amava Ann como amava Sarah, ela podia... Ele balançou se recusando a pensar no pior.
"Meu padrinho garantiu que ele não será preso se ajudar, Tio V e Tio Valiant concordaram, mas ele sumiu."
"Acha que ele está na pista de Ann?"
"Sim, Brave, eu acho, Simple a ama. Mas ele pensa diferente de mim e um Nova Espécie furtivo é um desafio muito grande. Simple é um farejador, o Nova Espécie é o contrário disso, tenho medo de Simple se seduzir pelo apelo que vencer um Nova Espécie furtivo é e Ann ser prejudicada nessa história. Eu preciso de Ananyia, Brave."
Brave torceu a boca, Dezesseis não o queria, quer dizer, ela quis, mas o idiota do Noah se meteu, então, por que não?
"Ligue para ela. Eu me sacrifico." Ele disse, Gift começou a rir.
"Ela é celibatária, idiota! Ela acredita que os fluidos de um macho podem atrapalhar seus poderes."
Brave deu seu telefone para Gift e esperou. Ananyia era uma fêmea, ele, Brave, era o sonho de qualquer fêmea.
Gift discou, Ananyia atendeu.
"Alô?" Não era ela, era uma filhotinha, seria...
"Daru?" Gift perguntou a filhotinha riu.
"Sim! Você é esperto!"
"Onde está a sua mãe?"
"Mamãe foi para a África procurar a moça loira bonita. Ela acabou de voltar, está dormindo. Ela não achou nada."
Brave lamentou, Gift rosnou. Ananyia era sua esperança! Talvez a última.
"Eu falo com ela depois então. Muito obrigado, querida."
"Eu também fui, não quer falar comigo?" A filhotinha perguntou, Brave tomou o telefone de Gift, Gift não sabia lidar com fêmeas pequenininhas.
"Oi, lindinha! Aqui é o Brave. Você me conhece?"
"Não. Mas já ouvi falar de você." A filhotinha tinha uma voz alegre, animada, Brave se encantou.
"É claro que já. Disseram que sou bonito?"
"Aham." Ela se desmanchou em risadinhas.
"E o que mais disseram?"
"Que você é um bom amante. Mamãe disse que vai explicar o que é amante quando eu crescer, mas eu já sei. Você ama as fêmeas."
Brave riu.
"Nossa! Você é muito esperta!"
"Eu sou poderosa! Eu que descobri que o homem mau não é mau. E também acho que ele não queria levar a moça loira."
Gift deu um tapa no braço de Brave, mandando ele continuar a fazer a filhotinha contar.
"Por que pensou isso, meu bem?" Brave perguntou.
"Ele foi visto por vários humanos. Eles o viram e não viram ao mesmo tempo. Eu consegui uma imagem e nessa imagem, ele estava triste." Gift travou os dentes, sua cara dizia que acabaria com a tristeza do macho com as próprias mãos.
"Como podem tê-lo visto ao mesmo tempo em que não o viram?"
"Você conhece um viperino? Aí na Reserva tem um, seu nome é Matt."
"Matt?" Brave olhou para Gift, seu irmão sinalizou para que dissesse que não conhecia Matt bem.
"Matthew. Ele tem genes de cobra. Ele pode passar despercebido. Os humanos o vêem, mas não registram que estão vendo-o. É como se ele fosse o homem invisível, só que não é ruivo."
"Como se faz para saber a cor do cabelo de um homem invisível?" Gift revirou os olhos, ele não sabia conversar com filhotinhos, estava óbvio.
"No hotel Transilvânia, sabe, aquele desenho?"
"Sei." Infelizmente Brave foi forçado a ver desenhos dos mais variados.
"Ele diz que é ruivo. Então ele é."
"É mesmo! Eu tinha esquecido. E sim eu conheço Matthew. Ele acasalou com Bronzy. Você já viu os filhotinhos deles?"
"Já! Eles são tão bravinhos! Phillip me mordeu. Dói muito."
"Eu sinto muito querida! Sinto mesmo!" Brave lamentou.
"Não. Foi bom! Eu fiquei venenosa. Só por uns dias, mas fiquei. Eu mordi alguns ratos, eles morreram!" Ela disse e riu, Brave riu com ela.
Os filhotinhos de Bronzy eram mesmo venenosos, mas o veneno deles deixavam quem eles mordiam um pouco tontos e depois passava. É claro que nunca morderam humanos, talvez não fosse legal.
"Me fale sobre o macho que levou a moça loira."
"Ele é bonito. O homem mais bonito que eu já vi. Ele tem a pele escura, os olhos azuis e os cabelos negros cacheados. É forte e enorme! Acho que maior que o Tio Tiberius. Ele é bom. Eu sei que é."
"Por que diz isso, pequenina?"
"Eu não sei explicar. Eu acho que ele levou a moça por causa dos filhinhos dele."
"Como sabe que ele tem filhinhos?"
"Eu conheci um. Ele mora perto da gente. Eu falei com mamãe que eu tinha um amigo invisível, ela não acreditou. Ele se chama Howie. Ele pode me fazer ficar invisível também. É tão legal!"
Brave olhou para Gift, seu irmão estava longe, pensando no que a filhotinha contou.
"Ele tem papai e mamãe?" Brave perguntou.
"Não. Ele fugiu. Ele não morava aqui, eu o vi e ele não entendeu como eu podia vê-lo. Agora somos amigos."
"Obrigado, meu anjinho. Eu quero te dar um presente, do que você gosta?"
"Nossa! Eu gosto de tantas coisas! Pode pedir para a vovó Ann fazer uma boneca para mim?"
"Posso."
"Então, tá! Tchau."
Gift saiu da cozinha, Mony, Beauty e Jewel estavam na sala em meio a uma confusão de roupas, perfumes e maquiagens.
"Amor? Alguma pista?"
"Sim, querida. Eu tenho que falar com John. Depois iremos na Nancy, tudo bem?"
"Vai sair?"
"Sim. Eu tenho algo para barganhar agora."
Brave não estava entendendo o plano de seu irmão.
"Quando você diz que..." Ele começou.
"Pegamos o filhote e o trocamos por Ann."
"O quê?" Harmony encarou Gift.
"Não iremos trocar de verdade, será um blefe. Mas..."
"Não. Não vai arriscar um filhotinho, Gift!"
Brave concordava com Harmony então assentiu com a cabeça.
"Não é arriscar! É a vida de Ann, Mony!"
"Ann aceitaria isso?" Harmony perguntou, Gift rosnou.
Não. Ann preferiria morrer a colocar um filhotinho inocente em risco. Brave sentia isso em seus ossos.
"Ela disse que o macho é negro e bonito. E ofídico. Talvez seja parecido comigo. Pode ser um tio nosso, irmão de mamãe."
Jewel ergueu as sobrancelhas.
"Isso ajuda em quê? Acha que ele não lutaria para proteger a cara bonita? Eu acho que não."
Brave a ignorou.
"Eu preciso falar com esse filhote, Mony." Ele disse, Harmony assentiu.
"É. Pode ajudar."
"Vamos falar com John." Brave disse. Ele iria com seus irmãos, é claro."
"Vou ligar para Caim. Fique linda para quando eu voltar, ok?" Gift disse e beijou Harmony, um beijo que encheu Brave de inveja.
O vínculo em sua versão mais linda, esse era o relacionamento de seu irmão e Mony. Ele ficava feliz por Gift, mas como tinham a mesma idade, Brave sentia uma ansiedade para acontecer com ele também.
Gift e Brave saíram correndo pela estrada principal, no meio do caminho Caim apareceu e parou, eles pararam também.
"Vamos para a Europa?" Gift perguntou.
"Não, Gift. Meu pai está nisso. Ele não quer ajuda."
Brave quase corrigiu Caim, afinal Simple não era bem pai dele, era sua matriz, mas Caim tinha o direito de chamar Simple de pai, ele merecia um pai. Não um tão complicado, mas assim era a vida.
"De onde aquele idiota tirou isso? É a vida de Ann!"
"Ele vai para Andorra, vai encontrar o filhote ofídico. Não vai arriscar a vida dele, mas esse filhote é a chave."
"Mas eu não posso..."
"Pode. Vá na Nancy. Divirta-se um pouco. Você precisa. Deixe tudo nas mãos do meu pai."
A voz do pestinha era tão doce! Brave não viu mais nada depois que o filhote sorriu.

FILHOTES - LIVRO 3Onde histórias criam vida. Descubra agora