Minha Doce Miséria

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Escuto
As velhas preces
Deste antigo eu
Que abandonei há tanto tempo
Esquecido, mas não soterrado
Seus sussurros ganham vida
Através de silenciosas batidas
Perdidas entre os tambores insanos,
Deste coração rebelde,
Que me tornei
Não quero ouvir
Não quero sentir
Isso que muda,
E diz que sou loucura
Daquelas que não fazem sentido
É que murmuram aos montes,
Que sou,
Somente, um lento suicídio
Alguém que abriu mão do paraíso
Para continuar perdido
Porque esse... é seu sentido
Bati asas para longe
Da segurança do castelo
Descobrindo um mundo sujo
Onde demônios e homens
Trocam palavras de conforto
Como que se no fim das contas,
Fossem iguais
É da luz, que temos medo
Porque ela nos reduz, a nada
E sujos, somos muito
Se da morte me embriago
Da vida faço descaso
E que resposta tola,
Mas precisa
Perante o infortúnio em minha sina
Eis que me sinto
Sozinho? Não
Meus pecados, em companhia
Me permitem, minha própria melodia
Ainda que mundano,
E como tal
Desgraçado...
Ainda que em ruínas
Sustentarei este orgulho até o fim
E meu velho eu,
Ainda chora
Porque acreditava
E esperava
E não abdicou disso
Vendo meu caminho,
Minha doença
Ainda roga aos ventos
Que me tragam lucidez
Para me escapar de minha própria estupidez
Mas, é como é
Minha lama me faz drama
E meu drama, minha miséria
Me faz... tão mais
Que tanto faz

O LABIRINTO DOS SINOS - Livro de PoesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora