Observo enquanto as malas de Keana são arrastadas pela entrada principal da Gales, rumo a um carro preto do governo. Houve uma busca em seu quarto, o pacote de drogas fora achado dentro de uma de suas bolsas, e a confusão começou. E bem, cumprindo a política de leis para brancos e ricos nos Estados Unidos, não houve polícia envolvida. Fiquei sabendo que os pais de Keana, por morarem muito longe e não conseguirem viajar a tempo da expulsão imediata, acionaram o conselho privado de uma casa de reabilitação, alegando que a filha nunca fora mentalmente saudável, provando com consultas psicológicas que ela fazia em sua cidade Natal, mas que, quando entrou na Gales, parou abruptamente com a terapia e isso a afetou.
Agora, um amontoado de pessoas noturnas se reuniam na entrada do prédio principal para ver Keana ser levada, inclusive eu, Lauren, e meus amigos. Não vou mentir dizendo que me sinto arrependida por algo, que estava de cabeça quente e tomei uma decisão impulsiva, porque a verdade é que não há um pingo de arrependimento em mim enquanto vejo um homem gigantesco, trajado com roupas brancas segurando o ombro de Keana, a escoltando pelo corredor de alunos que se formou. Ela está com os olhos inchados, o rímel manchando suas bochechas e o cabelo desgrenhado, como se tivesse passado todas as horas desde a denuncia chorando e implorando para que a direção entenda que, na realidade, ela não era e nem nunca foi uma traficante de drogas, que apenas mexeu com a pessoa errada.
Seu olhar vaga pelas pessoas que fazem comentários audíveis o suficiente para ela ouvir, e quando me encontra em meio àquela vistoria, de mãos dadas com Lauren, seu maxilar trinca, e um sorriso ladino corta meus lábios. Ela solta o braço bruscamente da mão do homem, e avança os passos na minha direção, até ficar cara-a-cara comigo.— Você fez isso – acusa, os lábios trêmulos e a raiva na voz. – Ela fez isso comigo!
Eu encaro as pessoas curiosas, com o pescoço esticado na nossa direção, o homem atrás dela, pronto para agarra-la caso tente me agredir, e assumo o olhar mais piedoso que consigo. Assumo o risco de colocar a mão em seu ombro, acariciando com firmeza.
— Keana, meu bem, você está sob uso de drogas agora? – Pergunto, cautelosa, a mirando com compaixão, e Keana abre a boca, indignada.
— O quê? – Ela grita, histérica, se entregando a uma mentira que eu mesma criei. – Eu não uso drogas, porra! Você sabe muito bem disso, só me incriminou pra eu não incriminar sua namoradinha primeiro.
Espero que Lauren esteja se mostrando bem abalada com aquela acusação ao meu lado, caso contrário, minha reação não seria convincente.
— Você não está se escutando, Keana? Encontraram drogas nas suas coisas, não precisa ficar acusando os outros, está tudo bem – eu deixo alguns tapinhas no seu ombro.
— Drogas que você colocou!
— Eu nunca me envolvi com essas coisas – garanto, e suspiro fundo, escorrendo minha mão para a sua, até que eu conseguisse aperta-la. – Espero que você possa ficar boa logo, Kea.
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Bad Things
FanfictionLatina de curvas e beleza invejáveis, com uma personalidade duvidosa e uma fama igualmente questionável por todo o campus, Camila Cabello é capitã das líderes de torcida da Gales University. Poderia se dizer que sua vida era perfeita, afinal, tinha...