🌈Capítulo 5

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BEATRICE



"Eu odeio o jeito que diz meu nome

Eu odeio seus lábios perfeitos nos meus

Se eu pudesse, eu cortaria os freios."

Sofia Carson - I hate the way



Teve uma época da minha vida, antes da realidade bater na porta em que eu amava os finais de semana, eram dois dias inteiros sem aulas ou tarefas de matemática. Mas o mais legal é que eram dois dias inteiros com minha família.

Só que agora, eu prefiro mil vezes a semana corrida e com pés doloridos de tanto trabalhar em pé, do que os fins de semana na boate.

Faz apenas alguns meses que estou aqui, mas parecem anos e quando todo sábado começa um aperto em meu peito surge, por saber que será mais uma mentira para minha mãe e mais uma madrugada cansativa.

A boate só abre de madrugada, mas tenho que estar aqui algumas boas horas antes para ensaiar e experimentar o figurino do dia. É tanto tempo subindo e descendo no pole dance, que no final do dia minhas pernas estão trêmulas e o meio das minhas coxas estão vermelhas e doloridas.

E tem os olhares... Eles são os piores.

Não me incomodo com os homens casados e de ternos que vem aqui e não sentem vergonha de torrar todo o salário da semana com álcool, e comigo e as meninas, nem seus olhares de luxúria, porque sei que querem apenas olhar. E mesmo se não quisessem, não poderiam fazer nada, porque não se pode tocar em uma dançarina.

Quando concordei com o emprego, tive a certeza que nenhum cliente poderia me tocar quando quiser, eles só podem se envolver com alguma dançarina se ela aceitar ir até um dos quartos.

Mas o olhar de Don me enoja. Desde da primeira vez que coloquei meus olhos nele.

Ele está em todos os ensaios que eu e as meninas fazemos, acompanhando cada passo nosso, e sempre com uma bebida na mão. Por ser dono eu entendo essa fixação para que tudo esteja perfeito, porém ainda sinto uma pulga atrás da orelha.

Pelo menos é gentil quando fala comigo, e não fica me jogando para cima de clientes, porque foi algo que pedi antes de assinar o contrato. Estou aqui apenas para dançar.

Desço do pole dance aos aplausos de Don, as outras meninas gostam da atenção, ou fingem melhor do que eu. Porque não consigo nem abrir um sorriso pequeno enquanto ele vem se aproximando do palco, mas culpo meu cansaço.

— Você estava fantástica, Summer. Como sempre.

— Obrigada, Don. — Aceito a garrafinha de água que me oferece. Estende sua mão, para me ajudar a descer.

Posso muito descer do palco sozinha, mas aprendi, de um jeito não muito bom, que Don não gosta de ser rejeitado. E não quero nenhum tipo de reclamação hoje, minha cabeça parece que vai explodir de tanta dor.

Aproveito sua distração com as outras dançarinas para ir ao meu camarim, o divido com mais duas meninas, mas agora está vazio e queria mesmo apenas o silêncio.

Sento de frente para o espelho e não reconheço a garota na minha frente. Sou eu, mas, ao mesmo tempo, não sou a garota que todos conhecem.

Não posso arriscar a sorte de algum conhecido me reconhecer, então fiz tudo o que podia para ficar irreconhecível. Usando lentes de contato castanhos e uma peruca da mesma cor, tudo fornecido pela própria boate.

My Rainbow GirlOnde histórias criam vida. Descubra agora