JUNGKOOK
"Pegue leve comigo, querido
Eu ainda era uma criança
Não tive a oportunidade...
Não tive tempo para escolher o que escolhi fazer."
Adele - Easy on me
Meus avós ficaram por mais algumas horas até que fiquei cansado demais para conversar e me despedi deles indo para o meu quarto, não precisei interagir nenhuma vez com Beatrice, mas na hora do lanche de Benjamin ficamos sentados na mesma mesa, ignorei sua presença conversando com meu avô.
Meu corpo estava destruído pela longa viagem, entretanto não consegui dormir quase nada, e não foi só por saber que tem uma estranha cuidando do meu filho, mas porque sonhei com meu pai. Na verdade, não foi um sonho, foi uma péssima lembrança da minha infância.
As únicas vezes em que via minha mãe e meu pai era quando eles procuravam meus avós atrás de dinheiro para poder comprar mais drogas, nunca tiveram vontade de me conhecer, não de verdade, apenas diziam um "oi" e só, acho que estavam tão drogados que nem deviam saber que a criança que estavam cumprimentando era o próprio filho deles.
Eu sempre imaginava qual seria o motivo para eles me deixarem sem nem olhar para trás, lembro que quando criança vivia perguntando para minha avó, mas ela nunca me respondia, inventava qualquer desculpa para não falar a verdade.
Mas quando fiquei adolescente eu exigi que me contasse, eu merecia aquela verdade, já que fui simplesmente jogado para escanteio por pessoas que deveriam me amar.
E descobri que não foi só as drogas, minha mãe engravidou aos dezesseis anos, e os dois ficaram assustados com a notícia, meus avôs tentaram confortá-los, dizendo que os ajudaria, mas assim que nasci eles me deixaram no hospital, sem nem saber como eu estava após nascer, apenas me abandonaram.
E quando soube que Nicole estava grávida eu senti o mesmo medo, e por muitas vezes quis fazer o que meus pais fizeram comigo, mas eu fiquei, com medo e tudo, já minha ex-noiva e meus pais não tiveram a mesma coragem.
Só que ainda tenho medo, principalmente porque agora terei que lidar com Benjamin vinte e quatro horas comigo, sem meus avós, e se eu acabar fugindo como todo mundo?
Não sei se sou tão corajoso assim.
Cansado de me revirar na cama, levanto e saio do quarto, o corredor está escuro, já deve ser mais tarde do que imaginei. A porta de Benjamin está entreaberta e vejo uma iluminação fraca vindo de lá, sei que Beatrice ainda está aqui, ela fica para colocar meu filho para dormir, e não reclamei quando minha avó contou, pelo simples fato de não precisar lidar com isso. Nunca o coloquei para dormir, nem quando era um bebê.
Vou me aproximando do quarto devagar, fico os observando sem fazer barulho nenhum, acho que nem estou respirando direito para que ela não perceba. Só quero saber como trata meu filho sem que ninguém esteja por perto.
Beatrice está sentada no chão, de frente para Benjamin, os dois montando um quebra-cabeça enquanto uma música toca baixinho na caixa de som que instalei anos atrás, os dois não estão conversando, mas percebo o quanto meu filho está confortável ao seu lado, seu aparelho auditivo está ao seu lado.
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My Rainbow Girl
RomansaBeatrice só tem um proposito na vida: Cuidar da sua família. Após a mãe receber o disgnóstico de câncer Bea se tornou a única fonte de renda, tendo que trabalhar em vários empregos para que nunca faltasse nada à eles. Então, ao se encontrar desempre...