🌈 Capítulo 52

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BEATRICE

"Ainda estou me segurando a tudo que está morto

e que já se foi

Eu não quero dizer adeus,

porque isso será para sempre."

Benson Boone - In The Stars

Abro a porta do quarto gelado e sem graça que minha mãe está, mas preciso de alguns segundos respirando fundo antes de entrar. Me preparando mentalmente para ver seu corpo, agora sem vida.

Depois que desabei em Jungkook, precisei contar para Elle sobre ela, e minha irmã não ficou muito diferente de mim, então pedi para Allie levá-la para sua casa enquanto eu resolvia tudo por aqui.

Falei também que Jungkook podia ir, que estava bem e conseguiria me virar sozinha, ele não falou nada, não abriu a boca nenhuma vez, mas sentou em uma das cadeiras ao meu lado e esperou que eu me recuperasse.

Quando me senti bem o suficiente para vê-la, pedi ao médico que me levasse até seu quarto, o doutor hesitou um pouco, depois de ver o estado em que fiquei, mas fez o que pedi. Deixei Jungkook na sala de espera, e espero que ele decida ir embora, é tudo doloroso e com ele ao meu lado, depois de magoá-lo só me machuca ainda mais.

Dou pequenos passos até a maca, onde ela se encontra de olhos fechados, parece tão serena, sem as expressões dolorosas que fazia no dia a dia por conta do tumor.

Sua pele ainda está bem branca e opaca, principalmente usando a roupa do hospital. Sua cabeça está descoberta e os lábios estão arroxeados, as veias aparentes nos braços, os dedos magros e finos.

Ela ainda parece um pouco a mesma, por mais que a única diferença seja seu peito, ele não sobe e desce como eu costumava ver ao ir acordá-la.

— Oi, mamãe. — É inevitável não chorar encarando a mulher que lutou tanto para ficar com os filhos e perdeu a batalha.

Toco sua mão, que não está tão gelada como imaginei, ainda sinto um pouco da sua quentura habitual, mas o doutor tinha dito que ela faleceu uma hora antes da minha chegada, então o corpo ainda esfriou por completo.

Não sei se tenho um tempo limite para ficar aqui dentro, o médico não especificou nada, e nem falou quando o corpo será transferido para a funerária, também não perguntei.

— A senhora se importa se eu deitar ao seu lado um pouco? Queria senti-la uma última vez. — Como estava muito magra e pequena, consigo me deitar de lado, cobrindo um pouco seu corpo com o meu.

Passo o braço por sua cintura e descanso a cabeça em seu peito, não ouço nada dentro, nenhuma batida do coração para dizer que tudo isso é só uma brincadeira de mal gosto.

Mas já é a segunda vez que falo com ela, e só recebo o silêncio doloroso como resposta.

— Sinto sua falta. — Digo para o nada. — Sei que não tem muito tempo que se foi, mas parece que se passaram anos, e a dor é insuportável. — Abraço mais seu corpo, minhas lágrimas fazendo uma enorme poça na roupa hospitalar. — Por mais que fosse inevitável, eu não estava pronta para viver em um mundo onde você não estivesse ao meu lado. Me desculpa por não ter cuidado mais de você, por não ficar com você todo tempo e por não ter dado a vida que a senhora merecia, mamãe.

Meus soluços tomam conta do quarto silencioso.

— Você dizia que eu sou forte, mas não me sinto assim. Agora eu me sinto fraca e perdida, não sei o que fazer sem você, qual direção devo tomar e como conseguirei seguir em frente sozinha. — Levanto a cabeça, encarando seu rosto. Toco sua bochecha, deixando um carinho no local. — Eu só queria ter tido mais tempo com você, mãe. Eu deveria ter descoberto sobre o crescimento do tumor, assim a impedindo de tomar a decisão de ficar em casa, se tivesse sido tratada aqui talvez pudesse viver mais. Você poderia estar comigo agora, e eu não estaria quebrada.

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