My Rainbow Girl

🌈Capítulo 16

BEATRICE

"Trabalhando como uma escrava

Papai não está em casa

Tenho que ser um homem...

Faço isso pelos familiares"

Labrinth and Zendaya - All For Us

Tenho feito uns bicos aqui e ali para, pelo menos, conseguir pagar as contas e não deixar os remédios da minha mãe de lado, mas as contas do hospital estão ficando cada vez maiores, e o empréstimo que fiz no banco não cobriu todos os gastos.

Já tem duas semanas que minha vida está nessa bagunça sem fim, de procurar empregos e aceitar qualquer oportunidade que vier, mesmo não sendo das melhores. Dias atrás fui contratada para fazer companhia a um cachorrinho pra lá de velho, porque a dona ia passar o dia em um spa e o pobre cachorro não podia ficar sozinho.

Por mais estranho que tenha achado, não recusei, era um bom dinheiro e o cachorro era até bonzinho, apenas dormia por estar velho demais. Mas claro que não fiz só isso, ela jogou uma indireta, um pouco direta demais, que enquanto ele dormia eu poderia cuidar da louça e organizar seu quarto. Como o ganharia bem, não reclamei.

Porém nem vi direito a cor do dinheiro, assim que caiu na conta mandei a metade para que Ethan pudesse se virar em Manhattan, e com o restante eu fiz a compra do mês para casa.

E por falar no meu irmão mais velho, ele irá passar o final de semana em casa, depois da minha mãe implorar bastante para que viesse, disse que estava morrendo de saudades e precisava vê-lo.

Ethan não é uma pessoa ruim, mas é um péssimo filho e irmão.

Como é sábado e não encontrei nada hoje para fazer, me ofereci para pegá-lo na estação de metrô, assim economiza dinheiro para comprar os novos livros que precisa. Ontem me ligou pedindo dinheiro emprestado para comprá-los, às vezes acho que Ethan mora em um contos de fadas e esquece que nasceu pobre, só porque vive com seus amigos ricos da faculdade.

Saio do banho com a toalha enrolada no cabelo, por causa dos dias chuvosos que está tendo costumo usar, em casa, calças de moletom e camisetas de seriados dos anos 90, que encontrei nos brechós e são duas vezes o meu tamanho.

Passo no quarto de Elle, que está entretida no livro da semana que a professora da escola passou como tarefa.

Enquanto a maioria dos seus colegas tenham surtado por ter uma tarefa no final de semana, Elle está feliz por poder passar seu tempo fazendo algo que gosta e ainda ganhar pontos com isso.

Como está deitada de bruços, não encontro outro jeito de incomodá-la além de deitar em suas costas com todo meu peso, cobrindo-a todinha, por ser mais alta e mais pesada.

Ela dá um gritinho pelo susto, o que me faz rir.

— "Sai de cima de mim."

Gesticula muito mal por eu estar prendendo seus braços.

Tenta me derrubar jogando o corpo para o lado, mas me seguro no forro da cama. Ela tenta mais alguma vezes, balança o corpo com o objetivo de me tirar de cima, porém, ao perceber que estou firme no lugar, bufa e desiste.