Você Não Foi... Meu Destino!

CAPÍTULO 59

°◇ Benjamin Campbell ◇°

"Me sentei na cama e encarei os envelopes, nenhum havia uma data ou algo que indicasse por qual delas eu deveria começar, pego um que o envelope parecia mais gasto e abro."

 "Olá Benjamin, eu nem sei porque estou escrevendo isso, pois eu tenho absoluta certeza de que não irei ter coragem de enviar!
Pois, a verdade é, que eu não sei o que faria se você recebesse essa carta e viesse atrás de mim e da nossa filha. E sim Benjamin, você não leu errado, nós dois tivemos uma filha, uma linda menina que nasceu naquele dia que você me ligou, que me procurou depois de meses de tudo que aconteceu. E eu achei que você nunca iria me procurar, mas quando ouvi sua voz naquele dia eu senti meu mundo se partir novamente, você ainda me abalava, ainda roubava todo o meu ar, eu quase a perdi por causa disso, tive um desmaio que resultou em um parto prematuro, graças a Deus e ao meu melhor amigo Roger, tudo acabou bem, Ella, sim eu dei o nome da sua mãe para ela, pois eu acho que no fundo só queria que você participasse um pouco, que se algum dia você a conhecesse não se sentisse tão excluído da vida dela!
Hoje Ella está fazendo um ano, e acredite que ela é uma menininha muito amada, houve no restaurante onde eu trabalho uma pequena festinha para ela, e acho que isso me deixou nostálgica!
Mesmo que nunca receba essa carta Benjamin, acho realmente que precisava te falar sobre isso, sobre tudo isso, mesmo que não fosse realmente para você.

Ass.: Lauren Smith"

"Minha garganta estava fechada, as lágrimas desceram com força, porque não fui atrás dela?
Eu deveria ter ido atrás dela! 
Passo as mãos sobre o rosto sentindo toda aquela frustração me consumir enquanto pego outro envelope, abro e começo a ler."

"Olá Benjamin, já faz algum tempo desde a última carta. E como daquela vez estou escrevendo mesmo sabendo que nunca irei te enviar essa carta também!
Acho que dessa vez só queria realmente conversar com você, pois você me procurou, depois de mais de 2 anos, você me ligou. E justamente quando Roger me pede uma chance, no entanto eu acho que sou amaldiçoada, acho que  eu sou uma daquelas pessoas que nunca vai encontrar ou ter  felicidade, pois ela sempre lhe será negada. E eu tenho certeza do que  estou dizendo porque,  Roger morreu, e eu sinto que meu coração partido se tornou cinzas ao vento, pois eu amava ele, não como amo você, não mesmo, mas Roger era meu amigo, ele entrou na minha vida desde que eu vim de Boston, e ganhou seu lugar, foi um grande apoio, e o único pai que nossa filha teve e amou pelos últimos 2 anos. Eu sei que você provavelmente não iria gostar de ler isso, mas essa é a verdade!
E mesmo achando que  não poderia amar Roger ou qualquer outra pessoa, eu queria aquilo, queria um pouco de felicidade, queria que nossa filha tivesse uma família, e quando Roger me pediu ontem a noite por essa chance depois da sua ligação, mesmo me sentindo perdida, pois você havia me ligado, depois de tanto tempo, e então Roger fala comigo, fez minha cabeça virar um turbilhão. Mas então hoje pela manhã acordei com a notícia da morte dele, e eu me sinto tão desorientada como a muito tempo não me sentia. Acho que esse foi o motivo de escrever para você, pois você sempre me trouxe uma paz que eu nunca consegui explicar ou entender, mas era uma que eu estava muito precisando nesse momento!

Ass.: Lauren Smith"

"Eu me sentia devastado, Lauren sofreu tanto na vida, quando liguei para ela e achei que ela estava com alguém, me senti infeliz por ter perdido a mulher que eu ainda amo, mas havia um certo conforto na minha alma por imaginar que ela estava bem, que estava feliz de alguma maneira, mas agora eu sei que isso nunca aconteceu, me deixava com um  vazio na alma!
Pego o próximo envelope e abri começando a ler."

"Olá Benjamin, faz anos não é verdade? Obviamente essa era uma pergunta retórica, pois assim como as outras duas cartas essas também enviarei para você, a não ser que eu realmente precise, ou melhor que nossa filha precise do pai, porque Benjamin, eu estou doente, e eu estou completamente apavorada com isso, eu não quero morrer ainda, não posso deixar a Ella, ela é só uma menina que acabou de fazer 15 anos, e eu sei que ela tem o Tommy.
Thomaz, eu o adotei quando ele tinha 12 anos, os pais dele o expulsaram de casa por ele ser gay. Ele era amigo da nossa filha na época e Ella se importava muito com ele. Mesmo que nossa filha tenha o irmão mais velho, ela ainda precisa de mim. E eu sinto que ainda não a preparei o suficiente para enfrentar o mundo!
As vezes acho que deveria te procurar, que deveria te deixar saber sobre a Ella e ouvir você provavelmente me xingar por ter escondido a nossa filha de você por todos esses anos, por não conseguir procurar por você e revelar a verdade, mas tive tanto medo, sim Benjamin eu tenho medo de te reencontrar e ter a afirmativa de que eu nunca te esqueci, de que eu não conseguiria   resistir de estar nos seus braços outra vez, ou medo de talvez perceber que você seguiu com a sua vida, de que você superou nos dois, acho que eu não suportaria ver isso!
Eu sei que e um pensamento muito egoísta, mas acho que eu sou assim, egoísta. Ou eu talvez só queira prezervar meu coração de outra decepção!
Eu não sei o que fazer, acho que não é justo para você, não, definitivamente não é justo te puxar para tudo isso… Não, eu não poderia ver seus olhos tristes pela incerteza do que pode me acontecer!"

"Minha cabeça era um turbilhão, minhas mãos tremiam e meu peito doía, respirar doía enquanto eu encarava a última carta, travei meu  maxilar e a pego entre meus dedos engulo o na garganta, abri sentindo cada fibra do meu corpo virar cinzas com o que ela diz ali no comecinho daquele papel."

"Olá Ben, essa provavelmente é a última carta que vou escrever, porque sim Benjamin, isso é uma despedida!"