Você Não Foi... Meu Destino!

CAPÍTULO 55

°◇ Ella Smith ◇°

"Encarei Charlie sentindo meu peito explodir como fogos de artifício, ele era tão incrível o tempo inteiro, sempre me sentia nas nuvens com ele, e a melhor parte era que eu sabia que ele estava sendo sincero no que dizia, pois quando contei para ele que era virgem, ele travou, eu pensei que ele diria que estava tudo bem, que podíamos tentar se eu quisesse, ou sei lá, mas não, ele se afastou e então disse que nós deveríamos esperar até que eu realmente estivesse pronta para aquilo, pois era um passo muito importante e não deveria acontecer de qualquer jeito, no calor do momento!
Eu achei que não poderia me sentir, tão mais absorvida por ele, mas eu fiquei, fiquei totalmente encantada com a atitude!
Sai dos meus pensamentos com mamãe se levantando da mesa, mas então algo estranho acontece, ela se apoia e em uma fração de segundos vejo seu corpo ir em direção ao chão, no entanto Charlie a segura antes que ela o atinja, me levanto desesperada enquanto digo no mesmo tom de desespero."

— MÃE…

"Charlie posiciona-a em meus braços enquanto pega o celular e liga para a emergência.
Tudo pareceu acontecer tão rápido e quando me tornei consciente outra vez nós já estávamos no hospital, com um médico falando sobre a doença que minha mãe vêm tratando em segredo a tantos meses, sobre o fato do tratamento não estar funcionando e que ela precisava com certa urgência de um transplante de medula óssea, foi como se de repente o mundo resolvesse desmoronar na minha cabeça!
Charlie me abraça ainda mais forte enquanto diz com doçura."

— Vai ficar tudo bem meu amor, nós vamos encontrar um doador e ela vai ficar bem!

"Eu puxo a respiração com força enquanto enfio o meu rosto na camisa dele, eu quero me agarrar a isso, mas não conseguia afastar totalmente o medo!
Eu não podia perdê-la, não ainda, eu não conseguiria suportar isso!"

°◇ TRÊS ANOS DEPOIS ◇°

"Abro um leve sorriso enquanto encaro a minha teimosa mãe, ela estava visivelmente mais fraca, e eu sentia sua vida escapando um pouquinho mais das nossas mãos todos os dias, desde o começo do ano ela já não saiu mais do hospital, as medicações já não têm mais nenhuma outra função que não mantê-la aqui, ela com o tempo sem a maldito transplante e com os remédios agressivos que precisava tomar acabou desenvolveu anemia aplástica. O médico disse que esse tipo de anemia se desenvolve como resultado de danos à medula óssea, uma condição rara em que o organismo deixa de produzir uma quantidade suficiente de células sanguíneas novas!
Como se a HPN já não fosse uma doença rara o suficiente, minha mãe desenvolveu mais uma!
Puxo a respiração quando ela diz largando novamente a colher da sopa que a mesma tomava."

— Isso não me desse, Ella, esse gosto de nada é horrível!

"Dei risada discretamente enquanto disse com um tom sério."

— Você com certeza deve ser a paciência mais resmungona desse hospital, mamãe! Mas, seja uma boa menina e coma mais um pouquinho, eu prometo que farei o jantar mais gostoso do mundo, quando formos para casa!

"Ela suspirou baixo, mas acena em concordância voltando a pegar a colher, meu celular vibrou no bolso e era uma mensagem do Charlie dizendo...

"Sinto muito não estar aí com você e sua mãe, meu amor, eu vou tentar ir hoje à noite, mas não tenho certeza se vou conseguir, no entanto amanhã eu prometo que vou estar aí! 
Eu sinto muito a sua falta, te amo muito minha, Ella!"

Dei um leve sorriso enquanto respondia, mesmo que Charlie não tenha sido tão presente neste ano, ele sempre me mandava mensagens, ligações, sempre tentava me distrair dos problemas.
Olho para a minha mãe, ela coloca mais uma colher da sopa na boca enquanto faz uma careta, e assim que termina a sopa, dei um sorriso lateral enquanto vou até ela lhe dando um beijo enquanto pego a bandeja e a afasto!

[...]

Tomei um banho no banheiro do quarto e me arrumei para ir trabalhar na lanchonete, por sorte o emprego que antes era temporário se tornou fixo, e claro que estava tendo que administrar, faculdade, trabalho, minha mãe, mas eu estava conseguindo, estava dando um jeitinho para que tudo desse certo, e ainda tinha tempo para o Charlie quando ele vinha, eu definitivamente havia me tornando uma mulher elástico!
Sai do banheiro e algo logo chama a minha atenção, o caderninho da minha mãe estava no chão, as cartas que ela escreveu durante esses últimos 3 anos haviam se espalhando sobre o piso, e ela estava dormindo, peguei as coisas que estavam jogadas no chão e arrumei na mesinha ao lado da cama, mas quando a toquei meu coração retumbou dentro do peito, ela estava fria, digo tentando acordá-la sentindo um nó se forma em minha garganta."

— Mãe… Mãe por favor acorda… Mãe não brinca comigo desse jeito… Mãe… MÃE… MÃEEEE… MEU DEUS, NÃO, NÃO, NÃO FAZ ISSO COMIGO, NÃO, MÃE, POR FAVOR, NÃO ME DEIXA… VOCÊ NÃO PODE ME DEIXAR… POR FAVOR MÃE…

"As lágrimas já estavam como um rio me atravessando enquanto sou puxada de cima dela, e então tudo parecia acontecer em câmera lenta diante de mim, meu corpo inteiro tremia, minha respiração não estava nem perto de se tornar regular, eu mesma não sabia o que fazer comigo nesse momento, estava uma bagunça de dor, desespero e quando ouço a voz de alguém dizer."

— Hora da morte, 18 horas e 43 minutos!

"Meu corpo cede me fazendo cair de joelhos no chão, eu perdi todo o meu mundo nesse momento.
Minha mão instantaneamente vai para o cordão que ela me deu a alguns anos atrás, eu não sabia quem realmente deu isso a ela, mas suspeitava que tivesse sido meu pai, e eu não me lembro de um dia ter visto ela sem esse cordão, á não ser no dia em que ela me deu e disse para nunca tirá-lo!
Era tudo o que eu tinha dela, minhas lembranças, nossos momentos, e eu não queria ter só isso, não podia suportar viver só com isso!
Horas se passaram comigo assinando papéis que eu não queria, para liberação do corpo, eu estava me sentindo fora de órbita, ainda não consegui falar com o Tommy, e nem com o Charlie, mas torcia para que ele tivesse conseguido vir para cá, torcia para chegar em seu apartamento e poder me jogar em seus braços, poder me desfazer no seu aconchego, eu estava precisando tanto do meu namorado nesse momento. Sai do hospital indo direto para o apartamento dele, demorei poucos minutos para chegar, usei a minha chave e entrei, segui para a porta dele, mas assim que entrei vi algo que me deixou confusa, havia roupas jogadas pelo chão, copos de bebida sobre a mesa de centro junto com uma garrafa quase vazia, e então eu ouço gemidos…

Não… Isso não pode ser verdade!
Isso não pode estar acontecendo!
Não, hoje!
Não, quando eu mais preciso dele!

Eu sigo pelo corredor sentindo que vou me arrepender amargamente de tudo o que estou prestes a ver, eu já estava em pedaços, mas nada estava tão desastrosamente ruim que não pudesse fechar com chave de ouro!
Abri a porta lentamente vendo meu coração afundar dentro peito, tinha uma garota ali, uma que subia e descia em cima do pau do Charlie, sinto a bile subir até a minha garganta enquanto as chaves caem da minha mão fazendo ambos sobressaltarem e me encarem, eu não conseguia ver direito ou não queria focar no rosto da loirinha, me mantinha focada nos olhos arregalados dele, que tenta se levantar da cama enquanto diz em um tom desesperado."

— Amor, não é o que você está pensando…

"Mas, eu simplesmente me viro e o ignoro enquanto sai correndo, por sorte o elevador ainda estava nesse andar, e desceu bem rápido, saí do prédio como um furacão me enfiando no primeiro táxi que vi, peguei o celular, e voltei a ligar para o Tommy que finalmente me atendeu, comecei a chorar deixando todo o desespero me consumir enquanto disse."

— A mamãe morreu e acabei de pegar o Charlie me traindo, anjinho me ajuda!