Na Guiné-Bissau existe dois tipos de religiões, cristianismo e islamismo. Podemos dizer que são religiões adotadas já que a Guiné é dividida por mais de 30 tribos étnicos antes da colonização portuguesa.

Cada tribo tem o seu modo de convivência, os seus hábitos e a sua propria forma de dominar a magia.

Os principais e os mais poderosos dominam feitiços de espíritos, poder da água, poder da noite e outros atuam com ilusões. Todos os herdeiros da linhagem real desses tribos tendem a possuir um poder incrivelmente forte e muitos anos atrás, quando o território foi invadido pelos Balefuls, um grupo do mal que tinha como o objetivo destruir os tribos mais poderosos, com a finalidade de livrar da profecia, os tribos se uniram para livrar o território daqueles desgraçados.

Por essa causa, foi encovado um espirito do caos pelo grande Mustafa Mané, o rei do tribo dos dominadores dos espíritos, ao invocar a entidade do caos, este como todos os outros espirito lhe cobrou um preço que o Mustafa não podia recusar naquela situação onde milhares estavam a morrer.

Com esse pacto ele ganhou forças e por fim derrotou os balefuls expulsando-os do território.

Anos se passaram e o Mustafa morreu levando consigo a memoria da divida que tinha com espírito do caos, uma divida que nem no tempo do Mustafa foi cobrado, o que acabou sendo esquecido pelas gerações vindouras.

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As malas da Cilisa estavam a ser feitas pela sua mãe e a sua futura sogra que parecia ser bem simpática aos olhos dela.

Sentada na poltrona azul marinho, ela pensava em como seria a sua vida depois que sair da sua casa. A Cilisa podia reclamar chorar, gritar e fazer drama pra não ir embora, mas sinceramente ela já sabia que esse dia chegaria e que querendo ou não ela foi criada para ser esposa do filho da mulher que dobrava as suas roupas com muito carinho e um sorriso gentil na cara.

A Delcia vendo a infelicidade da miúda, ela se lembrou quando os pais do Leny apareceu na sua casa, a sua reação não foi igual à da Cilisa e isso agradou ainda mais a Delcia, pois ela viu que a miúda foi mais madura do que ela no passado.

- Querida!_ chamou a Delcia tentando ganhar a atenção da Cilisa.

- Cilisa querida!_ finalmente ela desperta dos seus devaneios. - Me desculpe eu estava distraída com a paisagem lá fora._ mentiu._ Delcia suspira pesado largando a blusa preta que estava dobrando na cama e se aproxima da futura nora.

- Minha querida, não precisas esconder a sua tristeza comigo, eu sei bem como é a sensação de estar prestes a mudar o rumo da sua vida, ser esposa de alguém desconhecido nunca foi fácil pra nenhuma das mulheres que foram prometidas..._ Delcia vai até ela se agachando, ela pega na mão da miúda olhando-a com ternura. - Sabe, eu não vou mentir pra você, o seu noivo é muito difícil quando é para controlar as emoções, ele parece ser um ativador de caos, cada parada que ele da é uma confusão, mas também ele é um miúdo bom e justo, tenho certeza que ele nunca te fara mal e como a esposa dele, ele sempre irá te proteger, não faz mal chorar, eu posso não ser a sua mãe de sangue mas, desde o momento que meu marido te escolheu para seres a noiva do meu filho me tornei a sua mãe..._ Delcia para por um momento acariciando as costas da mão da Lisa...

- Me lembro na tua idade quando os pais do Leny vieram me buscar a casa quase pegou fogo, minha sogra quase teve um infarte me vendo partir tudo aos berros; vendo você aqui sendo forte me deu mais certeza que és a melhor, então se quiser chorar, eu vou te abraçar.

Vendo a sua futura sogra se preocupando com ela mais que a propria mãe, a Lisa sentiu uma dor imensa no peito e ela sem conseguir esconder a tristeza deixou as lagrimas molharem a face fofa dela.

- Eu estou com medo senhora... estou com muito medo._ disse enquanto se escondia nos braços da sogra molhando-lhe a blusa branca que ela usava.

- Muito bom, estás num bom caminho.

A Cilisa chorou tudo o que tinha de chorar ainda aninhada na sogra que lhe acariciava suavemente as costas. Por outro lado a Samira olhava para as duas com um aperto no peito.

Depois de se sentir melhor, terminaram de arrumar as malas e ela de pé na porta do seu quarto despedia do comodo com uma grande tristeza no peito.

As malas todas foram no carro e a Cilisa entra no banco de trás esperando que a senhora Delcia chegue para que possam ir embora, rumo a nova vida.

- Delcia! eu ouvi a conversa que tiveste com a Cilisa, obrigada por conforta-la. Todos esses anos eu fui dura com ela para não tornar esse momento mais difícil para ela assim como para mim, mas as consequências disso é ela achar que eu não me importo com ela, suponho que já é tarde para mudar isso, então peço-lhe que cuide dela por mim por favor... _ A Samira diante de todas as emoções deixou a máscara de durona cair junto com as lagrimas como todas as noites é obrigada a deixá-la cair. Delcia acena sim com a cabeça e as duas andam juntas até o carro estacionado a um metro. Samira inclina um pouco para falar algo para a filha, no entanto esta a surpreende saindo do carro dando um abraço forte enquanto chorava horrores dizendo que a amava. Por um momento ela ficou sem reação porem retribuiu o abraço na mesma tenacidade.

- Vou te vigiar sempre, até você aprender a andar sozinha estarei aqui para te levantar sempre que cair, ta bem?_ Cilisa concorda com a cabeça se separando da mãe, ela no carro se distanciando acena para a mãe até esta se perder de vista.

Boneca PretaOnde histórias criam vida. Descubra agora