Quando o Alec tinha sete anos ele sempre reclamava de dores nas costas e no peito. Foram feitas inúmeros exames medicos, no entanto, nada acusava ser patologia. Cansado de toda essa história e de ver o filho a sofrer, um dia de manhã cedo o Leny foi ter com uma velha conhecida para pedir-lhe ajuda.
- Você não me avisou que vinha!_ Disse a velha sentada sob uma manta vermelha com vários cabazes ao redor dela.
- Me perdoa Indira, mas, é porque ...
-É porque estás desesperado não é ?_ perguntou a velha Indira e o Leny confirma com a cabeça.
A Indira era uma dominadora dos espíritos que ajudou na guerra contra os balefuls, ela conhecia perfeitamente o avô do Leny, o grande mansa Mustafa Mane que foi o mentor dela por um bom tempo. À anos ela não via o Leny que praticamente cresceu sob os seus olhos, com o seu pequeno menino a sua frente a Indira pude ver a dor nos olhos dele.
- Vem cá meu menino, dá um abraço nessa velha aqui!_ Leny com preocupação, abraça a mulher sentindo tranquilo na mesma hora. Ele cresceu tendo a Indira como a sua mentora e irmã mais velha, para ele, ela é um refugio, um lugar onde todo o stress e confusão se dispersam.
-Ira, Alec está doente, i ami n'ka sibi kuma ku m'pudi fassi. Será qui ka tem nim um djito de djudam?
A Indira ouviu as palavras do Leny permanecendo séria a encaro-lo.
- N'ka sibi quê ku pui u ka nota, nka sibi s kontra u disquici nam de acordo de Mustafa ku spirito de caos._ começou a Indira. - U fidju nada ka tenel de doença, suma Mustafa murri sim cumpri acordo ku spirito, alguim k mas parcil na corson i na sangue, quila k na toma si cansera, i bu fidju cudjido pa sedo sucessor de Mustafa.
Ouvindo as palavras da sua mentora o Leny arregala os olhos sentindo o chão desabar e o seu mundo despencar pedaços por pedaços.
- O quê?_ perguntou o Leny desacreditado.
- Sim meu querido. Ami, suma abo no ka pudi fassi nada pa maina é situasson, a não ser k no encontra alguim parcido k Mustafa, no ka pudi ngana spirito. Em relação a bu fidju, spirito misti corda nel, mas i cedo inda, si corda caos na matal pabia ika tene idade de suporta ondas caóticas de caos.
- Quê gr k mpudi fassi?_ Perguntou o Leny abismado com essas informações. A indira levanta da manta indo até as prateleiras de medicamentos tradicionais que ela possui buscando o elixir do sono que é capaz de adormecer qualquer que seja espírito.
- Três em três anos vem aqui para que eu possa te dar mais desse elixir de sono, o seu filho tem de tomar esse elixir de uma vez só em terceiro dia da lua cheia ao meia noite para adormecer o Saíde dentro dele._ Indira entrega o frasco pequeno nas mãos do Leny passando a mão na bochecha do Leny carinhosamente..
-Não se preocupe, antes de eu morrer eu vou tentar fazer alguma coisa para o meu Alec, e ao proposito chame o Alec de Saíde._ Falou ela voltando a sentar na sua manta em posição de meditação.
- Saíde!?
- Sim! É o nome do espírito dentro dele, agora vai, tenho de ir manter a ordem no mundo desses desgraçados. Ahh! Antes que eu me esqueça pode tentar remover ou enganar o Saíde, mas o preço é muito arriscado, depende de como ele se encontra no corpo do Alec, se o Alec realmente se parece com Mustafa será impossível de remover o Saíde, mas se tiver alguma brecha, pode ser enganado, vou logo avisando, os riscos são enormes.
-Tentaremos da próxima vez que eu vier cá._ confirmou o Leny com determinação.
Ele deixa a casa da Indira e entra no seu carro pensando em como dizer isso para a Delcia. Com certeza ela vai querer fazer qualquer coisa, o Leny não pode, não quer correr o risco de perder a sua esposa ou seu filho, então o mais correto é manter tudo em segredo por enquanto.
Uma semana depois a lua estava grande e brilhante no céu, era o terceiro dia da lua cheia e já era quase a meia noite, ele levanta do sofa e abriu as portas para que a luz do luar entrasse pela casa. Com passos lentos e cuidadosos foi até o quarto do filho, parou ao lado da cama dele admirando o quão o seu filhinho é forte, dentro dele mora um spirito com mais de mil anos e ele só tem sete. Como é a sensação de ter isso dentro dele? Será que dói?
Deixou essas perguntas sem respostas de lado e ele chacoalha carinhosamente o Alec.
- Alec... Alec... Alec._ sussurrou chamando o menino porém, este apenas respirava e nem se sequer mexia.
- Saíde._ no mesmo instante o Alec abriu os olhos revelando a cor turquesa nas suas iris. Leny se assusta dando um passo atrás olhando para os olhos frios do Saíde que não era nada parecido com do seu filho e devagar as iris do filho vão perdendo a luz turquesa voltando a ser castanho.
- Pai! O que foi?_ perguntou o menino com a voz embriagada de sono.
-Vem comigo guerreiro._Alec ajuda o filho a levantar e vai com ele até a sala de estar, ele põe todo o conteúdo num copo e entrega para o filho.
- O que é isso pai?_ ele perguntou olhando inocente para o liquido verde no copo.
- É um elixir filho, vai te ajudar a não estar doente, bebe tudo viu, o pai está aqui com você, vai se sentir melhor depois eu prometo.
- Está bem papai, mas depois coloca um desenho animados para vermos juntos, não vou dormir tão cedo agora que me acordou.
- Está bem meu guerreiro._ aceitou o Leny se agachando na altura do seu filho, ele olha para ele que mantinha um sorriso sutil na cara. Este vê as horas no relógio pendurado no lado esquerdo da parede com os ponteiros indicando meia noite. - Agora bebe.
O Alec vira o liquido de uma vez como se alguém o tivesse dito para fazer aquilo, assim que ele abaixou os copos, iris turquesa voltaram e com ele um olhar frio e sombrio.
- Mustafa..._ disse o Saíde voltando a dormir. O Alec zonza por conta da tontura, o seu pai lhe apoia levando ele para o sofá, meteu o desenho animado preferido do menino na televisão e os dois ficam ali juntos até caírem no sono.
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Boneca Preta
RomanceImagine você crescer sabendo que pertences a um só homem. Que não pode tocar, pensar e nem olhar para um outro sem que haja consequências. Foi feito um ritual ancestral antigo, que te proíbe de apaixonar e de sentir atraída por alguém e caso você, d...