Capítulo 13

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Quando a Cilisa era uma menininha ela fugiu de casa com medo do ritual que os anciões pretendiam fazer nela, então correu e escondeu-se no bosque atrás de uma árvore enorme chorando compulsivamente por ter presenciado uma discussão feia entre a sua mãe e o seu falecido pai, naquela circunstância triste, apareceu um rapaz do nada segurando as suas mãozinhas sujas de terra mantendo um sorriso sutil na cara.

- Não chegue perto de mim, você é um menino !_ disse a Cilisa entre soluços.

-Sou o único que pode chegar perto de você!_ comentou o menino fazendo a Lisa parar de chorar curiosa.

"Como assim o único?" ela se perguntou mentalmente aceitando a ajuda do menino misterioso para se levantar do chão.

- Um menino não pode ser o meu amigo, eu sou uma prometida._ disse ela novamente, porém desta vez o menino que a achou não respondeu ele apenas segura a mão dela firmemente e leva-a para casa. Ao chegar no portão de ferro da sua casa Cilisa vira para o menino e lhe pergunta o seu nome.

- Quando crescermos mais um pouco eu te conto._ o rapazinho deu as costas e foi embora.

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Alec caminhava no jardim da sua casa com a mente em branco e perdido. A sua vida e as suas emoções estão entregues a uma mulher que pra ele ainda continua sendo estranha, essa maldição simplesmente é um perfeito inferno para ele, assim como saber que amanhã irá pertencer só e só a uma mulher.

E o que vem depois do casamento? Filhos? Sexo? Afeto? Amor? Não fazia sentido nenhum ficar preso a ela pelo resto da sua miserável vida sem planos de vida e sem afeto. Suspirou o homem exausto sentando nas escadas da porta de entrada olhando para as pessoas que levavam as coisas para a nova e definitiva casa.

Desde o dia que ela descobriu o seu verdadeiro propósito de vida, a miúda se fechou completamente não querendo ver ninguém e nem falar com ninguém, comia pouco e não saía do quarto pra nada, queria ela que aquilo acabasse o mais rápido possível, mas bem lá no fundo também sabe que é pra vida toda carregar o fardo de viver e morrer juntamente com o Alec.

A porta de madeira do quarto se abriu e a face preocupada da Larcia aparece captando o olhar triste da Lisa.

- Você tem que reagir!_ Falou a amiga.

- Vai embora Larcia.

- Lisa diz-me o que quer que eu te apoio, se quiser fugir, bora fugir, quer matar alguém te ajudo a enterrar o corpo, só não aguento passar mais uma hora com você nesse estado.

- eu quero morrer Larcia._ disse a Cilisa começando a chorar. - Toda a minha vida foi programada, eu não tenho a merda de direito de escolha estou vivendo para cumprir um proposito que nem faço ideia do que é, Cia eu não sou um objeto._ fala chorando, a Larcia desmonta em tristeza e vai até ela abraçando-a.

-Chora boneca, isso muito bom..._ Lisa chora os ossos no colo da amiga até adormecerem.

Amanheceu com vento forte entrando na janela aberta do quarto da boneca, ela abre os olhos e viu a Larcia dormindo ao lado dela. Silenciosamente sai da cama e vai até o banheiro resolver o processo de higiene matinal, ao sair deu de cara com três mulheres e um homem; a sua mãe, a Delcia, a mãe da Larcia e um rapaz desconhecido.

- Minha filha!_ Samira fez menção de se aproximar mas a boneca recuou não querendo aproximação da mãe. Ela escondeu a verdade dela e aceitou entrega-lá de bandeja para toda aquela confusão.

Afinal o que a levou a fazer aquilo? Dinheiro, estatuto social ou burrice?

- Boneca nos perdoe por favor!_ Delcia aflita e preocupada com a nora disse olhando para ela com coração dolorido, pra ela a Lisa é a sua filha, é a sua menina linda e delicada, estando naquela situação magoa a Delcia por ama-la.

- Podem sair do meu quarto por favor?_ Disse a Lisa neutra com coração em uma ferida aberta.

- Lisa hoje é o dia do seu casamento, tens de estar arrumada._ Comentou a Samira calmamente.

-Dia do meu casamento!? Dia do meu casamento!? Todas vocês fora do meu quarto, foraaa foraaaaa foraaaaa uaaa buaaaaaaahahah, aiiiii ahhhh, mãe me ajuda, me ajudemmm buaaaaah... Sem conseguir conter a frustração e o mix das suas emoções, a boneca parte ao meio chorando mais uma vez compulsivamente.

Boneca PretaOnde histórias criam vida. Descubra agora