Capítulo 7

27 2 0
                                    

Amanheceu com raios de luz de sol entrando suavemente pela janela do quarto da Cilisa, ela abre os olhos devagar pra se acostumar com a claridade do dia que tem tudo para ser belo.

Preguiçosamente levanta da sua cama e caminha até o banheiro bocejando, de repente o seu telefone toca acordando por completo a Cilisa, ela raramente recebe uma ligação naquela hora da manhã.

Ela se levanta da sanita subindo com urgência a sua calcinha e corre em direção ao quarto arrebatando o celular em cima do criado-mudo, olha para a tela constando que era a mãe, ela respira fundo deslizando o dedo na tela pra atender.

- Bom dia minha querida!_ Diz a Samira no outro lado da linha.

- Bom dia mãe, a senhora está bem?

- Estou sim! A casa está vazia sem ti e além disso eu quero saber como estás?_ continuou a Samira com uma voz tristonha. A atitude dela estranhou a Lisa já que dificilmente a mãe demostra a sua parte sensível ou mais carinhosa.

Será culpa ou realmente ela está sentindo a falta da filha?

- Estou bem, acabei de acordar e estou me preparando para as aulas.

- Por isso que te chamam de nerd, hoje é sábado menina volte a deitar e descanse.

- Credo com tanta coisa esqueci mesmo._ Falou a menina sentando na cama. Um silêncio pairou entre as duas e cada uma parecia estar a pensar no que dizer.

- Que tal a casa nova?_ perguntou a Samira quebrando o silêncio.

- É uma casa enorme e bonita, muito mais grande que lá em casa, também é aconchegante, a senhora Delcia pintou o meu quarto de turquesa porque é a cor favorita dela e a minha cama credo, é enorme e macio e..._ Cilisa falava sem parar e a Samira sentia animo nas palavras dela, isso a fez refletir nas privações de momentos como este, momentos que a sua filha queria comunicar e conservar animadamente com ela, mas que ela simplesmente deixou debaixo dos tapetes.

Isso tudo é por sua culpa e o que mais a dói, é por ela não saber se é tarde ou não para tentar ser amiga da filha que passou toda a vida buscando isso dela. As lágrimas desciam em silêncio na cara da Samira e a dor no seu peito é esmagador, cada fibra da sua consciência dizia para ela que com certeza ela foi uma péssima mãe.

- Mãe!?_ silêncio. -Mãe a senhora está me ouvindo?

- Sim filha estou sim, ainda bem que casa não foi a baixo._ Falou ela limpando as lágrimas no rosto sem a mínima noção do que a Cilisa falou depois de dizer que a cama dela é macia.

-É mesmo, que loucura credo. Olha mãe vou tomar um banho, depois a senhora me liga né?

- Claro, nha badjuda stá à-vontade.

Cilisa desliga o telefone e ao pousar o mesmo no criado-mudo, percebeu-se de um bilhete, pousou o objeto curiosa e levantou a carta levando-a perto da sua face.

"Bom dia minha Boneca preta, espero que tenhas acordado bem.

Olha eu e o Leny saímos para uma viagem de 15 dias, peço desculpas por não ter te avisado antes, mas acabou sendo urgente a nossa partida.

Tudo o que precisar de comida está na cozinha e na dispensa, se for roupas e calçados, alguém trará hoje ao meio dia.

Caso precise de mais alguma coisa, ligue pra mim ou para Leny.

Esse aqui é o meu número de telefone: 955270792.

Prontos, até daqui a 15 dias! beijinhos minha boneca linda."

Se o Leny não estava em casa e nem a senhora Delcia isso significa que ela está sozinha com o seu noivo. O suposto era se manter calma e relaxar, é so um boy claro que ela pode lidar com ele, no entanto o coração da Cilisa batia freneticamente quase saído do peito.

Depois de tomar um duche a morena ficou mais cinco horas dentro do quarto pensando no que fazer quando se encontrar com o seu noivo que provavelmente não gosta dela e naquele exato momento, sua barriga ronca mais uma vez implorando pela comida. Desde de manhã trancafiada no quarto sem comer nada, obviamente o seu estomago reclamaria como literalmente está fazendo.

Ficar 15 dias inteiro escondendo do noivo, é o que ela não podia continuar fazendo, uma hora ou outra vai precisar sair e se não for agora não será nunca porque ela com certeza irá morrer de fome.

A boneca reuniu toda a coragem que tem, respirou fundo três vezes, estalou o pescoço, sacudiu as mãos, esticou as pernas, se aqueceu socando o ar, saltou e por fim passou de todos os seus limites de coragem e girou a maçaneta abrindo a porta.

O lado de fora do quarto estava muito escuro, entrava pequenas luzes pelos buracos de cortinas com janelas fechadas .

"O que está acontecendo?" perguntou-se mentalmente.

Ela nos passos furtivos sai do quarto, indo em direção as escadas. Todo o seu corpo estava arrepiado, sentia as ondas caóticas fluindo do Alec sem nem saber onde o menino estava, pra ela as ondas de energias caóticas que ela estava sentindo era apenas o seu medo.

Lisa desce o último degrau da escada e pensou em acender a lanterna do celular, mas esta infelizmente esqueceu o objeto em cima da cama.

-Aí merda, logo agora esquecendo o seu telefone sua burra!_ Praguejou com medo tentando visualizar o interruptor no meio daquela escuridão toda. Ela caminha até aos paredes da sala de estar apalpando-as com as mãos trémulas para ver se encontrava os interruptores, entretanto naquele momento ela sentiu um calor sendo emanado atrás de si, as ondas de energias aumentaram embrulhando o estômago da boneca, ela começou a respirar com dificuldade sabendo que tinha qualquer coisa atrás de si.

Continuou a procurar os interruptores ainda com mais urgência deixando lagrimas de medo escapar nos seus olhos. No momento em que achou os interruptores acendeu as luzes dando de cara com o homem mais bonito que ela já viu na sua vida, a trinta centímetros dela.

Boneca PretaOnde histórias criam vida. Descubra agora