Capítulo 55

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Depois daquela luta intensa, todos ao redor de Alec seguiram para o salão dos eventos. Lá, se surpreenderam com o que seus olhos viam naquele momento.

A mãe de Alec estava sentada no chão, suando. Sua testa, peito e as palmas das mãos brilhavam com uma luz dourada e suave. Era uma luz quase divina, que encantava os olhos dos curiosos presentes.

Por toda a vida, Delcia sempre foi vista como a mulher que teve sorte em ser a rainha do Gã mais poderoso do território. Para muitos, ela parecia inútil. Alguns pensavam que nem para ter filhos ela servia, já que gerou apenas um. No entanto, Indira sempre confiou em Delcia como ninguém. Ela sabia que, com ou sem magia, Delcia era uma mulher extraordinária.

— Meu corpo parece que vai explodir a qualquer momento — comentou um dos guerreiros, analisando a cena.

— Ehhh! Toda essa energia vem dela... Não sinto cansaço, é como se... wawww! — disse a mãe de Settimio, maravilhada e cheia de admiração.

— Ela sempre foi tão poderosa assim? — perguntou Quinhas, sem conseguir desviar os olhos daquela luz que transmitia segurança, poder e vitalidade.

— Eu nem sabia que ela tinha esse dom. Me sinto aconchegado... pronto para mais uma luta contra aqueles desgrenhados. Com essa energia, posso lutar até o próximo ano!

O salão ficou em silêncio após essas palavras. Alec olhava para a mãe sem saber se ria, chorava ou se preocupava. Para Larcia, sua tia parecia uma entidade divina naquele momento. Todos estavam maravilhados, felizes com o que viam e sentiam.

Desde que o Gã do Espírito se ergueu, ninguém jamais apresentou um poder como aquele. O dom de Delcia era único: ela produzia energia espiritual infinita e a distribuía para todos ao seu redor. Com essa energia, ela podia curar pequenos ferimentos, revitalizar e até aprimorar as habilidades dos outros. Simplificando, Delcia tinha o poder de uma mãe: amar, proteger e educar.

Leny, que até então estava de pé em silêncio, abaixou-se para ficar na altura da esposa. Com ternura e lágrimas nos olhos, passou suavemente a mão pelo rosto dela, iluminado pela luz dourada de sua testa. Lentamente, ele se posicionou atrás de Delcia, sentou-se no chão e a abraçou por trás. Em um sussurro carinhoso, disse:

— Já chega, meu amor. Descanse. Deixe-me carregar o fardo agora... só descanse.

Após essas palavras, três minutos se passaram. A luz ao redor de Delcia foi diminuindo gradualmente até desaparecer por completo. Inconsciente, ela deixou a cabeça pender para trás, apoiando-a no ombro de Leny.

Indira se aproximou e tocou na testa de Delcia, verificando sua temperatura. Para sua surpresa, ela estava muito fria, como se tivesse acabado de sair de um banho de gelo. Assustada, pediu a Leny que usasse sua energia para aquecer o corpo da esposa. Ele concordou prontamente, ajustando a posição dela em seus braços.

Por uma hora, Leny aqueceu Delcia com sua energia, mesmo estando exausto por causa da recente batalha. Apesar de estar esgotado, ele não pensava em desistir. Nem mesmo a morte o faria parar de cuidar da mulher que amava.

Enquanto isso, os outros guerreiros estavam espalhados pelo chão do salão, exaustos, roncando profundamente. Ninguém queria ir para casa; todos queriam agradecer a Delcia quando ela acordasse e por isso ninguém foi para casa tirar pelo menos sangue do corpo. 

A luta que devia cobrar a todos acabou sendo bem fácil por causa da Delcia, ela renovava as energias deles, por isso que venceram facilmente e sem muitas baixas.

— Quer trocar, pai? — perguntou Alec, sentado com as costas apoiadas na parede, ao lado da esposa Lisa, que também estava acordada. Ele notou que o pai estava exausto e já deu muita energia espiritual.

— Não, filho, obrigado. Faz tempo que eu não admirava a beleza da sua mãe assim. Agora, com ela nos meus braços, percebo que fui um péssimo marido. Uma mulher como ela... e eu fui burro demais.

— É, pode crer.

— Alec! — chamou Lisa, tentando chamar sua atenção.

— Que foi, boneca? É verdade! Ele foi bem burro. — Lisa revirou os olhos, mas ficou calada.

— Sabe, pai, sempre soube que o senhor amava a mamãe, mesmo sendo do jeito que você é. Via amor no fundo dos seus olhos quando olhava para ela. Foi por isso que, muitas vezes, acabei cedendo aos seus pedidos. Mesmo frio, o senhor nunca falhou em amar minha mãe, nem por um segundo. Esse amor sempre esteve lá.

Leny assentiu, agradecendo ao filho pelas palavras.

— Desde quando virou poeta, piranha?

— Para de me chamar de piranha, Lisa!

— Nunca. Combina com seus olhos.

— Quê? Isso nem faz sentido.

— Agora sei que não foi só a beleza... você puxou a burrice do seu pai também. — Ao perceber o que disse, Lisa cobriu a boca, envergonhada, e olhou para Leny com olhos arregalados.

— Opa... — exclamou ela.

— Já vi que vocês se merecem — disse Leny, rindo.

Nesse instante, Delcia abriu os olhos, e Leny sorriu para ela com ternura.

— Oi, Dely — disse ele, com carinho e afeto na voz.


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⏰ Última atualização: Jan 24 ⏰

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Boneca PretaOnde histórias criam vida. Descubra agora