Boneca Preta

Capítulo 52

"Não, não pode ser! Eu fiz tudo corretamente para proteger a todos... Como... como ele conseguiu descobrir?"

- AHHHHHHHHHHHHHHHHH!- Indira grita de dor deixando uma lagrima escapar dos seus olhos contorcendo no chão.

- Indira.. Indira...- Delcia chamava em vão ficando aterrorizada a cada segundo que passava. Não só pela a velha sacerdotisa, mas também pela vida do seu marido e do seu filho.

- Rápido... ahhhhh achem o Rei e o Leny, eles estão em perigo. Não vou aguentar muito mais segurando a barrira!- Disse a velha com sangue escorrendo pelo nariz por causa da pressão que o inimigo fazia na sua barreira.

- O que é que aconteceu? Delcia pergunta com um olhar de medo e preocupação.

- Os balefuls estão aqui...-Solta um gemido -Querem o rei, sentem um forte cheiro do abismo nele, a treva que espia o Alec é nutritivo para o corpo fedido e podre deles e vão fazer de tudo para consumi-lo por inteiro... o Lenny só serve como corrente de energia para canalizar a força e tamanho das trevas do rei, se não fizermos nada, "bakanka"  não tem volta.

 A fala dela pareceu dar vida as pessoas que estavam no salão. Todos pareciam distantes e apreensivos com a queda repentina dela e se esqueceram o porquê de estarem longe de tudo e todos. Eminentemente o perigo se aproxima, agora é a hora de cada um assumir o seu papel como guerreiros do elite do Gã dos espíritos, não é altura de se preocupar com alguém no chão, ouviram claramente a sacerdotisa pedindo para proteger o rei e o pai dele e é isso que irão fazer.

Não é a toa que o Gã dos espíritos é temido e respeitado até nos dias de hoje. Além da forte habilidade de usar os poderes dos espíritos, eles por si só, nascem com uma energia natural maior do que todos os outros. Dentro do  Gã dos espíritos há um grupo de pessoas que essas energias são controlados pelas emoções ou seja, a raiva pode ser um motivo para matar, amor pode virar obsessão e o medo pode causar suicídio. Eles eram mal vistos dentro do próprio Gã e fora dele, eram tratados como monstro e ninguém ousava se aproximar nem para criar amizades, eram o desconhecido.

 Mustafa vendo que existe pessoas assim no seu Gã decidiu ajuda-los a lidarem com essas particularidades, quando todos achavam essas pessoas gente doente e sem futuro. Ele criou um lar par eles no meio da floresta, desta ação de querer estender a mão a eles, Mustafa descobriu que todos eles tinham algo em comum... Nascem com um estilo próprio de combate que é absurdamente formidável, não era necessário treinamento e nem academias, projetam e adequam a luta de acordo com o estilo do oponente, o método de rápida adaptação da luta, os fez ser guerreiros do elite. 

A resposta por sempre escolher viver no meio do mato e longe das pessoas, não era por causa do ar puro e sombras das árvores grandes. Era por causa da sede de sangue natural que corria na veia de cada uma daquelas pessoas naquele lugar, eles nascem querendo matar, escolhem moldar esse querer por questões éticos, respiram pensando em como irão morrer, e anseiam pela honra de morrer lutando. Então, que merda faziam ali parados olhando uns aos outros?

- Comigo "djanques"! Saiam pela porta e devorem tudo.- A voz sombria da Larcia passou pelo pavilhão auricular de cada um deles e o comando chegou ao coração. Parecia uma outra pessoa ali, a Larcia gulosa, escandalosa sumiu, olhando para ela no exato momento, era apenas uma general querendo matar.

Ela e os demais saem pela porta sem correr e num silêncio absoluto deixando a Delcia para trás. Só se ouvia os passos deles se distanciando.

- Solte a barreira sacerdotisa.- Ela fala na linha de frente e a Indira solta a barreira logo a seguir. Larcia fecha os olhos por um momento concentrando toda a sua energia para esse momento que no fundo, todos sabiam que ia acontecer.

60 homem armados até aos cabelos marcham em direção a  aldeia se aproximando, não dava para ver eles chegando, pois a barreira da Indira cobriu um terço a mais que o necessário. Contudo os barulhentos corriam feito loucos se aproximando cada vez mais perto dos guerreiros excitados.

- Pelo nosso rei matem e vivam, chorem e riem-se, entreguem e tomem.

Os balefuls aparecem na aldeia parando de correr formado uma linha reta horizontal. Um homem encapuçado passa na frente aos passos lentos e seguros. A 10 metros da Larcia ele tira o capuz se revelando. O rosto dele tinha duas cicatrizes, um na bochecha e outra no final do queixo, olhos castanhos quase preto, 1,95 de altura, robusto e velho.

- Cadê o Alec?- Vai direto ao assunto sem rodeios.

- Atrás de você.- Debochou a Larcia.~

- Menina corajosa. Vem cá!? Não te ensinaram a respeitar os mais velhos não?

- Sim me ensinaram, no entanto eu nunca apreendi a respeitar homens das cavernas de carne podre.- Disse a Larcia e um dos seus guerreiros cospe no chão provocando o velho que ri sem humor.

- Larcia, a menina mimada que nasceu no berço de ouro, tratada como princesa pela mãe, mas o coração pertence a um fogo ardente de justiça e um paixão a normal pelas armas, se tornou general dos espíritos quando matou o primeiro homem que se apaixonou por ela, bela biografia.

- Cala a boca seu merda, volta a enterrar a bunda na idade do gelo.- Diz a Larcia com fogo nos olhos e injetados de sangue.-  O velho rodou os olhos nos 20 guerreiros a sua frente até caírem no Settimio, o menininho de 11 anos que foi buscar a Lisa. Todos tinham uma expressão feroz no rosto, nada além disso, não tinha resquício de ódio e nem medo. simplesmente querem matar.

- Covardes, trazem até crianças para conversas de adultos? Mesmo sendo um guerreiro do elite dos espíritos, não se enganem eu mato todo mundo, não me interessa se é uma criança.

Já estava a ficar estranho o papo com o tio. Como ele sabia quem era a Larcia? E como ele sabe sobre os guerreiros do elite? Quem diabos é esse homem?

- Ninguém pediu a tua piedade desgraçado, cai pra dentro, você fala de mais.- Indira se aproxima da Larcia, tocando levemente no seu ombro.

- Pelo o que parece, você usa o cérebro amigo. Achou  o rei mesmo com a minha barreira bem elaborado e ativo, forçou a passagem e cá estás tu. Mas você esqueceu de uma coisa importante!

- Achas? Eu decifrei a entrada de ponta a outra, até que foi um bom investimento de energia, gastei dias tentando achar vocês.- mentiu.- mas me diz a coisa importante, quero saber.- O homem deu ênfase no importante, debochando da Indira.

- A senha da saída.- a expressão debochada de antes vai mudando aos poucos, o tiozão não contava com essa.

" que merda ela está falando? eu vi a barreira descer, deve estar blefando!"

- Achas que estou blefando, pode checar se quiser, mas vou avisando, duas tentativas e isso aqui vira num campo minado, tudo explode. 

- Você não faria isso estando aqui dentro exposta ao perigo, é tudo bleff.-  O homem tenta se convencer jogando conversa fora.

- Você ainda não entendeu, o Alec e o Lenny não estão aqui, portanto todos aqui querem matar e morrer.

A ficha caiu e o homem começa a perceber que se calhar ele está mais ferrado do que imaginava, mas agora não dá para voltar a atrás eles já estavam aqui e a pose de antes tinha de ficar.

- Se é assim, então que tal uma faxina por aqui.- disse ele.