Capítulo 15

36 2 0
                                    

Num casamento de verdade, obviamente teria uma festança como a celebração da união de duas pessoas que se amam, mas no caso da boneca e do Alec só teve a cerimonia do casamento e cada um para sua casa. O que era para ser um motivo de felicidades para todos, foi um motivo de preocupação e sinal do cumprimento da profecia ancestral.

-Eu acho que está na hora de eu partir!_ Samira caminha devagar com o seu salto alto, azul e vestido midi bege. Os olhos dela pareciam tristes e cansados, ela carinhosamente segura as mãos da filha depositando um beijo suave, depois passa as mãos no rosto dela abrindo um sorriso reconfortante.

- Você cresceu meu amor, se seu pai estivesse aqui ele com certeza faria diferente._ A Samira sempre respeitou o Gã Mane por ser o número um do território, mas quando o Leny bateu na sua porta anos atrás alegando que a Cilisa seria a noiva do seu filho esse respeito virou medo, o Gã era conhecido pela a habilidade de controlar os espíritos mas, como diz o ditado com grandes poderes vem grandes responsabilidades, por mais que seja honroso vê-la se tornar uma rainha, é muito inquietante saber dos riscos que ela estará exposta.

Um por um foram se despedindo dos noivos até restar apenas o Leny e a sua esposa ao lado dos noivos olhando para o ultimo carro a partir. O sol no seu massacrava a todos com os seus raios de escândalo, até o sol está com raiva hoje.

-Bom meninos está na hora de irem para a vossa nova casa._ disse o Leny abraçando a Delcia de lado.

- O Osvaldo já está trazendo o carro, Alec por favor cuide dela.- Delcia disse beijando a testa da Cilisa pra depois do seu filho, entretanto o seu filho apenas ficou calado.

Delcia entra no carro o Leny fez menção de entrar porém parou e disse:

- Alec! Obrigado meu filho!_ as palavras do pai fizeram o coração do Alec acelerar, mas a expressão dele manteve neutro impossibilitando qualquer leitura. O ambiente parecia mais de um funeral do que um casamento, a unica coisa brilhando era o sol, mas o brilho do sol também era pra matar o que não ajuda muito.

Osvaldo parou o carro na frente dos recém-casados e cada um entra em silêncio.

Chegando na sua nova casa com o seu marido atrás dela, a primeira coisa que a Cilisa fez foi tirar os sapatos, depois arrancou o véu jogando-a no chão cheia de raiva andando um lado para outro, ela naquele momento sentia um calor terrível com aquele vestido grande e chato que lhe queimava nos ossos, suspeitou que poderia ser as ondas de caóticas do seu marido porém não ousou falar, pela cara do Alec nem o diabo teria a coragem.

A pouca iluminação fazia tudo ficar mais sombrio, de pé no meio da sala processando o dia e os seus sentimentos, Alec se incomodou com o vai vem da Cilisa.

-Para...!_ disse ele sem olhar para ela com o olhar fixo na parede branca a sua frente, no entanto a Lisa o ignorou continuando com o seu vai vem.

-Para...!_ de novo ele, e de novo foi ignorado.

- Eu disse para!_ gritou o homem com os olhos injetados de sangue fazendo a Lisa parar.

-O quê, o quê, o quê porra?_ rebateu ela perdendo a paciência com a vida e cansada de ser intimidada. - Também não tenho direito de me preocupar e andar de cá pra lá?_ continuou

Desde criança sempre seguiu ordens e nunca teve escolha propria por causa desse maldito casamento, agora que já aconteceu que se exploda o mundo, ela fara o que bem entender.

Alec pensou em trezentas formas de matar aquela mulher, e mais trezentas de como poderia dar uma boa lição nela, porém preferiu manter quieto com os olhos semicerrados fixo na boneca a sua frente. Depois de um tempo olhando para ela, ele deu as costas se distanciando, no primeiro degrau das escadas ele para sem virar pra traz e diz:

-Amanhã se prepare para a cerimônia de superação.

-Cerimônia do que?_ perguntou a Lisa confusa.

-Você é burra por acaso? Amanhã vamos consumar o casamento._ esclareceu o Alec sem paciência.

O quê?_ exclamou a Lisa

- Eu, Alec, vou tirar a tua virgindade penetrando-te com o meu pénis amanhã diante de todo mundo, entendeu.

-Nem pensar, não não e não, casamos e ponto eu perderei a virgindade com homem que amo, não com um cretino como você.

-Cretino você nem me conhece e ousa me chamar de cretino. Eu como ninguém vou odiar cada segundo em que eu estiver em dentro de você, tenho certeza que terei náuseas por um corpo que me dá nojo e se estiver se perguntando o porquê de mesmo com nojo de ti vou fazer! a resposta é porque se não o fizer, nenhum daqueles anciões filhos da puta irão sair dessa casa sem que reconheçam o cheiro do seu sangue puro. Queira você ou não, sou eu a ser o primeiro, foda-se o seu amor e foda-se o homem que você ama._

A crueldade nas palavras do Alec é capaz de ser palpável, não tinha necessidade dele dizer tais palavras para a boneca, e além disso, ele está sendo um covarde por descontar a raiva nela, pois igual a ele a Cilisa também é uma vitima e dizer para ela que o corpo dela é nojento nunca o livrará desse fardo e ele sabe perfeitamente que foi um merda assim que fechou a boca.

Lágrimas brotaram nos olhos na Lisa, a sensação era de cento e cinquenta espadas atravessando o seu coração.

" mas porquê ele me odeia assim tanto?" pensou a Cilisa.

-Nem que eu morra amanhã eu nunca deixarei você me possuir, nunca._ disse chorando feito uma criança que perdeu os pais.

-Aie, então cadê esse homem ham? além de mim nesse lugar não vejo ninguém. Porquê não se matou antes de se casar comigo?_ boneca permanece calada extremamente ferida.- Deixa eu te dizer uma coisa, nunca existiu outra pessoa além de mim e nem vai existir, no momento em que disseste sim no altar você se condenou a mim e a si mesma..

- Você é um covarde filho da puta, se achas que és tão homem, porquê você não disse não, e para o seu governo de merda, existe sim, eu fui amaldiçoada a sentir dor se eu pensar ou mesmo olhar para outra pessoa com outras intenções, mas o amor da minha vida, o único homem que eu olhei com outras intenções e não me aconteceu nada foi garoto sem nome, tinha 10 anos quando lhe encontrei posso ter mais 50, ainda sim eu vou encontrá-lo, nem que seja a ultima coisa que eu faça._

Alec para nas escadas ouvindo as palavras da Cilisa o seu coração bateu pela primeira vez em décadas, olhou para a Cilisa de pé se afogando nas próprias lagrimas fez com que a memoria da garotinha assustada que fugiu de casa lhe atingisse fortemente, foi a primeira vez que ele sentiu um ser vivo, mas quando descobriu que ela era a sua prometida, aquele miúdo atencioso e preocupado que ela conheceu se foi. O ódio do Alec não é pelo facto dela ser a escolhida, o ódio dele é pelo facto de ser a menina que ele queria amar e cuidar ser a prometida dele, e ele sabia que pertencer o Gã Mane é estar exposto a todos os tipos de perigos. Como ele poderia cuidar e ama-la nessa situação assustadora, podia ser qualquer outra que ele nem se importaria, mas calhou exatamente com ela, então pelo menos se ele fracassar em cuidar dela, não se sentiria devastado ou culpado se a odiar.

-Faz o que você quiser, eu não me importo._ Disse saindo do campo da visão da esposa.

Lisa cai sentada no chão chorando terror que é a sua vida, a sua garganta doia por estar a muito tempo chorando sem soltar a voz, nas suas narinas escorriam cataro e os seus olhos estavam inchados mas mesmo assim ainda apetecia-lhe chorar por tudo desde os 4 anos até dia de hoje.

Boneca PretaOnde histórias criam vida. Descubra agora