CAPÍTULO 21

1.7K 198 28
                                    

[POV Luiza]

- Amor, a gente precisa conversar - Valentina me olha enquanto fala, mas não consigo decifrar sobre o que é essa conversa.

- Tá tudo bem? Fiz algo de errado? - Valentina senta encostada na cabeceira da cama e me chama para sentar de frente pra ela.

- Claro que você não fez nada. - ela para de falar e pensa um pouco. - Mas antes preciso que prometa que não vai brigar com o Léo por ele ter contado.

- Prometo. Agora fala, tá me deixando nervosa... - me acomodo em sua frente e a encaro receosa.

- O Léo me contou algumas coisas hoje, uma delas é que Nádia machucou vocês. - ela parece tentar não deixar a raiva transparecer. - Eu preciso saber como foi essa agressão, se ele estava falando no sentido figurado ou se ela realmente tocou em vocês.

Encaro minhas mãos repousadas em meu colo e penso com muita cautela no que vou dizer.

- Fisicamente falando, Nádia nunca precisou encostar na gente... - respiro fundo. - Mas isso porque a tortura e joguinhos psicológicos já davam conta do recado.

- Como assim, amor? - Valentina segura minhas mãos.

- Ela brincava muito com o meu psicológico e conseguia fazer parecer que tava tudo bem, que era normal, que era amor.

- E era tudo manipulação.

- Sim, por isso os últimos meses tem sido bem difíceis porque muita coisa veio a tona, sabe? É como se um véu tivesse caído, me permitindo ver quem ela sempre foi.. - sinto vergonha de olhar nos seus olhos. - Percebi que sujeitei meu filho a coisas que ele definitivamente não precisava passar, construí uma relação tóxica com ela e muitas vezes unilateral, onde só eu me doava e cedia.

- Não consigo nem imaginar quantas coisas passam pela sua cabeça...por que não me contou o que estava acontecendo aí dentro?

- Valentina, eu me sinto perdida, sem rumo, com exceção de finalmente estar com você, tudo tem estado tão difícil e ruim. - deixo as lágrimas caírem. - Não tenho coragem de jogar toda essa carga sobre você.

- Luiza, eu sei muito bem onde estou me metendo. Não sou criança, nem inocente a ponto de não entender o que essa investigação pode significar pra sua empresa, o que significa pro Léo sua separação, o que significa pra você entender e sentir tantas coisas sobre uma pessoa que até então você dividia uma vida.

- Mas você não precisa entrar nesse caos.

- Não preciso, mas eu quero você, Luiza. E se isso envolve abraçar sua calmaria e também seu caos, que assim seja. - Valentina me puxa pra perto de si. - Eu só quero que entenda que do meu lado você sempre será respeitada e não vou te forçar a me contar tudo que pensa ou sente, mas quero que entenda também que esse espaço aqui é seguro.

- Eu me sinto segura com você, meu bem. Só sinto vergonha disso e tem sido muito para processar de uma só vez.

- Não precisa ter vergonha, linda. - seu abraço agora é sem dúvidas o melhor lugar do mundo. - O carinha só percebeu seu sofrimento e veio me falar sobre, o que me deixou extremamente preocupada foi a possibilidade de agressão física e também não saber o que você estava realmente sentindo e pensando.

- Ele é muito sensível e empático. Quando não estou bem ou quando estou nervosa, frustrada, conto pra ele como me sinto. Dessa forma, quando ele sentir algo parecido, saberá identificar aquela emoção e lidar melhor com ela.

- Nunca tive dúvidas de que você seria uma mãe maravilhosa, tenho muito orgulho de você.

Não que eu precise ser validada como mãe por ela, mas saber que Valentina me admira nesse sentido, me faz perceber que tenho tido êxito ao criar o Léo.

- Obrigada, amor. Principalmente por não me julgar e sim me acolher. - enxugo minhas lágrimas e me afasto para poder olhar em seus olhos. - Eu só quero me curar, superar tudo o que aconteceu, finalizar essa investigação e seguir minha vida com meu filho e a mulher que eu amo.

- A mulher que você ama, é? - Valentina abre um sorriso de orelha a orelha - Essa sim é bem sortuda...

Ela acaricia meu rosto com o polegar e se aproxima para um beijo lento. Ela sabe exatamente que o que preciso agora é sentir que ela está aqui comigo e seu toque, seu cuidado se faz presente até em um simples beijo.

- Eu amo você, Valentina Albuquerque.

[POV Valentina]

- E eu amo muito mesmo você, Lu. - encerro o beijo e encaro a mulher com o sorriso mais lindo desse universo. - Mas agora vamos falar de coisa boa! Tenho fofocas pra te contar!

- Fofoca? Me conta! É sobre quem? - de repente Luiza está empolgada e ainda mais atenta.

- O Hugo tá super afim da Eduarda, tá querendo chamar ela pra sair na confraternização da delegacia.

- Eu sabia! Dá pra perceber a tensão sexual entre eles de longe. - Luiza se vira de costas pra mim e deita entre minhas pernas com a cabeça apoiada no meu peito. - Mas levar ela pra uma confraternização?

- É, é um jantar oferecido pela polícia federal, mais especificamente pela superintendente para todos da delegacia e suas famílias. Uma forma de reconhecimento pelo trabalho duro. - explico. - Inclusive, quero convidar você e o Léo pra irem comigo, o que me diz?

- Ah sim, vou verificar minha agenda. - ela levanta e se vira para me olhar.

- Tudo bem, só me fala se não forem que devolvo os convites...

- É claro que iremos né, Valentina! - ela cai na risada.

- Engraçadinha. - levanto e a puxo pela cintura, fazendo com que caia na cama, fico por cima dela.

Começo então a fazer cócegas e sua risada se torna gargalhada, brincamos assim por alguns minutos até nossa barriga doer de tanto rir.

Foi importante saber o que perturba tanto os pensamentos de Luiza, tudo que posso fazer é continuar fortalecendo esse vínculo de confiança para que ela entenda que é seguro estar vulnerável do meu lado.

Depois de brincarmos mais um pouco, deito na cama e Luiza, depois de apagar a luz do quarto, deita na minha frente de costas pra mim. A envolvo numa conchinha e entre mais carícias e assuntos aleatórios, adormecemos.

Tinha Que Ser Você - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora