CAPÍTULO 24

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[POV Luiza]

Tem sido bem difícil lidar com Valentina nos últimos dias, ela se fechou de uma forma que não imaginei ser possível, a mãe dela a acusou de matar o irmão por puro ciúme e capricho e fez isso publicamente em diversas ocasiões, inclusive na frente da corporação inteira.

Na empresa, as coisas estão começando a ficar tensas, a investigação vai bem devagar já que Hugo está praticamente sozinho, Valentina tem passado com a psicóloga da Polícia Federal para poder voltar a trabalhar fora da delegacia, mas enquanto isso não acontece, ela fica no trabalho administrativo.

Nossa relação anda distante, dormimos juntas todos os dias, mas dificilmente conversamos e nos conectamos de forma mais intensa como antes.

Nádia formalizou o pedido de guarda do Léo e tem sido quase impossível me manter emocionalmente estável com esse tanto de coisas acontecendo.

Só se passaram duas semanas desde o enterro do Igor, espero fielmente que o tempo faça seu trabalho e cure aquilo que tiver de curar.

- Luluzinha, porque você não tira um tempo pra você? Você tem no mínimo uns 3 meses de férias acumuladas. - Duda percebeu como tem sido difícil e exaustivo nos últimos dias.

- Talvez eu tire uma semana ou duas, mas com a empresa em investigação é meio complicado eu me ausentar assim. - estamos no estacionamento caminhando lado a lado em direção aos nossos carros nas vagas reservadas.

- Isso, eu cuido das coisas durante seu recesso, vai sem medo. - chegamos até nossos carros. - Até amanhã, amiga.

- Até, Duduzinha.
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- Mamãe! - assim que passo pela porta, sou surpreendida pelo Léo.

- Oi, filho! - recebo o pequeno em um abraço apertado.

Olho pro sofá da sala e lá está Valentina jogada como se eu não tivesse nem chegado.

- Oi, amor. - paro na frente dela. - Tudo bem?

- Oi Lu, tudo.

Sua frieza me desconcerta, nesse momento difícil nós deveríamos estar mais próximas que nunca. É difícil pra ela, mas não é só ela que sofre no mundo. Ela nem me enxerga mais.

Sigo fazendo as coisas no modo automático, cuido do Léo, o ajudo com o dever, faço o jantar e o coloco no banho.

Ouço as portas do armário da cozinha batendo e corro até lá.

- Tá tudo bem? - percebo que Valentina está nervosa com algo e bufando enquanto bate a porta de todos os armários.

- Parece tudo bem pra você, Luiza?

- Não precisa me responder desse jeito, Valentina.

- Não falei de jeito nenhum, Lu. Não tá nada bem já faz um tempo. - ela para de andar pela cozinha e me encara. - Ou vai fingir que tá tudo certo e seguir infeliz aqui?

Não sei de onde veio isso, mas não estou com a menor paciência pra ser destratada desse jeito.

- Valentina, presta atenção. Você não é a única pessoa no mundo que tem problemas e que sente dor, aliás é um puta egoísmo seu ignorar que do seu lado também tem alguém sofrendo.

- Ah é? E quem tá sofrendo? - seu tom é sarcástico.

- É sério? Você não tá vendo que também está difícil pra mim? - tento impedir, mas as lágrimas escapam. - Estão tentando tirar minha empresa de mim, meu segundo maior sonho porque o primeiro é o meu filho e adivinha? Também estão tentando tirar ele de mim. Não tô dizendo que uma sofre mais que a outra, que devemos ignorar como nos sentimos, mas você me tratar assim e justificar ser escrota porque está com dor? Acha justo?

Tinha Que Ser Você - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora