CAPÍTULO 45

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[POV Valentina]

Quando um criminoso como o Igor é capturado, existe uma grande burocracia por trás de tudo isso, até porque não queremos brechas que inocentem ele no julgamento. Uma das etapas é a coleta do depoimento de cada um dos agentes presentes no local e uma relatório completo e detalhado por escrito também feito por cada um dos dez membros do esquadrão.

Após deixar todos os membros do esquadrão irem primeiro, incluindo Hugo, finalmente passei pelos procedimentos e fui liberada. A prisão foi ontem, agora já se aproxima das 21h e estou a pelo menos 4 dias longe de casa, preocupada com como as coisas estão por lá.

Lucas, o marido de Igor e dono da empresa farmacêutica ainda está foragido, acho bem difícil ele tentar algo contra a gente, provavelmente vai tentar usar seu poder financeiro pra isso ou vai tentar fugir, de qualquer forma a regra é clara: quer pegar um criminoso de colarinho branco? Siga o dinheiro. É assim que vamos pegá-lo.

Hugo saiu da delegacia no começo da manhã, combinamos que ele levaria sua família para sua casa e que ajudaria Isabela providenciando uma mudança para sua mãe e sua irmã, já que ela vai ficar um bom tempo prestando depoimentos antes de ser liberada.

Quero que minha família tenha o mínimo de normalidade agora e viver em oito pessoas foi um tanto agitado demais.

Subindo as escadas da casa escura e silenciosa sinto como se não tivesse vivido plenamente minha vida com a Luiza e com o Léo, sempre estava preocupada com algo, tentando sobreviver ao meu irmão e tentando impedir a contaminação da água que praticamente dizimou uma cidade.

Passo no quarto do Léo e felizmente ele dorme com um semblante tranquilo e relaxado, me aproximo então com cuidado e beijo sua testa. Esse menino já viveu e sobreviveu a muito mais que muitos adultos, me orgulho do homenzinho que ele está se tornando.

Após alguns segundos, me retiro e sigo pelo corredor, assim que abro a porta do quarto principal, noto que o ambiente é iluminado apenas pelo abajur, mas a luz do banheiro está acesa.

Retiro o coldre de perna e o distintivo, coloco ambos sobre a cômoda ao lado da porta, em seguida tranco a mesma antes de virar novamente em direção ao banheiro que é provavelmente onde Luiza está.

Nesse instante, ela aparece vestindo apenas um robe branco de seda, com o sorriso doce nos lábios que mal sabe ela, mas que me manteve focada e de pé nos últimos tempos.

- Oi, amor... - sussurro fraco, talvez pelo cansaço que me domina mais do que gostaria.

Luiza por outro lado não me responde, ela apenas se aproxima devagar, nos seus olhos castanhos consigo perceber uma mistura de preocupação e alívio e então percebo como também foi extremamente difícil pra ela tudo isso. Seu corpo se encontra com o meu em um encaixe familiar e ela me envolve em seus braços em um abraço apertado.

- Finalmente você chegou! Não se preocupe, meu bem. Você está em casa...

Sinto uma onda de emoção me inundar e de repente tudo o que passamos nos últimos meses parece finalmente se afastar como uma nuvem carregada que impedia o sol de brilhar e que agora se desfaz. Me afasto um pouco para olhar nos olhos de Luiza.

- Nunca mais quero ficar longe de vocês assim. - sussurro.

Luiza sorri e acaricia meu rosto, seus dedos deslizam suavemente sobre minha pele ainda um pouco gelada por ter andado na rua tarde da noite. Em seguida ela inclina levemente a cabeça e seus lábios se encontram com os meus, dando início assim a um beijo suave, mas cheio de paixão e saudade acumulada.

Depois de certo tempo, sinto o calor crescer dentro de mim e nossas línguas travarem uma batalha prazerosa durante o beijo. As mãos de Luiza deslizam para os meus ombros, removendo a jaqueta de couro preta que uso, deixando-a cair no chão.

Tinha Que Ser Você - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora