CAPÍTULO 35

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[POV Luiza]

Posso sentir que a manhã se aproxima ao passo que a claridade começa a tomar conta do quarto, respiro fundo e sinto o cheiro de Valentina invadir meu nariz, assim que me movo sinto o corpo dela abaixo do meu. Estou deitada em seu ombro envolvida por um de seus braços.

Levanto a cabeça o suficiente para observa-la dormir com um sorriso bobo e apaixonado no rosto.

Essa investigação tem a desgastado muito e é inevitável eu me sentir culpada por isso, ainda não comentei com ela, mas estive bem reflexiva sobre algumas coisas e a principal delas é a motivação que Nádia teve e tem pra ter feito tudo o que fez nos últimos meses. Não sei se é saudável buscar motivações que justifiquem uma tentativa de assassinato, mas desde que ela tentou tirar minha vida na empresa venho remoendo isso.

[Lembrança ON]

Fevereiro de 2021

- Amor, posso te fazer uma pergunta? - pensei melhor. - Na verdade duas.

- Claro, bebê. - Nádia continuou deitada em meu colo olhando a movimentação do parque em que estávamos.

- Por que você nunca me fala de onde veio, da sua família ou da sua infância?

- Não vejo necessidade de falar disso, amor.

- Mas tem uma razão específica pra isso?

- Você nunca vai desistir de saber deles né?

- Na verdade, só quero entender sobre isso pra saber lidar com algumas situações...

- Certo. Meu pai se chamava Raul e era advogado, seu objetivo era se tornar promotor de justiça, mas ele nunca alcançou essa glória... - Nádia se senta e passa os dedos entre os fios crespos de seu cabelo ajeitando seu black power levemente amassado. - Graças a ele consegui uma vaga na PUC-RJ. Ele morreu assim que terminei o terceiro semestre.

- Entendi, eu sinto muito por sua perda. - com calma deslizei as costas de uma das mãos em seu rosto enquanto ela olha para o chão visivelmente abalada.

- Sobre a minha mãe...bom, Marília é uma ladra e golpista da pior espécie. Meu pai e ela se conheceram quando Raul investigava um caso no qual ela estava envolvida e era suspeita de ter aplicado um golpe em um empresário. - Nádia encara o horizonte como quem reflete sobre alguma questão e sorri antes de falar. - Foi um crime perfeito, na verdade teria sido se ela tivesse escapado.

- É, sua mãe não era bem um modelo a seguir. E agora, onde ela vive? Você sabe?

- Meu pai nunca me contou mais sobre isso e também nunca fiz questão de perguntar, só sei que ela foi embora quando eu era mais nova e meu pai me criou sozinho depois disso, lembro dela da época que eu tinha meus 10 anos no máximo.

- Que pesado.. - sussurro baixo me arrependendo de ter começado aquele assunto. - E seu pai?

- Assassinado quando eu tinha 22 anos. Na verdade, para todos os efeitos foi um roubo seguido de morte, mas todos sabem que foi retaliação por um caso importante que ele estava prestes a levar a julgamento.

- Eu nem ligo, não mais, amor. - Nádia me encara. - A única coisa da qual sinto falta é dos bons momentos que passei com meu pai, mas como ele não volta mais, evito me prender a esse tipo de sentimento que me enfraquece.

[Lembrança OFF]

Naquele dia no parque, Nádia mostrou um lado um tanto frio de si, mas levando em consideração o que ela passou sua frieza é... justificável?

Tinha Que Ser Você - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora