CAPÍTULO 40

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[POV Valentina]

- Eu não confio em você.

- Mas deveria, se não confiar vai morrer aqui.

- Eles pretendem me trocar por alguma coisa, não vão me machucar..

- Tecnicamente sim, mas se depender do seu irmão gêmeo você não passa dessa noite. Pra ele sempre foi por vingança. - seu revirar de olho demonstra sua impaciência. - Me disseram que você iria resistir. Assiste isso.

O celular agora à minha frente reproduz um vídeo. É Luiza, com a cara de quem não dorme a dias.

"Oi meu amor, eu sei que não confia na Isabela, eu também não confiaria se estivesse no seu lugar. Mas confie em mim, ela está do nosso lado agora."

O vídeo acaba e Isabela guarda o celular.

- Como? Por quê? - sussurro enquanto as lágrimas correm desenfreadamente pelo meu rosto. Sinto tanta falta dela e do carinha.

- Eu juro que te explico melhor quando dermos o fora daqui, agora me escuta! Quando anoitecer vou te buscar, preste atenção nos sons lá fora, às 18h os guardas trocam de posto, tem só 2 no caminho até o estacionamento, 20 minutos após o som do rádio anunciando a troca de plantão, eu entro. Você entendeu? - Isabela ergue uma das mãos e tira uma mecha de cabelo que cai no meu rosto.

- Eu nem consigo ficar de pé! - me desvencilho de seu toque.

- Por isso que você vai tomar esses remédios aqui. - Isabela tira do bolso de sua jaqueta um pote laranja com pelo menos uns cinco comprimidos. - Todos são fortíssimos para dores como a sua e não te dão sono. Vão te deixar bem o suficiente.

- O que te fez mudar de lado? - pergunto intrigada olhando nos olhos dela.

- Muitas coisas... - Isabela responde com certa melancolia em sua voz. - Aqui, uma Glock 7mm com silenciador, está carregada.

Me surpreendo com sua habilidade ao manusear a arma.

- Luiza e Léo estão bem? - seguro em uma das suas mãos e pergunto antes que ela se levante.

- Acho que sim, eles parecem sentir sua falta. - ela se desfaz do meu contato e se prepara pra sair. - Esteja pronta. Até mais tarde.
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18h - hora da fuga

Olho para meu tornozelo e tento alcançar o pager preso a ele, o objeto que pedi para o Hugo junto com a arma e o carro deveria me guiar até Luiza no final do dia, mas agora tudo é tão incerto que nem sei se os verei de novo. Quando pensei nesse pager achei que seria um trunfo para uma comunicação de emergência.

Sorrio sem o menor humor.

Eu só não contava que mal conseguiria me mexer para pegá-lo.

É óbvio que toda minha experiência como delegada me diz que isso é uma armadilha, o vídeo de Luiza pode ser um deepfake e no fim eu posso acabar ou presa ou morta. Mas o que também é óbvio, é que essa também pode ser uma oportunidade real e nessas condições, o que tenho a perder?

(Dê play na música Natural - Imagine Dragons)

Desde que Isabela saiu daqui não recebi visitas, parece que me esqueceram aqui ou só estão me deixando recuperar um pouco da minha energia pra seguirem com o plano. De todo jeito, tomo os medicamentos que Isabela trouxe e aguardo contando segundo a segundo.

Na minha contagem, 18 minutos se passaram, sinto que ao menos 30% da minha energia foi restabelecida com o efeito rápido dos remédios. Com dificuldade me apoio e consigo levantar, a dor não sumiu, ainda dói muito, mas é mais suportável que mais cedo.

Tinha Que Ser Você - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora