CAPÍTULO 31

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[POV Valentina]

Na viatura novamente, sinto os olhos castanhos de Carla sobre mim o tempo todo. Chega a ser desconfortável.

- Que foi, superintendente? - dou partida no carro.

- Nada... aquela Luiza é muito gata, só isso. Quando me passar tudo que tem da investigação manda o número pessoal dela também?

- Acha prudente dar em cima da dona de uma empresa que estamos investigando? - tento dissuadir a superintendente, mas me incomoda tanto o fato de ela querer se aproximar da Lu que nem percebo minha cara fechada.

- Credo, que cara é essa de quem comeu e não gostou? Está com ciúmes de mim, é? - tento desmanchar a cara emburrada.

- Não tem cara nenhuma e nem ciúmes de você, Carla. - mais alguns metros e estaremos na delegacia. - Você falou sobre te enviar todos os arquivos e descobertas do caso?

- Sim, o presidente quer acompanhar o desenrolar disso, afinal o caso tá quase repercutindo internacionalmente.

- Certo, preciso só me reunir com o Hugo pra te entregar esse compilado de arquivos.

- Faça isso ainda hoje, porque depois de levar para o presidente essas coisas, vou tirar minha licença premium.

- Não é você que odeia descansar?

- Fui forçada a tirar esses dias, mas negociei de pegar 30 agora e 30 depois.

- Entendi, descansar ás vezes é necessário. - estaciono no pátio em frente a entrada principal da delegacia.

Mesmo sabendo sobre a investigação em si, a superintendente não tem acesso total a tudo que estou fazendo, simplesmente porque tenho autonomia quase que total nessa investigação. Ela pode sim exigir provas como está fazendo agora, mas não preciso me reportar diretamente a ela o tempo todo como o Hugo precisa se reportar a mim, por exemplo.

Não que tenhamos lá muitos arquivos além do relatório sobre cada funcionário da empresa da Luiza. Nem o dossiê sobre Nádia consta nesses arquivos ainda, como disse antes, a mesma nos impediu de cumprir mandados de busca e se negou a compartilhar documentos da empresa diversas vezes, empacando nossa investigação.

- Sobre isso, Valentina. - Carla coloca a mão nas minhas costas me conduzindo para dentro de minha sala. - Você vai assumir a superintendência da Polícia Federal eixo Rio - São Paulo enquanto eu estiver fora. Entendido?

- Eu? Vou assumir suas funções? - sem expressar muita emoção, mas extremamente feliz pergunto.

- Não só as minhas funções, mas continuará como delegada também. - ela ajeita o distintivo pendurado em meu pescoço. - Em resumo vai fazer o meu trabalho e o seu.

Ela se aproxima bem mais do que eu gostaria e do que poderia sendo minha chefe. Me afasto rápido o bastante, mas o mais discretamente possível.

- Obrigada, Superintendente Fróes! Será uma honra contribuir com a Polícia Federal de forma ainda mais transformadora. - tento fazer uma média e ofereço a mão para um aperto profissional, mas ela me puxa para seus braços, num abraço bem desconcertado.

- O poder combina com você, Valentina. - ela sussurra no pé do meu ouvido me causando um arrepio intenso e gélido na espinha. Daqueles bem ruins.

Me afasto o suficiente para sorrir em agradecimento.

- Obrigada mais uma vez pela confiança em meu trabalho. - lhe acompanho até a porta. - Agora vou chamar o Hugo para reunirmos os arquivos que precisa.

- Certo. - ela segue para a saída da sala. - Te envio um e-mail com os seus novos acessos de superintendente e instruções que precisará seguir nesse período.

Tinha Que Ser Você - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora