Luiza Campos é casada, tem o emprego dos sonhos dela e uma família feliz, não que ela não goste da vida que tem, mas muitas coisas colocarão suas escolhas de vida à prova.
Valentina Albuquerque nunca foi boa (porque nunca quis) em atender às expect...
Conseguimos um bom quarto aqui e esse hotel é lindo, duas grandes janelas quadradas formam uma bela vista para o centro de São Paulo caótico por hora. Por sorte viemos preparadas e trouxemos uma troca de roupa para eventuais imprevistos.
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- Vou tomar banho, tá? - comunico Valentina que está absorta em seus pensamentos. - Valentina?
- Oi, Lu? Vai lá, vou logo em seguida.
Entro debaixo do chuveiro e uso esse tempo sozinha para pensar sobre como ultimamente Valentina tem dominado meus pensamentos, como ela tem me feito bem e tem inclusive tornado esse processo de investigação muito mais leve.
Me dei conta de que no meu casamento eu não tenho sido muito levada em consideração, meus receios não passam de mimimi para minha esposa.
Valentina, por outro lado, não se importa de parar pra me ouvir ou explicar algo totalmente do zero quando não entendo. O que sinto por essa mulher? . . . Cerca de uma hora depois nós duas já estamos de banho tomado, Valentina está sentada na cama mudando de canal na tv continuamente. Algo a incomoda, posso sentir.
- Oi! - me sento ao seu lado. - Tudo bem?
- Oi, Lu. Mais ou menos, preciso conversar com você sobre uma coisa que vi na Pure Life hoje. Você merece a verdade.
- Como assim? O que viu? - sento virada de frente pra ela.
- Eu vi que nos documentos do jurídico da empresa tinha uma assinatura da advogada deles. O nome é Nádia Roberta Campos, inclusive tirei uma foto pra te mostrar. - ela me mostra na tela do celular a assinatura dela no documento. - Não sei se é muita coincidência ou se realmente se trata da sua esposa, Lu. Não sei o nome completo dela, mas achei que você deveria saber.
- Obrigada por ter me contado, Valentina. - suspiro pesadamente. - É ela mesmo.
Esse tipo de traição é pior que a traição com outra pessoa, simplesmente porque quando se trata de outra pessoa na jogada você sabe que tem a ver com a falta de sentimento e respeito, agora essa traição?
Nádia esteve do meu lado desde a época da faculdade, me incentivando, passando noites em claro comigo pra fazer a Terra Verde dar certo e agora ela tenta fazer o quê? Me derrubar? Ela quer dinheiro? Será que não pensa que nosso filho é afetado?
Meus olhos transbordam em lágrimas com as dúvidas que bombardeiam minha cabeça, escondo o rosto nas mãos e deixo o choro fluir. Momentos depois sinto os braços de Valentina me envolverem com cautela, é exatamente do que eu preciso agora.
- Eu sinto muito, você não merece nada disso. - ela beija o alto da minha cabeça e me aperta mais.
Tenho muita sorte por ter essa mulher ao meu lado, sinto uma necessidade muito grande de demonstrar quão grata estou. Ainda deitada em seu peito, levanto a cabeça em sua direção e minha boca tá tão perto da dela que consigo sentir sua respiração ofegante.
Alterno o olhar entre seus lábios e seus olhos e posso sentir que ela quer o mesmo que eu.
- Por que nunca ficou com uma mulher antes?
- Nunca seria bom o bastante. - ela fecha os olhos por um instante. - Nenhuma delas era você.
- Posso ser a primeira? - agora frente a frente com ela me aproximo mais e seguro seu rosto com uma das mãos.
- Esperei todo esse tempo por você, Lu. - ela suspira e fecha os olhos.
Caio em mim e me levanto bruscamente, caminho em direção a janela do quarto e percebo que Valentina caminha em direção ao outro lado.
O que estou fazendo? Sou casada! Por outro lado, cada centímetro meu implora por ela, até quando vou ficar pensando no que poderia ter sido?
Ouço Valentina fungando do outro lado do quarto, não acredito que a fiz chorar.
- Valentina... - encosto na parede no espaço entre as janelas e a olho.
[POV Valentina]
- Oi Lu, me desculpa por ter me aproximado. Não vai acon... - antes que eu consiga terminar a frase, Luiza Campos me olha determinada e me interrompe.
- Não faça eu me arrepender de dizer essa frase de novo. - ela umedece os lábios. - Me beija, Valentina.
Um arrepio percorre minha espinha, não perco sequer um segundo de tempo e atravesso o quarto, chegando até ela rapidamente.
Ela tenta se afastar da parede, mas a pressiono contra a mesma pelo quadril. Levo uma das mãos até seu rosto e a outra ao seu cabelo. Olho em seus olhos por um momento, ela os fecha e faço o mesmo, deixo meu corpo conduzir o momento.
Afasto levemente os lábios e toco os seus, instantes depois sua língua pede passagem que não hesito em dar. Seus lábios são tão macios quanto imaginei que fossem todo esse tempo e seu gosto ainda mais doce do que eu esperava.
Apesar de ter começado devagar, o beijo se intensifica rápido, deslizo as mãos pela cintura de Luiza e a puxo contra meu corpo. Ela apoia os cotovelos em meus ombros e acaricia meu rosto com a ponta dos dedos enquanto nos beijamos.
Inesperadamente, Luiza inverte nossas posições e me empurra contra a parede. Suas mãos agora correm pela lateral do meu corpo e repousam em minha bunda, onde ela aperta com vontade. Seguro com uma das mãos em seu cabelo novamente e inclino sua cabeça para o lado afim de expor seu pescoço e deixar alguns beijos arrastados por ali. Ela abafa um gemido baixo mordendo seu lábio inferior.
Voltamos a nos beijar como se fosse não o primeiro, mas o nosso último beijo. Segundos depois, aos poucos, começamos a diminuir a intensidade, Luiza acaricia meu rosto com tanto cuidado, tanto afeto.
- Bem que você disse que beijar uma mulher é muito mais gostoso. - admito sem graça.
- Não, corrigindo: me beijar é bem mais gostoso do que beijar qualquer outra mulher ou cara meio interessante por aí. - ela afirma entre selinhos.
- Nada possessiva. - brinco com ela ainda em meus braços.
- Fica tranquila, não sou tóxica não. Não tanto assim. - ela sorri com o rosto pertinho do meu e meu sorriso se abre automaticamente em resposta. Esperei tanto, mas tanto por isso e ela sem dúvida fez a espera valer a pena.
- A espera valeu muito a pena. - depois de ler meu pensamento, Luiza apoia seu queixo em meu ombro e me abraça.
- Com certeza. - respiro fundo antes de fazer uma pergunta que pode estragar tudo isso. - Mas e agora? O que isso significou pra você?
- Foi a confirmação que eu precisava de que além do meu casamento realmente ter acabado, sempre foi você, Valen. - ela se aproxima mais um pouco novamente. - Você é o encaixe perfeito que eu não imaginava que existia.
Suspiro olhando em seus lábios e sorrio a tempo de ela iniciar outro beijo.
E dessa forma tenho viva em mim a esperança de que finalmente poderemos viver o que fomos impedidas a vida toda. O caminho como um todo é incerto, mas de algo tenho certeza: farei o que for preciso pra isso dar certo.
