CAPÍTULO 34

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7h da manhã no mesmo dia.

Depois de aprontar o Léo pra ir pra escola, e tomar um segundo café da manhã, vesti uma calça social, meu blazer preto e segui para a delegacia, combinei de encontrar o Hugo para interrogarmos quem nos seguiu ontem.

- Bom dia, Tina! - ele me recebe assim que saio do elevador.

- Fala, Huguinho. Dia lindo né? - suspiro e sigo até minha sala ao lado do meu melhor amigo e parceiro de trabalho.

- Que bom humor é esse? Tudo certo no paraíso né?

- Tudo mais do que certo, tudo perfeito. - brinco e em seguida mudo a expressão para uma mais séria. - Mas vamos lá, ele falou alguma coisa?

- Na verdade não e nem parece que ele vai falar.  - Hugo me analisa.

- Por que diz isso?

- Porque ele não tem nada a perder, Tina. E ainda foi sarcástico, irônico e maldoso quanto as pessoas que perderam a vida em Diadema.

- O problema de alguém 'que não tem nada a perder' começa quando alguém determinado o bastante tem muito a perder, Hugo. E ele acabou de me encontrar.  - olho pro arquivo nas mãos do agente. - Esse é o arquivo dele?

- Não tenho um pingo de dó dele. Bom, pelo menos o identificamos, seu nome é Diego Maldonado, solteiro, passagem por furto qualificado e roubo seguido de morte. - ele me passa o arquivo do suspeito.

- Certo, onde colocou ele? - saio em direção ao elevador e Hugo me segue.

- Na gaiola, imaginei que fosse querer conversar com ele lá.

- Bem pensado.

A gaiola é um local de interrogatório não convencional na polícia federal, se trata de uma gaiola que fica no centro de um galpão escuro, basicamente o porão da delegacia, onde ninguém vem te procurar se você sumir e ninguém lá de cima consegue te ouvir se você gritar.

- Bom dia, senhor Maldonado. Sou a delegada responsável pelo seu interrogatório, soube que não quis cooperar até agora.

- Eu tenho direitos, não vou falar mais uma palavra sequer sem meu advogado. - o brutamontes sentado com os braços algemados atrás da cadeira de metal parece ter decorado essa frase.

- Você tem direitos... - tiro meu distintivo, a arma do coldre e me aproximo de seu rosto. - Sabe quem mais tinha direitos? As pessoas que a empresa para a qual você trabalha matou.

Diego me olha nos olhos, um sorriso se forma neles antes de se estender até sua boca.

- Você não tem ideia de com quem está mexendo. O que é seu tá guardado, delegada. - ele me olha da forma mais nojenta possível, me medindo da cabeça aos pés. - E eu vou fazer questão de me aproveitar o máximo que puder de você.

Empurro a cadeira com o calcanhar fazendo com que ele caia de costas soltando um gemido pela dor causada pelo impacto.

- Esse seu joguinho psicológico não vai adiantar, Diego. Não me assusta nem um pouco sua ameaça vazia. - caminho até o lado do seu rosto e agacho com o joelho posicionado em seu peito enquanto o encaro. - Quero saber tudo que você sabe.

- Você não pode fazer isso! Eu vou descobrir seu nome e vou atrás da sua família!

- Mais ameaças vazias, Diego? Não me interessa saber o que você acha que eu posso ou que eu não posso fazer!  - falo mais alto e seguro em seu rosto com força. - O que você sabe?

- Só vou falar se tiver um acordo. - ele responde com dificuldade.

- Agora você quer negociar? Certo, vamos negociar. - estendo a mão na direção de Hugo que já me conhece o suficiente pra saber o que estou pedindo.

Tinha Que Ser Você - ValuOnde histórias criam vida. Descubra agora