CAPÍTULO 52

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Valeria Donatti Villard.

Desperto sentindo um peso sobre meus quadris.  Olhei para o outro lado da cama. Tenho a visão do rosto de Aramis dormindo com o rosto todo amassado.

Sua respiração está pesada demais. Levo à minha mão até o seu rosto acariciando suavemente seus traços.

A gente não transou. Mas, eu confesso que o seduzi para trazer-lhe até a cama. Pois eu senti-me obrigada a fazer algo que provavelmente ele ficará irritado comigo quando acordar.

Porém não me arrependo do que fiz. Eu precisei deixar ele dopado, para o impedir de cometer uma loucura.

A gente enterrou o meu sogro ontem. Ele mal deixou o corpo do pai descansar e quis ir atrás de quem cometeu essa barbaridade.

Eu entendo o seu desespero e angustia. Só que neste momento ele está fragilizado e vulnerável. Não será capaz de raciocinar direito. Vai agir por impulso e colocar-se em risco.

Cautelosamente afasto seu braço dos meus quadris. Levanto-me da cama, olhando mais uma vez para ele.

Sai do corpo quarto. Soltando um suspiro não sabia, que estava entalado em minha garganta. Olhei pelo corredor extenso, sentindo um desconforto. Tudo nessa casa lembra-me o Bernard Villard.

Eu não quis ficar aqui nessa casa, mas, o Aramis recusou-se a ir para outro lugar. Ele quis estar cada vez mais perto de tudo que o lembra-se o pai.

Desço as escadas, ouvindo a movimentação dos empregados no andar de baixo. Quando cheguei no último degrau, todos eles pararam o que estavam fazendo e olharam para mim.

— Continuem o que estavam fazendo. — Orientei. — Eu vou para o escritório, qualquer situação não existem em avisar-me.

Os vejo assentirem acatando as minhas ordens. Passei direto indo até o escritório. Já passava do meio dia. Acho que eram umas três horas da tarde.

Adentro ao escritório. Fechando a porta, caminho até o banheiro. Permitindo derramar as lágrimas que por horas guardava.

Eu chorei sentindo o tremor sobre o meu corpo. Eu amava o Bernard Villard. Eu o considerava um pai. Ele cuidou de mim por anos.

Após o Matteo Mazzarella ter me resgatado das garras do doutor Ernesto Corrado. Como o Matteo Mazzarella não poderia revelar a minha existência na época, ele me entregou ao Bernard Villard, pois era como um braço direito para si. Acho que foi a melhor coisa, que aquele doar de esperma vez na minha vida.

Eu não cresci com o Aramis Villard. O Bernard fez questão de comprar casa que mantinha em segredo. Para que ninguém soubesse, nem mesmo o seu filho.

Ele sempre esteve presente em todos os, momentos importantes da minha vida. Tudo era perfeito, até tentarem matar o Lúpus, há seis anos atrás e ele ter ficado em coma. Me obrigando a ressurgir.

Esforço-me a levantar daquele chão. Lavo o meu rosto. Preciso dar apoio ao Aramis. Bernard Villard estaria orgulhoso de mim...

Saí do banheiro, indo pegar o meu celular que estava sobre a secretaria. O aparelho estava no silencioso. Assim que a tela ilumina, vejo centenas de mensagens e ligações perdidas.

O Hermes tentou entrar em contato comigo. A Ara tentou entrar em contato comigo. Estava disposta a retomar todas as ligações.

Porém fiquei muito inquieta percebendo que, as ligações do Lúpus eram as mais recentes. Eu falei com ele ontem quando estava aqui em casa.

Inclusive pedi a ele para acalmar Ara, pois sabia que ela estava muito preocupada, por não conseguir falar comigo e muito menos o Aramis.

Decidi ligar primeiro para o Lúpus para saber o que ele queria. Mesmo que ele ligou para mim uma única vez.

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