CAPÍTULO 20

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ARA COUTS BLANCHE


Dou um passo para atras, sustentando o equilíbrio de minhas pernas para não desfalecer. Não é uma miragem de meus pensamentos. Minhas mãos suam, ainda segurando a arma de forma firme. O choque em mim é inexplicável e controverso. Pisco os olhos freneticamente, desejando que a figura diante de mim, seja uma imaginação.

Doce Ara. — Sussurou. Está mais linda do eu me lembrava. Seus olhos estão vidrados em todo o meu corpo.

Não é possível... Esse homem está morto.

Lupus Mazzarella está morto... Estarei eu ficando louca!

Minha respiração está pesada. Intuitivamente vou recuando, até sentir o impacto de minhas costas baterem na parede. Meu Deus, ele estive vivo esse tempo todo. Amelie, mentiu para mim. Aramis Villard, mentiu. Fui enganada esse tempo todo.

— Você está morto... — Sussurrei, sentindo um nó em minha garganta.

— Achou mesmo que eu morreria para a deixar livre. — Sorriu perverso.

— Mas...como...e-eu, pensei que....

— Não tenho tempo para explicações. — disse rude.

Sinto um tremor por suas palavras. Ele inspecionava o meu corpo como se eu fosse uma presa e ele o caçador. Seus olhos brilhavam. Sua barba e seu cabelo estavam espessos. Como se não os cuidasse há meses. Seus músculos estavam maiores. Usava uma camisa social justa, a calça era do mesmo tecido.

— Seu corpo está diferente. — falou com a rouco.

Sua postura é impecável e imponente. Deu um passo adentrando no quarto. Dois homens entram o acompanhado. Meus instintos sabiam perfeitamente o que aquilo significava. Eles vieram me capturar!

— Senhor Mazzarella, ela está segurando uma arma.

Um dos homens falou, desviando seu olhar até a arma em minhas mãos. Seguro mais firme, como se a minha vida dependesse daquele gesto.

— Eu sei Carlos! — Lúpus rosnou. — Não se preocupe, ela é inofensiva. — Humedeceu os lábios, se aproximando cada vez em minha direção.

A cada passo seu, eu sentia que a qualquer momento o meu corpo desfaleceria. Minha mente estava um turbilhoa. Estava extasiada, meu estomago embrulhava e sentia náuseas. As lembranças de toda crueldade que esse homem causou em mim passaram diante de meus olhos como uma avalanche.

— Não de mais, nem passo. — Digo tenebrosa. Aponto a arma em sua direção.

Uma lagrima escorre no meu rosto. Mas, limpo rapidamente com a palma de minha mão esquerda. Não posso fraquejar diante desse homem...

— Abaixe essa arma agora, Ara. — falou estridente. — Você vai voltar comigo para Itália. — Seus punhos fecharam. — O lugar aonde nunca deveria ter saído.

Sua ameaça, vez os outros dois homens sacarem suas armas e apontarem para mim.

— Eu não vou a lugar nenhum...

— Está me desafiando, puttana vergognosa! — Gritou.

Quando ele deu mais um passo para avançar contra mim de punhos fechados. Puxo o gatilho e disparo atingindo seu abdômen.

— AHHHHHHHHHHH... Maldita!

O impacto da bala fez ele cambalear para o lado. Os dois homens apressaram-se para o socorrer. Sentindo adrenalina em meu corpo, vejo os dois cães de guarda tentando concentrados no homem ferido. Passo por cima da cama, dando a volta pra sair do quarto.

Sai do quarto quase tropeçando em meus próprios pés que estão descalços. Passo a sala até chegar à porta principal. Ainda com a arma em mãos.

— Peguem ela seus fudidos. — Ouço gritos estridentes.

Assim que passo pela porta, começo a correr desesperadamente. Ignoro o elevador indo pelas escadas. Esse lugar está cercado por homens da máfia. Se fosse pelo elevador seria mais fácil eles me encontrarem. Tenho que chegar até a garagem, que é o lugar menos vigiado.

No fundo eu sabia que seria quase impossível eu sair desse lugar viva. Depois de eu ter atirado naquele homem. Espero que a bala tenha atingido em cheio ele. Assim aquele monstro volte do lugar aonde nunca deveria ter saído... O inferno!

Chego na garagem subterrânea, empurro a porta passando por ela. Suspiro cansada por ter descido praticamente quatro andares. Recosto meu corpo na parede, pousando a minha mão esquerda no peito. Meus joelhos fraquejam, uma tosse rouca escapa de minha garganta devido o sufoco. Minha camisola está amassada, a arma pesa em minha mão direita.

Olho por toda extensão do lugar, e vejo que está parcialmente vazia e silenciosa. Ando cautelosamente, sinto o pavimento frio pelo contato com os meus pés. O medo de consome o meu corpo.

— Merda... agora o que eu faço.

Não tinha nenhum plano de fuga traçado. Estou a merecer de meus próprios instintos. Como vou sair ilesa desse lugar? Sem despertar atenção, uma vez que todo prédio já deve estar devidamente cercado por homens armados até os dentes.

Olhei de um lado para outro freneticamente. Sentindo atenção crescendo cada vez mais em meu corpo. Ele sempre está a um passo à frente. Esse, mostro sempre vai estar a um passo a mais.

Várias possibilidades passam pela minha mente. Preciso pensar rápido. Todas as possibilidades começam a torna-se nulas, quando percebo que não tenho para onde ir e nem para quem recorrer.

Meu peito chega a doer só de pensar, que posso reviver tudo novamente ao lado daquele homem perverso. Estou desamparada e sozinha. Ele tirou tudo de mim uma vez, não posso permitir que o faça novamente.

Eu preciso sobreviver pelos meus filhos....

— Larga a arma sua vadia. — Dou um sobressalto pelo susto.

Sinto o cano de uma arma em minha nuca. Aperto os olhos com força. Ouvindo alguns passos pelo local.

— Você a achou, Carlos? — Ouço um grito.

— Venha... essa vadia está aqui!

O homem que está com a arma apontada para mim grita de volta. Feito um passe de mágica o outro homem apareça acompanhado de mais cinco homens armados.

— Eu mandei soltar a arma. — Deu um puxão no meu cabelo. — Por acaso você é surda.

— Está me machucando. — Entrego a arma, no homem que chegou agora.

O homem é moreno, de olhos puxados. Corte militar e traços marcantes. Suas roupas não se diferenciam dos demais. Trajes pretos ocasionais. Presumo que ele seja um dos cães de guarda de Lúpus Mazzarella.

— Carlos, larga a mulher. — O homem recebeu a arma, e aguardou. — Não acho uma boa ideia o que está fazendo. — Advertiu.

— Cala a boca Henrique! — Soltou o meu couro cabeludo. — Essa mulher estará morta, depois do que ela fez no chefe.

Eu deveria ter acertado na cabeça daquele desgraçado... Recriminei-me

O Henrique assentiu olhando para mim com pesar. Sinto a pancada dura e forte na minha cabeça, fazendo meu corpo desfalecer feito uma pluma ao vento. Meus olhos fecham entrando em uma escuridão.

CONTRAVENTOR  "O Ajuste de Contas"Onde histórias criam vida. Descubra agora