CAPÍTULO 5

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O regresso de Lúpus Mazzarella
Dois anos após a morte
Roma

Valeria Donati Villard

O Lúpus estava quase batendo no rosto de Aramis, quando Salvatore surge para aplacar a situação, colocando no meio dos dois.

— Senhor Mazzarella, por favor se acalme. — Salvatore diz cauteloso.

— Salvatore é melhor sair da minha frente agora. — Lúpus bufou.

Aramis, está praticamente escondido nas costas de Salvatore. Olha para mim totalmente indignado e eu dou de ombros.

Estou pouco me fudendo, se o Lúpus acabar com a vida dele.

— Valeria faça alguma coisa! — Aramis, súplica. — Eu ainda sou seu esposo.

— Esses dois anos te suportando foi uma das piores coisas que eu fiz Aramis. — Sua expressão facial muda totalmente. — E você.  — Aponto para o Lúpus. — Não preciso de sua proteção, sei me defender perfeitamente sozinha.

Já estava prevendo esse excesso de proteção da parte de Lúpus, após saber de toda a minha estória. Mas, ele chegou tarde, pois agora não preciso de ninguém tomando conta da minha vida.

— A minha conversa com você, sobre a Valeria, ainda não acabou. — Bate no peito de Aramis,  que levanta as mãos em redenção.

— Se você quiser matar ele, terás todo o meu apoio. — Sorri inocentemente. — Estou pronta para ser viúva e herdar os milhões do meu querido madido, me tornando mais rica.— Aperto as bochechas de Aramis, que ficou em choque.

O Lúpus e o Salvatore sorriam, enquanto o meu amado esposo estava tão pálido que nem um papel.

— Você está muito ferrado senhor Villard. — Salvatore, da umas batidinhas em seu ombro.

O meu esposo é tão rico quanto o meu irmão. Não só pela máfia ganhando dinheiro com coisas ilegais. O desgraçado é muito inteligente e fez vários investimentos no ramo imobiliário.

Descobri que ele também é sócio do maior banco de França. Se ele morresse praticamente eu seria bilionária, pelo tanto de dinheiro que ele possui.

Pensando bem agora, não é que a morte dele seria uma boa coisa para mim.

— Nem pense nisso. — Aramis, fala engolido seco olhando para mim. — Desfaz esse sorrinho besta do seu rosto, porque eu não vou morrer tão cedo. — Afirma convicto.

— Chega vocês os dois. — Quis rebater, mas o Lúpus interferiu. — Temos assuntos mais importantes para resolver. — Afastou-me dele, bufando. — Vocês conseguiram descobrir quem fez o atentado contra mim?

Nos entre olhámos num perfeito silêncio. Por incrível que pareça nesses dois anos o nosso maior problema foi esse. Não achamos o culpado, toda investigação que foi realizada não deu em nada.

— O vosso silêncio, confirma as minhas suspeitas. — Lúpus começa andar de um lado para outro. — Não acharam o desgraçado, que ainda pode estar entre nós.

— Senhor Mazzarella, estamos num beco sem saída. — Salvatore diz frustrado. — Não há rastros nenhum desse possível homem.

— Tudo bem, é uma questão de tempo até o acharmos. — Parece pensar. — Agora preciso voltar, e colocar as coisas em ordem. — Diz determinado.

— O senhor não lembrar-se de mais nada? — Salvatore questiona incerto, e Aramis desvia o seu olhar para o lado.

Eu sei perfeitamente do que Salvatore, estava falando. Todos nós sabemos, mas, parece que o Lúpus não. Até ao momento ele não falou sobre ele, e nem questinou sobre o seu paradeiro.

Salvatore disse que antes do atentado, o Lúpus estava fissurado por uma mulher. O fez prometer que cuidasse dela caso acontecesse alguma coisa com ele.

Após sabermos que o seu estado de coma, poderia ou não ser reversível. Eu, Aramis e o Salvatore. Fomos para Nápoles pegar essa mulher. Mas, não achamos na casa, o que tudo indica era que ele havia fugido no incêndio provocado na casa antes de chegarmos.

Então eu decidi, ir até o hospital do clã quando recebi a informação que homem que tanto procurava estava naquele local.

Quando o vi naquele elevador eu pensei que ele provavelmente lembraria de mim, mas não aconteceu. Isso deixou-me possessa.

Porém que o choque que recebi ao reconhecer a mulher que estávamos a procurar ao lado dele foi maior. Ara Blanche, estava com o Dr.Ernesto e não parecia estar aí contra a sua vontade, e eu me questionei porquê.

Eu não cheguei a contar nada para Aramis e muito menos ao Salvatore. Tinha medo de deixar aquela mulher em perigo injustamente, mas, acho que cometi um erro. Pois ela sumiu e aquele desgraçado também.

— Ainda há muito informação distorcida em minha mente.— O meu irmão diz confuso. — Mas, acho que não estou esquecendo de nada importante. — Respiro aliviada.

— Finalmente vou ter a minha vida de volta. — Bato palmas , e eles olham para mim. — O que foi? Não olhem assim para mim. Eu já fiz o que tinha de ser feito, agora vou livrar-me daquele empresa, e desse casamento de mentiras.

— Valeria não é tão simples assim. — Lúpus fala calmo.— Você agora deu as caras, e todos na máfia sabem que é a minha irmã. O seu anonimato acabou, quando você decidiu assumir o meu lugar.

— Não...não, eu não vou continuar nisso. — Chego mais perto de si.— Eu quero a minha vida de volta.

— Mais que porra! — Fala estridente. — Você não percebe que tem alguém a solta quer a minha cabeça, e essa pessoa pode ser quem sequestrou fingindo sua morte para os nossos pais. — Lúpus Gritou.

Que odeio! Ele está muito enganado se acha que vai me prender aqui. Ele não tem nenhum direito sobre mim e não vou me submeter aos seus caprichos.

Foda-se o Lúpus e os seus malditos inimigos. Eu quero a minha vida de volta. Saio daquele quarto a passos duros deixando os três para trás.

Ando pelo corredor até chegar na porta do meu quarto. Abre adentrando e fechando em seguida. Desço de minhas roupas, ficando apenas de roupas íntimas.

Esta prestes a entrar no banheiro, quando a porta do meu quarto é aberta repentinamente, e Aramis passa por ela fechando atrás de si. Quando vira seu rosto deparar-se com o meu corpo quase sem roupas.

— Porra! Mas porque você está praticamente pelada? — Diz parecendo desconfortável.

— Em primeiro lugar, eu estou no meu quarto. — arqueio a sobrancelha. — Em segundo lugar, porque diabos você está no meu quarto? — Cruzo os braços na altura do peito.— Por acaso você não sabe bater na porta?

— Não estou aqui para brigar. — baixou a aguarda. — Valeria, eu só queria me desculpar por ter dito que você não merecia ser amada. — Deu um passo para frente.
— Eu realmente não sabia, o que você passou e...

— Chega Aramis! — Ele deu mais, um passo encurtando nossa aproximação.  — Você não precisa disso, e muito menos eu. Agora por favor, vai embora eu preciso ficar sozinha.

Ele negou com a cabeça, e simplesmente abriu os seus braços, me prendendo num abraço inesperado. Eu fiquei sem reacção, é a primeira vez que a gente tinha um contato tão íntimo nesses dois anos.

Ele aspirou o cheiro do meu cabelo, e depositou um beijo no topo da minha cabeça, afastando-se em seguida sem antes sussurrar em meu ouvido.

— Eu não vou morrer tão cedo, e você não vai livrar-se de mim nunca mais...

Vejo ele saindo do quarto, batendo a porta abrutamente. Que merda ele acha que está fazendo.

CONTRAVENTOR  "O Ajuste de Contas"Onde histórias criam vida. Descubra agora