CAPÍTULO 4

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O regresso de Lúpus Mazzarella
Dois anos após a morte
Roma

Valeria Donati Villard




Voltar ao passado as vezes é doloroso, quando se carrega lembranças inevitáveis sejam elas físicas ou na alma. Quando eu olho as minhas cicatrizes revejo-me no momento em que elas foram feitas.

- Minhas oração era para que Deus, ceifar a minha vida. Porque só morrendo eu sabia que aquilo finalmente acabaria. - Mantenho os meus pés firme para não fraquejar. - Era tão fraca que nem a minha própria vida eu conseguia tirar. Por medo que até mesmo no inferno aquele infeliz poderia me encontrar. - Decidi ocultar, memórias mais sombrias que pudessem causar mais dor em mim.

Limpo as lágrimas silenciosas, ajustando a minha posição. Suspiro profundamente antes de tomar coragem para olhar para trás.

Movimento o meu corpo virando novamente, enconrando os dois, que estão com uma expressão facial de puro ódio. Dou um pequeno sorriso, recostando minhas costas na parede, apoiando o meu pé esquerdo na mesma.

- Porque você não contou isso para mim antes! - Aramis, exigiu possesso.

- Quando completei dezasseis anos, fui resgatada por Matteo Mazzarella, você sabe quem ele é Lúpus? - Questionei ironicamente, ignorando a consternação de Aramis, que olha para mim irritado - Matteo Mazzarella, me achou após dezasseis anos trancada naquela casa. Ele disse para mim que era o meu verdadeiro pai, mas eu não acreditei. - Lúpus, olha para mim com um misto de confusão e medo. - A princípio achei que ele era mais um dos homens que o doutorzinho, mandou para abusar de mim.

- Eu não percebo.- Passa às mãos no cabelo, perdido. - Você é filha dele, e ninguém sabia de nada! - Eu entendo aonde ele queria chegar.

- Matteo Mazzarella, me resgatou daquela casa e sem antes matar quase todos os homens que abusaram de mim e os empregados. - Lembro que ele fez-me assistir a morte de cada um.- Naquele dia eu percebi que ele não estava aí para me machucar, e sim para livrar-me daquele inferno. - O Lupus, parece incrédulo. - O principal causador de tudo fugiu. - Fecho o meu punho, sentindo o gosto amargo em minha boca. - Matteo Mazzarella, jurou a mim que, não descansaria sem antes matar aquele infeliz.

- Você é filha do desgraçado do Matteo, com alguma amante sua é isso! - Afirma para si mesmo. - Agora está explicado, por isso é que ele escondeu você esse tempo todo.

- Não Lúpus. - Aramis, fala para ele hesitante. - Valeria é sua irmã gémea. Eu mesmo tive a confirmação no teste de DNA.

Ele levantou rapidamente, negando freneticamente como se aquilo fosse o maior absurdo que já ouviu em toda sua vida. Eu tive a mesma reação quando Matteo Mazzarella, contou tudo para mim.

- Não pode ser, isso só pode ser algum engano. - Sorriu desesperado. - Eu não acredito nessa merda toda.

- Você terá as suas provas quando quiser. - Sinto dor em meu pé, o que me faz sair da parede, para sentar próximo de Aramis. - Matteo, contou que fomos separados ainda bebês, ele e a nossa mãe foram enganado, pois disseram que um dos bebês nasceu morto. - recordo que chorei muito nesse dia, imaginado que a minha vida poderia ser diferente. - Ele não entrou muito em detalhes, sobre a relação que teve com a nossa mãe.

Eu sinto que há alguma coisa de errado, sobre o fato de eu ter sido separa na minha família tão cedo.

- Aonde você esteve esse tempo todo? - Lúpus, fala frustrado - Porque só estou sabendo de tudo isso agora? - gritou exaltado.

- Quando Matteo Mazzarella, contou para mim que era chefe de uma organização criminosa tinha bastante poder para proteger-me. Eu recusei viver ao seu lado, disse a ele que eu mesma me mataria, se fosse obrigada a viver com ele. - Lúpus bufou bravo, após ouvir tudo.

No fundo eu tinha medo, porque eu sabia que o Dr.Ernesto, fazia parte desta mesma organização e a qualquer momento pudesse me encontrar e levar-me novamente com ele. Eu sentia que era muito cedo ainda para confiar em, Matteo Mazzarella.

- Então ele me levou para Espanha, mesmo relutante. Já que ninguém mesmo sabia que ele tinha uma outra filha viva não faria diferença nenhuma. - afirmo pois era a mais pura verdade. - Ele deu-me a devida proteção, e eu pode recomeçar do zero. Com uma nova identidade e uma vida melhor. - relamente a minha viada havia mudado. - Conclui os meus estudos, mas também recebi treinamento na máfia de dois dos maiores instrutores dentro do clã.

- Espera aí. - Vejo o Lúpus ficando vermelho. - Não é quem estou pensando. - Olha para mim incrédulo.

- Isso mesmo Lúpus, fomos enganado. - reviro os olhos.
- O meu pai e o Salvatore sabiam da existência de Valeria.

- Vocês sabem melhor do que ninguém, sabe que não se quebra um juramento dentro da máfia. - Falo para os dois. - Eles não são culpados de nada.

- Agora a minha querida esposa, vai defender aqueles traidores. - Aramis fala irritado.

Aramis até hoje não supera o fato de seu pai, ter escondido esse segredo dele. Diz que foi traído pelo seu próprio sangue.

- Espera aí, você é casado com a minha irmã? - Lúpus olha para Aramis, com ódio.

Nem percebeu que acabou de chamar-me de irmã pela primeira vez.

- Não é isso que você está pensando. - justificou rapidamente. - Eu sou casei com ela por sua causa. - Apontou para ele.

- Como assim por minha causa.

- Quando você sofreu o atentado, sabíamos que tinha alguém por trás disso. - Aramis fala, passivo. - Sua cabeça estava a prêmio e a gente iria descobrir tudo naquele dia só que aconteceu aquele atentado. Quando levamos você ao hospital, perdeu muito sangue e precisavas de uma transfusão com urgência. Na lista do hospital não tinha doadores compatíveis.- Suspirou abatido. - Então Salvatore, disse que traria a solução. - Os dois olham para mim.

- Eu não queria saber nada sobre você, e muito menos dessa maldita organização. - Aponto para o meu irmão. - Apesar de não gostar do Matteo Mazzarella, admito que ele foi um bom pai para mim antes de sua morte. - Eu fui aquele funeral, mas, ninguém percebeu. - Ele fez-me fazer uma promessa. - Sorri sem ânimo. - Se algum dia você pudesse precisar de mim, eu deveria ajudá-lo, e foi isso que eu fiz.

- Ainda estou muito confuso com toda essa informação.- levantou. - Porque casou com o Aramis?

Mesmo depois de ter contado que salvei a sua vida, esse idiota nem se quer agradece a mim por isso, só quer saber o porque de ter casado com o imbecil do Aramis.

- Infelizmente a operação não correu como esperado, e você ficou em coma. António Alleanza, estava disposto assumir o seu lugar dentro do clã. - responde vagamente.
- Então o pai do Aramis, fez um plano para não permitir que os Alleanza assumissem o poder. Como eu era a única com o sangue mazzarella nas veias, poderia reivindicar o poder desde que houvesse provas suficientes disso. Mas, o maior problema não era esse. Eu não sabia como liderar um clã. - falo.

- Mas casando com alguém do clã, que já conhece como as coisas dentro da organização funcionam, obviamente seria mais fácil. - Lúpus concluiu minha linha de raciocínio. - Por isso casou-se com o Aramis, para que ele pudesse assumir o seu papel.

Não era necessário explicar mais nada, pois ele percebeu tudo. Sinto-me satisfeita por ter cumprido a minha promessa.

- Eu nunca encostei um dedo se quer nela. - Aramis diz aliviado.

- Sério Aramis? - digo irónica. - Você não perde uma oportunidade para tentar encostar em mim.

- Seu filho da puta. - Lúpus avança segurando a gola de sua camisa com as mãos. - Vou acabar com sua vida, caso saiba que encostou um dedo na minha irmã. - Esbraveja.

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