CAPÍTULO 7

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O regresso de Lúpus Mazzarella
Dois anos após a morte
Roma

Lúpus Mazzarella.




Não sou um homem afecto a emoções. Após a morte de minha mãe, eu sabia que estava sozinho. Mesmo tendo um pai como Matteo Mazzarella, sua presença não fez diferença nenhuma.

Quando ele morreu, a certeza que eu tinha sobre a frieza dentro de mim foi confirmada. Eu não tinha fraqueza nenhuma. Ninguém que os meus inimigos pudessem usar para me atingir.

Mas ouvir o que Salvatore acabou de falar, traz um certo incómodo em mim. Amelie está morta, e eu sinto-me culpado por isso.

Ela sempre foi muito atenciosa comigo. Fazendo muito além do seu trabalho. Assim como Salvatore, tem a minha confiança, eu confiava plenamente na Amelie.

- Mas como isso foi acontecer? - falo pasmado.

- Senhor Mazzarella, o corpo de Amelie foi encontrado dentro do carro, com dois ferimentos de bala no abdómen.- Salvatore revela. - Não sabemos ao certo o que aconteceu, se foi um assalto ou um atentado. - há dúvida em sua voz.

- Isso não parece ser algo do clã. - penso. - A sua morte é muito estranha. Não houve sinais de tortura?

- Não senhor. - responde. - A morte dela pareceu ser muito passional. - estou achando essa estória, estranha demais. - Simplesmente a mataram e deixaram o corpo dela dentro do veículo, não levaram nenhum de seus pertences.

Não pode ser, alguma coisa não bate certo nessa merda. Essa não é assinatura da máfia. Parece ser algo mais pessoal. Mas, Amelie não tinha inimigos, até onde eu sabia.

Quem a queria morta...?

A máfia leva os seus inimigos a morte, na base de tortura. A tortura é como um ritual de passagem que a gente faz antes de matar um inimigo. Ver a dor nos olhos de quem está sendo torturado até a morte é um fascínio.

- Salvatore, ela estava sozinha? - questionei. - Porque não havia segurança a protegendo! - protesto.

- Senhor Mazzarella, desde que voltei para Nápoles. Amelie estava muito estranha. - confessa. - Ela quis afastou-se, após saber que o senhor morreu.

- Vocês não disse a ela que eu estava em coma? - seu olhar vacilou. - Não entendo, porque escondeu isso dela. Você sabia que, Amelie era de minha total confiança. - suspiro.

- Senhor, isso foi um pedido da senhorita Valeria. Ela estava com medo que o clã fizesse alguma coisa, ao descobrir que o senhor não estava realmente morto.

Eles tinha medo por minha vida. Não posso os julgar pois quem está por de trás do meu atentado, é alguém muito inteligente devo admitir.

- Tenho a sensação que há muita coisa incerta. - ando de um lado para outro. - Primeiramente a Valeria ter sido dada como morta quando nasceu. - analisei. - O meu pai ter encontrado ela após dezasseis anos. Nas mãos de um membro do clã. - maldito doutor. - Quero que investigue novamente a causa da morte do meu pai. Faça a exumação do corpo.- Confirmaou assentiu - Se minha memória não falha, foi mesmo esse doutorzinho que deu o laudo médico.

Durante esses anos todos, ninguém nunca chegou tão perto de mim com tanta facilidade. Ele conseguiu mudar o carro sem que ninguém perceber, passando pelos meus homens, muito bem treinados. Para planear muito bem a minha morte na França.

O infeliz foi paciente, esperou a minha saída da Itália, aonde eu comando praticamente todo o país, para me encurralar num lugar, com menos segurança.

- Salvatore, eu preciso descobrir quem quer tanto a minha cabeça. - sinto o meu sangue fervendo pelo ódio. - O desgraçado foi longe demais, quase perde a vida. Ele pode estar envolvido na morte de Amelie!

- O senhor acha? - fala em dúvida. - O António Alleanza, pode ser o nosso principal suspeito. Ele teve um caso com Amelie, foi ele que sugeriu que ela trabalhasse com o senhor. - fez-me lembrar - Por outra, não mencionei o fato dele ter cuidado de tudo, sobre o enterro de Amelie.

O infeliz do Alleanza, sempre no meu pé. Velho moribundo e asqueroso.

- Pode colocar-lhe no topo da nossa lista de suspeitos. - alerto. - Eu vou descobrir quem é esse desgraçado, nem que seja a última coisa que eu faça. - Olhei para ele.

- O senhor sempre terá todo o meu apoio. - falou com firmeza. - Agora que o senhor voltou, podemos começar a caça. - Sorri.

Ele tem toda razão. Agora a caça começa, ninguém sairá impune, contra a traição ao seu capô. Vou ajustar as contas com cada um.

- Salvatore, eu quero que você encontre o Dr.Ernesto. - ordeno. - Não importa quem você terá que matar, mas encontre esse homem e traga até mim.

Até agora sinto uma cede enorme de ter esse homem em minhas mãos. O desgraçado esteve esse tempo todo tão perto.

- Assim o farei. - Assentiu. - Mas o senhor Aramis, pode o encontrar primeiro. - advertiu. - Ele é um caçador audaz, estarei na sua cola. Para impedir que ele não possa matá-lo.

O Aramis Villard, é o melhor caçador que o clã tem. Com as informações certas, ele consegue achar qualquer pessoa, mesmo que ela esteja no inferno.

Mas, matar o doutor Ernesto é uma questão de honra para mim. Valeria é a minha irmã e eu devo isso a ela. Aramis, não pode tirar esse direito de mim, por um capricho seu.

- Então seja rápido. - digo ríspido. - Matar o doutor Ernesto é uma questão de honra minha.

- Está bem Senhor Mazzarella. - levantou. - Estou indo agora.

Andou até a porta a passos largos. Sua mão estava na maçaneta girando até abri-la. Ele estava quase saindo, quando o mando parar.

- Sim senhor Mazzarella. - fala, olhando para mim novamente.

- Salvatore, você está me escondendo alguma coisa? - Observo ele intrigado.

- Não senhor Mazzarella. - sua voz saiu mais grave.

- Saiba que não perdoarei uma segunda traição sua. - ameaço. - Pode retirar-se!

Ele hesitou no lugar por alguns segundos, parecendo incerto. O seu corpo está tenso, e o olhar distante. Não demorou muito, e em seguida saiu do quarto sem dizer nada.

Meu consciente diz que estou esquecendo de alguma coisa muito importante. Mas, não consigo lembrar. Esforço a minha mente, e nada acontece. Parece que uma parte de minha memória foi apagada.

Salvatore está escondendo algo de mim. Para ele não falar o que é, e correr o risco de perder a sua vida caso eu descubra, só pode significar uma coisa: Esse segredo é algo que pode ser a minha destruição.









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