CONTRAVENTOR "O Ajuste de Contas"

CAPITULO 12

Alessandro Rossi

Passo a mão ao tecido fino sobre a cama. Faço a trajetória até os travesseiros. Sentindo a textura de cada pedaço como se a minha vida dependesse disso. Observo todo o lugar pela milésima vez, sabendo exatamente a posição de cada um dos móveis dispostos em perfeito alinhamento.

Caminho em direção ao closet. Paro no batente da porta, recostando o meu corpo inclinado. Cruzo os meus braços na altura do peito, observando cada peça intacta e perfeitamente arrumada.

Aspiro o ar daquele lugar em total agonia. Fecho os meus olhos, tentando controlar a dor, e o sentimento de culpa que me correr por dentro... Eu sou culpado

O Mirko, mantem cada objeto ou peça de roupa intocáveis. Apenas é feita a limpeza do quarto. Mas, nada foi removido ou alterado, tal como foi ordenado por mim.

Tornou-se um ritual, visitar esse quarto quando chega essa data. Tenho revivido o máximo às memórias, que assombram os meus dias. Mesmo não vivendo mais nessa casa, há anos. Desde aquele fadigo dia. Faço questão de voltar aqui, lutando contra todas às objecções que minha mente impõe.

Para o meu tormento. Precisamente hoje, faz seis anos desde o desaparecimento de, Ara Blanche. Seis malditos anos, que pela segunda vez escapou entre minhas mãos, quando achei que tudo poderia ser melhor entre nós.

No dia que ela sumiu. Lembro que horas antes, eu havia confessado os meus sentimentos por ela, pedindo sinceridade sobre que estava acontecendo em torno de sua vida, e por ter desaparecido por um ano. Abandonado o seu trabalho, e toda sua vida em Nápoles na época.

Ela não era mais a mesma mulher. Ela tornou-se mãe de dois bebes maravilhosos, Aurora e David. Mesmo rodeada de pessoas estranhas. Eu vi em seu olhar que, toda a inocência que a mesma possuía havia sumido, aquilo foi um sinal de alerta para mim... Alguém quebrou ela, e não foi superficialmente.

Quando eu vi Ara Blanche, pela primeira vez fiquei encantado pelo brilho de seus olhos. Ela era apenas uma jovem menina recém formada, buscando pela primeira oportunidade de trabalho.

Eu mesmo fiz a sua entrevista. Fiquei surpreendido por sua qualificação escolar, e como respondia de forma objetiva e concisa cada pergunta imposta por mim, apesar de perceber a sua timidez.

Não havia passado muito tempo. Após eu ter reaberto a minha própria escola do ensino fundamental na pequena cidade de, Nápoles. Um sonho antigo meu, e o realizei no momento certo. Os primeiros professores contratados eram pessoas experientes, e com um longo currículo.

Me propôs a dar uma oportunidade para Ara Blanche, pois consegui ver potencial nela. Por ironia do destino, foi uma das melhores coisas que eu fiz, pois ela mostrou ser muito mais do que eu imaginava. As crianças a adoram, e o trabalho que fazia era excelente.

Eu apreciava cada detalhe seu. Ficava tão fascinado pela mistura de sensualidade e timidez de Ara Blanche. Imaginando a ter em meus braços, e fazer tudo o que a minha mente fodida ansiava.

Me envolve com muitas mulheres diferentes ao longo da minha vida. Maduras o suficiente para saber o que elas realmente queriam, e não me comprometer ao máximo com nenhuma delas. Mas, aquela menina de apenas vinte dois anos, com o rosto mais inocente que já vi. Despertava desejos profundos em mim. Ela poderia fugir, se soubesse o que eu imaginava fazer a ela, se a tivesse em meus braços, nem se fosse uma única vez.

No início eu achava que era apenas um desejo carnal. Pois, os meus sentidos ficavam aflorado, todos os momentos que a tinha perto de mim. A minha intenção não era intimidar ela de modo algum. Aos poucos fui me afastando por achar que não seria o melhor para ela.

Então ela havia solicitado férias, e sumiu completamente apos isso. Ela não regressou, e a única informação que chegou ate os meus ouvidos era que, ela encontrou um outro proposito de vida, em outro lugar.

Sofri como um miserável por ter descoberto tarde demais, que realmente amava aquela mulher. Diversas vezes tentei entrar em contato mais sem sucesso. Depois de longos meses sem notícias suas. Minhas esperanças esgotaram-se, e tudo mudou quando a encontrei naquela estrada.

Não sai de perto dela em momento nenhum. Mesmo sabendo que provavelmente estaria a cometer um erro. Ela havia acabado dar à luz aos seus filhos. Provavelmente o pai de seus filhos, apareceria a qualquer momento e questionar a minha o motivo de eu estar a acompanhado.

Realmente eu não estava preocupado com essa possibilidade. Por que se o homem nem estava presente no próprio parto de seus filhos, provavelmente era um desgraçado sem amor ou honra nenhuma.

Não era o momento para a questionar sobre tudo que estava acontecendo. Eu simplesmente estive ao seu lado o tempo todo esperando a melhor oportunidade. Ela estava fragilizada demais para lidar com minhas expectativas. Quando me foi proposto cuidar dela em minha casa pelo Dr. Ernesto, mesmo ouvindo as consternações de Amelie. Eu aceitei de imediato pois era a oportunidade certa para esclarecer muita coisa.

Mas, já havia passado seis meses que ela estava morando em minha casa, a pedido do Dr.Ernesto. Ninguém explicou para mim, o que realmente estava acontecendo. Confesso que a princípio, isso não foi problema para mim. Porque só o facto de saber que estava cuidando da mulher que roubou o meu coração desde o primeiro olhar, nada mais importava.

Pensei que aqueles seis meses, fossem o suficiente. Tanto para mim, como para ela. Pois ela ainda estava adaptar-se com a nova fase da maternidade. Era visível como tudo parecia ser muito novo para ela poder digerir.

Na ultima noite que eu a vi, e quase cometi uma loucura por impulso. Ao declarar os meus sentimentos de forma sincera e esperançosa. Pois eu podia jurar, que não era indiferente para ela.

O seu corpo correspondeu aos meus toques. O seu beijo era calmo e apaixonante. Mas, havia alguma coisa, que aprendia para continuar. A sua entrega não era total. A minha mente so pensava em um motivo para tudo isso... O pai de seus filhos.