Ano 1862:
Astrid estava sentada na cama, abraçada aos joelhos enquanto chorava. Ela já tinha perdido a noção de quanto tempo estava ali, na mesma posição encarando o corpo morto de Steven ao seu lado.
Ela tocou de leve seu rosto e se inclinou, depositando um beijo na testa dele.
– Eu sinto muito. – Sua voz estava fraca. – Eu sou mesmo um monstro.
Astrid se levantou e foi até sua mala, a abriu e pegou sua adaga de ferro gronckle.
Ela se sentou no chão e segurou a adaga com as duas mãos, apontando a lâmina para si. A ergueu na altura do seu coração e fechou os olhos, se preparando para se apunhalar, mas antes que a lâmina tocasse sua pele, ela ouviu um choro.
Ela abriu os olhos e se virou em direção ao berço, vendo Camicazi chorando e se mexendo.
Astrid deixou a adaga no chão e se levantou. Foi até o berço e pegou a filha no colo, começando a balançá-la de um lado para o outro.
– Shiu, vai ficar tudo bem.
Após alguns minutos, Camicazi parou de chorar e voltou a dormir. Astrid a colocou de volta no berço e se vestiu, depois vestiu Steven, mas o deixou no mesmo lugar.
Astrid pegou Camicazi e algumas coisas da bebê e saiu da cabana. Ajeitou sua filha no colo, a mantendo confortável e protegida e correu em direção à cidade.
Quando chegou no seu destino, o dia já estava clareando. Ela respirou fundo e entrou na casa, encontrando sua sogra varrendo a sala.
– Astrid, o que faz aqui? – Gertrudes perguntou confusa ao notar a presença da nora.
Astrid não respondeu, apenas foi para o quarto da filha e a colocou no berço. Depois voltou para a sala, se aproximando de Gertrudes.
– Eu sinto muito. – Astrid voltou a chorar. – Eu sinto mesmo.
– O que houve? Cadê o Steven?
– Eu preciso que cuidem da Camicazi, eu não consigo e ela vai estar mais segura com vocês.
– Do que está falando menina?
– Eu sei que o que eu fiz não tem perdão e o que eu vou fazer agora, também não, mas eu preciso fazer isso, por ela.
– Astrid, está me assustando. – Gertrudes disse receosa.
– Sinto muito, mas eu preciso mesmo fazer isso.
Astrid segurou Gertrudes pelos ombros e a mordeu, depois de injetar o seu veneno, ela a compeliu, em seguida foi atrás de seu sogro e fez o mesmo.
Depois de ter certeza de que os dois fariam o que ela mandou, Astrid foi até Camicazi, a pegando no colo.
– Me perdoa, mas eu preciso te deixar. Vai ser melhor para você. Se eu ficar perto eu vou acabar te machucando. Você vai ficar mais segura longe de mim. – Astrid deu um beijo na testa da filha e a colocou de volta no berço. – Eu te amo!
Astrid saiu da casa e voltou para a cabana. Pegou uma pá e começou a cavar. Depois pegou o corpo de Steven e o colocou ao lado da cova.
– Nem um enterro digno eu vou poder te dar. – Astrid falou se sentando no chão e colocando a cabeça de Steven em seu colo. – Eu deixei a Cami com seus pais, eles vão cuidar dela. Sinto muito, mas eu precisei mordê-los, eu não consegui dizer a verdade. Como eu poderia falar que matei o filho deles?
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Blood Choice
FanfictionVampiros, lobos, bruxas e caçadores, talvez você já tenha ouvido sobre as lendas. Dizem que essas criaturas já existiram, criaturas sobrenaturais e criadas para o mal. Criaturas que matam, que caçam, que trazem dor e sofrimento. Você já deve ter ouv...