Capítulo 39 - Hangover

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Ano 1862:

Astrid estava na sala de sua casa. Ela andava de um lado para o outro, enquanto mantinha os olhos fechados, tentando se acalmar. Levou a mão até o pescoço, o massageando, sentia a garganta seca.

Passou a língua nos lábios e presas, se lembrando do gosto do sangue da última pessoa que havia mordido.

Sua lembrança foi interrompida por um choro baixo vindo do quarto da filha. Astrid foi até o cômodo e pegou a bebê no colo.

Desculpa, fiz muito barulho. Não queria te acordar. – Astrid começou a balançá-la de um lado para o outro.

Camicazi a olhava de forma curiosa, a bebê esticou o braço, tentando tocar no rosto da mãe.

O que foi? – Astrid aproximou o rosto da mão da filha, para que ela a alcançasse. – Está preocupada comigo?

Como se entendesse o que Astrid tinha falado, Camicazi balançou a cabeça em uma afirmativa.

Não precisa se preocupar. Eu sei que não estou muito bem esses dias, mas eu vou melhorar. Eu vou conseguir me controlar.

Astrid abriu um leve sorriso, foi quando percebeu que suas presas estavam crescendo. Sentiu algo estranho nas mãos, e abaixou o olhar, percebendo que havia sangue em Camicazi.

Astrid ficou confusa, não entendia o que estava acontecendo, mas a confusão sumiu, dando espaço a sede que havia aumentado de repente.

Ela sentiu quando segurou Camicazi com mais força, a ponto de fazer a bebê começar a chorar. Astrid encarou o rosto da filha, percebendo que agora a bebê não a olhava com curiosidade, mas sim com medo.

Astrid não queria fazer aquilo, não queria ferir a própria filha, mas não conseguia se controlar. A sede por sangue era muito mais forte que qualquer coisa e por causa disso, inclinou a cabeça e mordeu o ombro da bebê.

Ao sentir o sangue em sua boca, o gosto ficou amargo e estranho. Ela tirou as presas do ombro de Camicazi e se afastou, vendo o bebê morto em suas mãos.

NÃO! – Astrid gritou ao mesmo tempo em que se sentava na cama.

Olhou ao redor, percebendo que estava em seu quarto e que tinha tido um pesadelo. Se levantou e correu até o quarto da filha, soltando um suspiro aliviado ao ver que a bebê estava dormindo.

Astrid levou uma das mãos até a testa de Camicazi, a acariciando.

Foi só um pesadelo. Só isso. – Falou séria para si mesmo.

Astrid passou a língua nas presas, sentindo-as crescer, ao mesmo tempo em que a sede aumentava.

Fazia apenas algumas horas desde que havia se alimentado pela última vez, ainda assim, sentia sede como se estivesse há semanas sem uma gota sequer de sangue.

Todo o seu corpo pedia por sangue, estava a ponto de enlouquecer e sabia que teria que se alimentar, caso contrário poderia machucar a filha.

Eu vou ter que sair, meu amor, preciso de sangue para não correr o risco de te machucar. Não queria te deixar sozinha, mas não tem ninguém com quem eu possa deixá-la. Por favor, aguente só algumas horas, eu prometo que volto logo.

Astrid inclinou a cabeça, dando um beijo na testa de Camicazi, em seguida, saiu do quarto, fechando a porta atrás de si.

Enquanto andava até a entrada da casa, Astrid olhou para o jardim, para o local de terra remexido, onde havia enterrado os pais. Ainda não acreditava que tinha sido a responsável pela morte deles.

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