1. capítulo cinco

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(capítulo revisado)

ㅤㅤㅤQuando a notícia de que havia policiais no pátio se espalhou entre os alunos, os professores perderam o controle sobre os mesmos. Todos estavam curiosos e, em pouco tempo, uma multidão se formou nas janelas das salas e na porta da frente. Cada um tentava de sua forma descobrir o que estava acontecendo, buscando agarrar informações no ar enquanto diversas teorias eram criadas. Nos corredores, os monitores tentavam em vão chamar a atenção e ameaçavam os estudantes com advertências que não pareciam intimidar.

ㅤㅤㅤEm meio ao amontoado de gente, Alice acabou se separando de Lucas. Não conseguia lembrar se tinha soltado sua mão em uma tentativa de sair dali ou se havia sido ele. De qualquer forma, algo estava errado e ela pressionava as unhas contra as palmas da mão. O que você ainda está fazendo aqui? Alguém sussurrava que três policiais haviam entrado.

ㅤㅤㅤEsperaram mais um pouco, disfarçando como se ainda estivessem em seus horários de almoço, até que finalmente o desfecho começou a se desenrolar. Todos estavam atentos. Shock, Lock e Barrel riam baixo entre si, cobrindo os rostos dos policiais que retornavam acompanhando o chefe da equipe de limpeza; um grupo ao seu lado comentou que ele fazia metanfetamina na sala de manutenção com os equipamentos de química.

ㅤㅤㅤMas então, como um band-aid sem cola, o rosto de Shock caiu quando a policial virou a cabeça em sua direção e os olhares se encontraram por acidente.

ㅤㅤㅤAh, não.

ㅤㅤㅤAs sobrancelhas da mulher se ergueram, incrédulas.

ㅤㅤㅤNão, não, não.

ㅤㅤㅤAlice desviou o olhar como se não tivesse visto e virou de costas, tentando se espremer entre os estudantes para sair despercebida.

ㅤㅤㅤ— Alice Taylor.

ㅤㅤㅤA voz soou firme, cortando os cochichos como uma lâmina e o silêncio se estabeleceu.

ㅤㅤㅤAlice apertou os olhos com força, torcendo para que isso fosse o suficiente para transportá-la para outro lugar. Pensando bem, um sanduíche de bacon cairia muito bem. Quando abrisse os olhos, estaria em uma lanchonete engordurada com seu lanche preferido em mãos, bem longe dali... Mas as coisas não funcionavam assim.

ㅤㅤㅤEla era culpada por interromper um belíssimo espetáculo, como se tivesse tropeçado nos aparelhos de som e quebrado a harmonia das cenas. Todas as cabeças se voltaram em sua direção, e a plateia curiosa se espremeu para abrir o caminho entre elas. Por um minuto, Alice era o maldito Moisés abrindo o mar.

ㅤㅤㅤContinuava exatamente igual: os cabelos castanhos tão claros que quase pareciam loiros, puxados em um rabo de cavalo alto e impecável. O distintivo brilhava pendurado em uma corrente ao redor do pescoço, um lembrete de sua autoridade. Os olhos se encontraram com a expressão rígida que a aguardava, e Alice abriu um sorrisinho discreto, cínico.

ㅤㅤㅤ― Acabou o show, pessoal. ― A voz grave de um dos policiais soou, dispensando a multidão. — Voltem para suas aulas.

ㅤㅤㅤOs alunos começaram a se afastar devagar, mas os olhares persistiam enquanto fofocavam entre si. Alice permaneceu imóvel, apesar de sua expressão calma, o coração batia acelerado em seu peito.

ㅤㅤㅤUma viatura se retirou pouco tempo depois, levando o homem preso - mais tarde, descobriram que, em sua casa, havia centenas de fotos e arquivos no computador envolvendo menores de idade; enquanto a outra permaneceu estacionada na frente da escola e o parceiro dela esperava no banco do motorista.

ㅤㅤㅤElas se encararam em silêncio até ficarem completamente sozinhas. Alice sentia-se inquieta. Não havia como fugir do peso daquele olhar que ela conhecia muito bem.

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